Argentina

Hasta la vista, BC: Milei promete fechar o banco central da Argentina ‘mais cedo ou mais tarde’

14 jan 2024, 15:00 - atualizado em 12 jan 2024, 16:38
milei argentina banco central
Presidente Javier Milei defendia o fechamento do Banco Central da Argentina em sua campanha eleitoral. (Imagem: REUTERS/ Agustin Marcarian)

O presidente da Argentina, Javier Milei, voltou a bater em um assunto polêmico de sua campanha eleitoral: de fechar o Banco Central argentino.

Em entrevista à radio La Red, ao ser questionado sobre seu plano de dolarização do país, Milei disse que a autoridade monetária será fechada. “Mais cedo ou mais tarde, vou fechar o Banco Central”, disse.

Ele aproveitou para comentar que a inflação deve se manter alta por algum tempo até que haja o reajuste dos preços e do mercado. Milei também afirmou querer privatizar o Banco Nación e todas as empresas estatais.

Por um momento, aliados e eleitores se questionaram se esse plano de fechar o banco central tinha sido deixada de lado, uma vez que o presidente andou baixando o tom em relação ao seu discurso ultraliberal. Além disso, Santiago Bausili, escolhido por Milei para chefiar o BC, chegou a dizer que a instituição não seria fechada enquanto ele estivesse no comando.

O que acontece quando o governo fecha o banco central?

Os bancos centrais são responsáveis, além do controle monetário e taxas de juros, também da fiscalização do mercado financeiro e outras instituições bancárias. Sem um BC, o país não pode fixar taxas de juros, taxas de câmbio ou imprimir dinheiro.

As autoridades monetárias também contam com ferramentas que ajudam os países a passarem por crises e equilibrar a economia conforme o mercado internacional. Durante a pandemia e o início da guerra entre Ucrânia Rússia, por exemplo, os bancos centrais precisaram se mexer para amenizar o impacto nas economias locais.

Milei ainda quer acabar com o peso e dolarizar o país. Neste caso, as decisões monetárias ficariam por conta do Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos, que olha unicamente para os interesses econômicos do país norte-americano.

Vale destacar também que a União Europeia considera países sem uma fiscalização monetária como paraísos fiscais. Além disso, nem todas as tarefas do BC podem ser eliminadas. Por exemplo, a fiscalização do mercado financeiro precisa ser feita por alguém, nem que seja pela equipe econômica.

O presidente do Banco Central do Brasil, Roberto Campos Neto, destaca que com a dolarização, uma função do BC deixa de existir, mas um banco central tem o mandato de estabilidade da moeda e de estabilidade financeira.

“Isso significa que o BC faz função de conduta, supervisão e regulação financeira, que alguém tem que fazer”, disse durante um evento na semana passada. “Há também uma parte de controle de fluxos internacionais, de entrada e saída de moeda, independente da sua moeda”, completou.

Quais países não têm autoridade monetária?

De forma geral, os países que não contam com um banco central são pequenos em quesito populacional, é o caso de Micronésia, Andorra e Mônaco. No entanto, o Panamá também faz parte dessa lista, além de ter adotado o dólar como moeda oficial. Mas vale destacar que o país nunca chegou a ter um banco central, de fato.

No entanto, acabar com o banco central após uma dolarização não é regra. Países como Equador e El Salvador seguem com suas autoridades monetárias.

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Formada em Jornalismo pela PUC-SP, tem especialização em Jornalismo Internacional. Atua como editora-chefe no Money Times e já trabalhou nas redações do InfoMoney, Você S/A, Você RH, Olhar Digital e Editora Trip.
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