Alimentos

Hambúrguer vegetariano na União Europeia poderá se chamar disco

20 out 2020, 16:23 - atualizado em 20 out 2020, 16:23
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O Parlamento Europeu vai votar nesta semana uma emenda que limitaria o uso de palavras como “hambúrguer” ou “salsicha” exclusivamente para rótulos de carne real (Imagem: Unsplash/@filipthedesigner)

Consumidores que compram carnes alternativas podem ver “discos” e “tubos à base de plantas” nas prateleiras europeias sob a proposta de impedir produtores de alimentos vegetais de usarem palavras mais tradicionais nas embalagens.

O Parlamento Europeu vai votar nesta semana uma emenda que limitaria o uso de palavras como “hambúrguer” ou “salsicha” exclusivamente para rótulos de carne real. Outra proposta exige uma maior restrição ao uso de termos como “cremoso” ou “estilo iogurte” para produtos sem leite.

A votação destaca o confronto na indústria de alimentos à medida que alternativas à carne e laticínios ganham popularidade. Produtores de carne argumentam que produtos à base de vegetais com rótulos que parecem tradicionais enganam os consumidores, levando-os a pensar que os substitutos são iguais aos reais.

Fabricantes de proteínas alternativas como Unilever, Beyond Meat e Oatly dizem que as propostas afetam o desenvolvimento de alimentos alternativos e confundem consumidores.

“Isso é pura proteção do mercado”, disse Jasmijn de Boo, vice-presidente da organização ProVeg International, por telefone. “Essas propostas têm a ver apenas com a proteção da indústria de carne.”

A demanda por proteínas alternativas disparou na Europa diante do maior interesse em saúde e bem-estar animal, além de preocupações ambientais, que têm reduzido o consumo de carne.

As vendas de substitutos de carne e laticínios tiveram crescimento de dois dígitos nos últimos anos. A Euromonitor International estima que o mercado de substitutos de carne na Europa quase dobrou, para US$ 1,9 bilhão nos últimos cinco anos.

A votação das emendas deve ocorrer provavelmente na sexta-feira, como parte de um pacote mais amplo de legislação agrícola da UE que também precisará da aprovação dos governos membros.

As propostas, apresentadas pela comissão de agricultura do Parlamento da UE, enfrentam resistência de alguns membros do parlamento que apresentaram suas próprias emendas, que diluiriam as restrições propostas.

Se aprovado, o projeto pode levar a palavras estranhas como “discos sem carne” e “tubos à base de plantas”, disse Elena Walden, gerente de políticas do Good Food Institute, que representa o setor de proteínas alternativas. Banir termos comuns como “hambúrguer vegetariano” pode causar confusão e contradizer as ambições ambientais da UE, afirmou.

Setor de carne

O setor de carne tradicional diz que palavras como presunto, salame e bife estão profundamente enraizadas na herança cultural da Europa, de acordo com carta aberta no mês passado de grupos incluindo o lobby agrícola Copa-Cogeca.

“O valor nutricional simplesmente não é o mesmo”, disse o secretário-geral do Copa-Cogeca, Pekka Pesonen, por telefone. “Precisamos assegurar que os consumidores recebam informações adequadas de acordo com as categorias que consomem.”

A França já proibiu termos de carnes em alimentos à base de plantas, enquanto os Países Baixos optaram por mantê-los. A UE proibiu o uso da palavra “milk” (leite) nos rótulos de bebidas vegetais, levando algumas empresas a optarem por “mylk”.

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