Hapvida (HAPV3) tomba mais de 40% após balanço do 3T25; o que desagradou o mercado?
As ações da Hapvida (HAPV3) iniciaram a sessão desta quinta-feira (13) com queda de 32,43%, a R$ 22,09, e logo após a abertura entraram em leilão por oscilação máxima.
Por volta de 10h35 (horário de Brasília), os papéis da operadora de saúde voltaram a ser negociados, com recuo de 34,81% e retornaram ao leilão na B3 — por cerca de 10 minutos. Às 11h40, HAPV3 liderava a ponta negativa do Ibovespa (IBOV) com baixa de 43,87%, a R$ 18,35.
O tombo é a reação do mercado ao balanço do terceiro trimestre (3T25). A Hapvida reportou um lucro líquido de R$ 338 milhões entre julho e setembro, alta de 4,1% em relação ao mesmo período do ano passado.
No período, o Ebitda (lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado totalizou R$ 746,4 milhões, diminuição de 2,1%. Sem efeitos não recorrentes.
A operadora também teve uma queima de fluxo de caixa livre de R$ 51,9 milhões no 3T25, pressionado pela piora do Ebitda. Já a receita líquida somou R$ 7,8 bilhões, aumento de 6,0% em relação ao apurado um ano antes.
A taxa de sinistralidade (MLR) subiu 1,4 ponto percentual, para 75,2%, motivada pelo aumento de ocorrências médicas.
Resultados ‘muito’ fracos
Os números da Hapvida no 3T25 decepcionaram os analistas, com destaque para a queima de fluxo de caixa livre no período.
Na avaliação do BTG Pactual, a operadora de saúde apresentou resultados “muito fracos”.
Para os analistas, o balanço aumentou o risco sobre a tese da companhia por uma combinação de fatores como: MLR “muito acima” do esperado, fluxo de caixa livre fraco, crescimento orgânico abaixo do esperado, despesas (SG&A) mais elevado, contingências maiores e múltiplos itens não recorrentes.
“Ao contrário do que o consenso vinha assumindo, achamos que é difícil esperar que as margens no próximo ano sejam muito superiores aos níveis atuais, já que uma boa parte dos desafios vistos no 3T deve persistir por algum tempo, como os custos relacionados às recentes aberturas de hospitais e as despesas de SG&A mais elevadas”, escreveram Samuel Alves e Maria Resende, em relatório.
O BTG Pactual, por sua vez, manteve a recomendação de compra, “mas com menor confiança”, na visão dos analistas, e reduziu o preço-alvo de R$ 67 para R$ 50 no fim de 2026 — o que representa um potencial de valorização de 52,9% sobre o preço de fechamento de ontem (12).
A Ágora Investimentos/Bradesco BBI afirmou que os resultados “reforçam um viés cauteloso para a tese, com baixa visibilidade sobre recuperação operacional e possível revisão negativa de lucros”.
“A deterioração da margem, geração de caixa negativa e aumento de passivos judiciais indicam desafios relevantes à frente”, afirmaram os analistas Marcio Osako e Larissa Monte, em relatório.
Para o Citi, os resultados foram “decepcionantes”, com o Ebitda “limpo” 29% abaixo das estimativas do banco. Os analistas Leandro Bastos, Renan Prata e Luís Felipe Terzariol destacaram que os indicadores operacionais mais fracos e fluxo de caixa negativo devem “alimentar revisões negativas e desestabilizar as expectativas” sobre a companhia.
Já o JP Morgan rebaixou a recomendação de compra para neutra e cortou o preço-alvo de R$ 52 para R$ 39 no fim de 2026 — o que ainda representa um potencial de valorização de 19,3% sobre o preço de fechamento de ontem (12).