IA na defesa digital: o pronto-socorro invisível das finanças

A inteligência artificial se tornou peça-chave na proteção do setor financeiro. Com ataques cada vez mais sofisticados e a necessidade de respostas imediatas, cuidar da segurança deixou de ser uma tarefa operacional para se tornar um tema estratégico. Afinal, cada segundo pode representar milhões em perdas ou ganhos.
Bastou um minuto para que um gerente de banco transferisse US$ 35 milhões após cair em um golpe com voz clonada por IA. O episódio, ocorrido em 2021, mostra como esse tipo de recurso pode ser usado tanto para defender quanto para enganar. E evidencia que a velocidade na resposta é essencial.
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Hoje, falhas em aplicativos bancários custam caro. O custo médio de uma violação de dados no Brasil atingiu R$ 7,19 milhões em 2025, segundo relatório da IBM. O valor representa um aumento de 6,5% em relação ao ano anterior, quando o prejuízo médio era de R$ 6,75 milhões.
Nesse contexto, a IA tem sido adotada como aliada na triagem de ameaças. A Pesquisa Febraban de Tecnologia Bancária projeta mais de R$ 47 bilhões em aportes no setor em 2025, com foco em ambientes em nuvem, automação inteligente e práticas de segurança cibernética. Mais de 70% dos bancos já utilizam sistemas automatizados de detecção, com avanço no uso de modelos generativos, segundo o mesmo levantamento.
No entanto, o mesmo desenvolvimento que protege, também pode ser explorado por criminosos. A chamada Adversarial AI já permite criar campanhas de phishing, falsificar documentos e clonar vozes em segundos. Dados recentes da CrowdStrike indicam que o tempo médio para comprometimento total de um ambiente foi de apenas dois minutos e sete segundos em 2024.
Por isso, a proteção digital precisa deixar de ser tratada como custo e passar a ocupar lugar nas prioridades de investimento. Conselhos e lideranças devem estabelecer metas claras, como: identificar riscos em até 3 minutos; conter invasões em no máximo 30; destinar pelo menos 1% do Capex de TI para testes adversariais; manter políticas ativas de governança sobre modelos baseados em IA, com auditorias regulares. São medidas viáveis para organizações que desejam assumir protagonismo com responsabilidade.
O futuro da cibersegurança depende da combinação entre inteligência humana e capacidade computacional. Ferramentas não substituem estratégia, apenas a potencializam. O diferencial estará na habilidade de unir esses elementos com ética, processos bem definidos, acompanhamento constante e uma cultura organizacional comprometida com a proteção desde a origem.
Porque, no fim das contas, a IA não é vilã nem heroína. É uma engrenagem poderosa que, como qualquer recurso, reflete o modo como é utilizada.
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