Ibovespa cai com plano de contingência ao ‘tarifaço’ e tombo de CVC (CVCB3); dólar sobe a R$ 5,40

Depois de registrar fortes ganhos na véspera, o Ibovespa (IBOV) teve um dia negativo com pressão de dados do varejo, desvalorização das commodities e aumento das incertezas sobre o cenário fiscal com o pacote de contingência ao ‘tarifaço’ do governo federal. As perdas, porém, foram limitadas pelo desempenho de Wall Street.
Nesta quarta-feira (13), o principal índice da bolsa brasileira terminou o pregão com queda de 0,89%, aos 136.687,32 pontos.
Já o dólar à vista (USBRL) encerrou as negociações a R$ 5,4018, com alta de 0,27%.
No cenário doméstico, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou uma medida provisória que estabelece um conjunto de medidas para mitigar os impactos econômicos do tarifaço. O pacote inclui R$ 30 bilhões em linha de crédito, aportes de R$ 4,5 bilhões em diferentes fundos garantidores e até R$ 5 bilhões em créditos tributários a exportadores.
Também haverá uma prorrogação de um ano no prazo do mecanismo de “drawback” — regime aduaneiro que permite a suspensão ou isenção de tributos incidentes na aquisição de insumos usados na fabricação de produtos exportados.
O governo ainda anunciou uma ampliação do Regime Especial de Reintegração de Valores Tributários para as Empresas Exportadoras (Reintegra), com concessões de créditos tributários de até R$ 5 bilhões até dezembro de 2026.
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Altas e quedas no Ibovespa
Os balanços do segundo trimestre (2T25) continuaram a movimentar a carteira teórica do Ibovespa. Nesta quarta-feira (13), a MRV&Co (MRVE3) liderou os ganhos do principal índice da bolsa brasileira com salto de mais de 6%.
A construtora divulgou um prejuízo líquido ajustado de R$ 774,7 milhões no segundo trimestre, revertendo lucro de R$ 29,4 milhões apurado no mesmo período do ano passado, tendo as operações da subsidiária norte-americana Resia como principal fator para o resultado negativo.
Apesar do prejuízo consolidado, os analistas destacaram o forte desempenho da operação de incorporação no Brasil como principal gatilho para a alta das ações.
Já a ponta negativa do Ibovespa foi encabeçada por CVC (CVCB3), cujas ações caíram mais de 10% também em reação aos números trimestrais.
A companhia de turismo registrou um prejuízo líquido de R$ 46,4 milhões entre abril e junho, 109,4% maior do que o registrado no mesmo período de 2024. O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização, na sigla em inglês) ajustado ficou em R$ 92,3 milhões, alta de 28,3% no ano.
“Apesar do sólido crescimento de reservas e Ebitda — acima das nossas expectativas —, o prejuízo líquido acelerou em relação ao ano anterior — ficando abaixo das nossas estimativas —, principalmente impactado por resultados financeiros piores”, afirmaram os analistas Luiz Guanais, Yas Cesquim e Pedro Lima em relatório.
Entre os pesos-pesados, a Petrobras (PETR3; PETR4) fechou em queda mais uma vez pressionada pelo desempenho do petróleo Brent e Vale (VALE3) também encerrou em leve queda acompanhando a baixa do minério de ferro e um ambiente mais avesso ao risco.
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Os índices de Wall Street encerraram em forte alta, com os índices S&P 500 e Nasdaq renovando os recordes históricos.
Os investidores continuaram a precificar um corte de juros na próxima reunião do Federal Reserve (Fed, o Banco Central norte-americano). As apostas beiraram os 100% nesta quarta-feira (13), impulsionadas por novas declarações do secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent. Hoje, os juros estão na faixa de 4,25% a 4,50%.
Ele afirmou que vê espaço para uma redução de 50 pontos-base nos juros já no próximo mês com base nos números fracos de emprego. “Se tivéssemos visto esses números em maio, em junho, suspeito que poderíamos ter tido cortes nos juros em junho e julho. Portanto, isso me diz que há uma chance muito boa de um corte de 50 pontos-base” em setembro, disse Bessent em uma entrevista à Bloomberg.
“Os juros estão muito restritivos. Provavelmente, deveríamos estar 150 a 175 pontos-base mais baixo”, acrescentou.
O mercado também operou na expectativa do encontro entre os presidentes dos EUA, Donald Trump, e da Rússia, Vladimir Putin, previsto para a próxima sexta-feira (15) no Alasca.
Bessent também afirmou hoje que sanções ou tarifas adicionais podem aumentar caso a reunião não for “bem-sucedida”. No final da tarde, Trump ameaçou com “graves consequências” se bloquear a paz na Ucrânia, mas sem detalhes.
Confira o fechamento dos índices de Wall Street:
- Dow Jones: +1,04%, aos 44.922,27 pontos;
- S&P 500: +0,32%, aos 6.466,58 pontos — no maior nível nominal histórico;
- Nasdaq: +0,14%, aos 21.713,14 pontos — no maior nível nominal histórico.
Na Ásia, os índices fecharam majoritariamente em alta com o otimismo de corte nos juros nos Estados Unidos no próximo mês. Entre os principais índices asiáticos, o Nikkei, do Japão, renovou recorde histórico pela segunda sessão consecutiva e fechou com avanço de 1,30%, aos 43.274,67 pontos. O Hang Seng, de Hong Kong, teve ganho de 2,58%.
Na Europa, os mercados em tom positivo também acompanhando o desempenho de Wall Street. O índice pan-europeu Stoxx 600 fechou com alta de 0,54%, aos 550,85 pontos.