Commodities

Hedge do café protegerá produtor, mas melhora dos preços só no final do ano diminui volume

13 mar 2020, 16:06 - atualizado em 13 mar 2020, 16:27
Proteção contra a queda do café tem bons volumes de travamento futuro (Imagem: Victor Moriyama /Bloomberg)

No momento em que as mais importantes cadeias de commodities brasileiras observam os reflexos de sua dependência de um mundo comprador em convulsão, e cercado de incertezas sobre o quanto a pandemia do coronavírus vai subtrair do fluxo de comércio e das cotações, a questão do hedge assume maior importância.

No café, como nas demais setores de importância do agronegócio nacional – soja, milho, algodão e açúcar, além das carnes, que não são commodities -, as travas futuras são parte essencial do negócio em um percentual substancial da produção.

A proteção antecipada alivia as pressões dos exportadores sob o risco de assumirem vendas precificadas em mercados futuros de alta instabilidade – e em viés de baixas – como os atuais. E sem compradores.

Mas se os preços do café estivessem melhores antes dos avanços do último bimestre de 2019, o volume poderia ser maior, avalia Marcus Magalhães, CEO da Maros Corretora e da MM Cafés, do Espírito Santo. Ele calcula em torno de 30% do total da safra brasileira hedgeada nos “futurões para liquidação financeira a partir de maio”.

“Como os preços melhoram só no final do ano, os exportadores tiverem pouco tempo hábil para abrirem posições vendidas”, analisa Magalhães.

Na Cooxupé, maior cooperativa e exportadora do Brasil, Lúcio Dias, superintendente comercial, já tem contabilizado a venda assegurada de pouco acima de 50% do café a ser embarcado. Da safra projetada de 6,8 milhões de sacas, as exportações devem chegar a pouco mais de 5 milhões. A colheita começa em maio.

“O hedge é simples e seguro para quem faz bem feito. É a combinação da venda do diferencial para torrador e dealer e a venda de moeda e futuro”, conta Dias, lembrando que esses “futuros” também são feitos com bancos.

Lúcio Dias e Marcus Magalhães pensam, contudo, que os custos da safra foram cobertos e ajudará a manter o mercado firme, porquanto o produtor não terá necessidade de vender se os preços caírem. Inclusive o executivo da Cooxupé vê os defensivos e adubos caindo com o petróleo também mais baixo.

A produção prevista pelo IBGE de 57 milhões de sacas (3,4 milhões de toneladas), alta de 14% sobre a última. No café robusta, onde os futuros são menos operados – Magalhães acredita em no máximo 5% da futura colheita – a previsão de safra é de quase 15 milhões/t (menos 4%), igualmente segundo o IBGE.

Tanto no arábica quanto no conilon há um volume também de hedge sob barter, com as indústrias de insumos que antecipam as necessidades dos produtores para entrega futura do produto.

 

Repórter no Agro Times
Jornalista de muitas redações nacionais e internacionais, sempre em economia, após um improvável debut em ‘cultura e variedades’, no final dos anos de 1970, está estacionado no agronegócio há certo tempo e, no Money Times, desde 2019.
Jornalista de muitas redações nacionais e internacionais, sempre em economia, após um improvável debut em ‘cultura e variedades’, no final dos anos de 1970, está estacionado no agronegócio há certo tempo e, no Money Times, desde 2019.
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