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Hedge fund redobra apostas em ações de mercados emergentes

23 set 2020, 15:48 - atualizado em 23 set 2020, 15:48
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“Estamos otimistas com a trajetória dos mercados emergentes”, disse Akay em entrevista (Imagem: Reuters/Brendan McDermid

Na última década, ações de mercados desenvolvidos apresentaram, na maior parte, retornos superiores aos de emergentes. Mas o Carrhae Capital acha que a maré está virando. O hedge fund tem a Blackstone entre os investidores e registrou os melhores retornos em ações de mercados emergentes entre seus pares neste ano.

Ali Akay, diretor de investimentos do Carrhae, com sede em Londres, espera que os retornos de ações de países em desenvolvimento superem os dos EUA e da Europa. Os mercados emergentes não se beneficiaram totalmente das baixas taxas de juros na última década, e o potencial para mais estímulos, especialmente da China, deve fornecer algum suporte.

“Estamos otimistas com a trajetória dos mercados emergentes”, disse Akay em entrevista. “Os preços dos ativos não subiram tanto. Acabamos de passar por quase uma década de desempenho inferior em relação aos ativos dos EUA.”

Embora o ritmo de recuperação das economias emergentes fora da China tenha sido fraco, o crescimento deve se acelerar a partir do segundo trimestre do próximo ano, pois bancos centrais sentirão pouca pressão para remover a política acomodativa, em particular com a persistente política de afrouxamento do Fed e dólar fraco, de acordo com o Morgan Stanley.

Como muitos dos bancos centrais já estão com taxas de juros baixas e, portanto, têm menos espaço para agir caso as economias continuem em crise, a China é o país que realmente importa, disse Akay.

A estratégia long-short (posições compradas e vendidas) do Carrhae Capital teve retorno de 9,5%, descontadas as taxas, neste ano até agosto, de acordo com a empresa. Com isso, é o fundo com foco em mercados emergentes de melhor desempenho entre aqueles com ativos de mais de US$ 250 milhões, de acordo com o provedor de dados Eurekahedge, com sede em Cingapura.

Gestores long-short compram ações com expectativa de valorização e fazem hedge dessas apostas com vendas de ações emprestadas que planejam comprar de volta a um preço mais barato.

A empresa, que administra cerca de US$ 540 milhões, também administra uma estratégia de long-only (apenas posições compradas), que retornou 12,7% nos primeiros oito meses do ano. Em comparação, o indicador de ações de países em desenvolvimento MSCI perdeu 1,2% no mesmo período.

O hedge fund ainda tem “exposição significativa” a ações de tecnologia chinesas, mesmo depois de reduzir algumas posições, disse Akay. O Carrhae comprou papéis de empresas de comércio eletrônico e de Internet da China e de outros mercados emergentes quando os preços despencaram em março na onda vendedora causada pelo coronavírus.

O fundo tem comprado ações de mineradoras de cobre e níquel, incluindo Vale e MMC Norilsk Nickel.