Ibovespa recua mais de 1% com impasse nas negociações entre Brasil e EUA; dólar cai a R$ 5,51

O Ibovespa (IBOV) devolveu os ganhos da véspera com incertezas sobre as negociações comerciais dos Estados Unidos com o Brasil.
Nesta quinta-feira (24), o principal índice da bolsa brasileira terminou o pregão com queda de 1,15%, aos 133.807,59 pontos.
Já o dólar à vista (USBRL) encerrou as negociações a R$ 5,5199, com baixa de 0,06%.
No cenário doméstico, os investidores operaram de olho no impasse nas negociações tarifárias entre o governo brasileiro e a Casa Branca.
A taxa de 50% sobre os produtos brasileiros à importação no território norte-americano começam a valer na próxima semana, em 1º de agosto, caso os países não cheguem a um acordo.
Hoje (24), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que o Brasil está pronto para negociar, caso o presidente dos EUA, Donald Trump, queira conversar.
Como alternativa, o governo brasileiro tem articulado um “plano de contingência”.
Em entrevista à Rádio Itatiaia, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad afirmou que o governo estuda uma série de medidas, inclusive linhas de crédito, e reiterou que o planejamento será apresentado ao presidente Lula na próxima semana.
O mercado também seguiu na expectativa pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), que será divulgado amanhã (25).
O índice, considerado a prévia da inflação, deve subir de 0,26% em junho para 0,31% neste mês, segundo a mediana das projeções coletadas pelo Money Times. Já no acumulado de 12 meses, o IPCA-15 deve avançar a 5,28%.
Altas e quedas no Ibovespa
A WEG (WEGE3) foi destaque entre as ações negociadas pela segunda vez consecutiva.
Os papéis da fabricante brasileira estenderam as perdas da véspera e lideraram a ponta negativa do principal índice da bolsa em continuidade à reação aos números do segundo trimestre (2T25). A ação também foi a mais negociada na B3 com quase 30 mil negócios.
Ontem (23), a companhia reportou um lucro líquido de 1,59 bilhão entre abril e junho, alta de 10,4% na comparação anual. O Ebitda (lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização) cresceu 6,5%, somando R$ 2,26 bilhões, com margem de 22,1%. Já a receita líquida avançou 10,1%, para R$ 10,21 bilhões.
Na avaliação dos analistas, a fabricante reportou um o crescimento mais fraco da receita, abaixo do consenso, e sinais de desaceleração em segmentos importantes, como geração eólica e projetos industriais. As incertezas tarifárias também continuaram a pesar sobre a ação.
As ações da Vale (VALE3) também figuraram na ponta negativa, acompanhando o desempenho do minério de ferro. Petrobras (PETR3;PETR4) também caiu e fechou na contramão do petróleo Brent.
A ponta positiva do Ibovespa foi liderada por GPA (PCAR3), Vamos (VAMO3) e Cosan (CSAN3), beneficiadas por movimento de recuperação da perdas recentes.
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Os índices de Wall Street fecharam sem direção única com as negociações tarifárias entre os Estados Unidos e os países parceiros, reação aos balanços corporativos, negociações comerciais e tensão entre o presidente Donald Trump e o presidente do Federal Reserve (Fed, o Banco Central dos EUA), Jerome Powell.
S&P 500 e Nasdaq renovaram os recordes históricos de fechamento pela segunda sessão consecutiva.
Os investidores esperam que um acordo entre os EUA e a União Europeia (UE) seja fechado até a próxima semana.
Em entrevista à CNBC, o secretário de Comércio norte-americano, Howard Lutnick , disse que a UE realmente quer fazer um acordo comercial. Ele ainda afirmou que as negociações com a Coreia do Sul estão em andamento.
No cenário corporativo, as ações da Alphabet (GOOG), dona do Google, fecharam com alta de quase 1% em reação aos números trimestrais, que vieram melhores do que o esperado. Já Tesla (TSLA) caiu 8% após os resultados.
Trump também visitou a sede do Fed. Essa é a primeira vez em quase duas décadas que um presidente faz uma viagem oficial ao BC.
Confira o fechamento dos índices:
- Dow Jones: -0,70%, aos 44.693,91 pontos;
- S&P 500: +0,07%, aos 6.363,35 pontos — no maior nível nominal;
- Nasdaq: +0,18%, aos 21.057,96 pontos — no maior nível nominal.
Na Ásia, os índices fecharam majoritariamente em alta, ainda refletindo o acordo comercial do Japão com os EUA. Entre os principais índices asiáticos, o Nikkei, do Japão, subiu 1,59%, enquanto o Hang Seng, de Hong Kong, teve ganho de 0,51%.
Na Europa, os mercados terminaram o pregão em tom misto com decisão do Banco Central Europeu (BCE) de manter os juros inalterados em 2% e as expectativas de um acordo entre a União Europeia e os EUA. O índice pan-europeu Stoxx 600 fechou com alta de 0,24%, aos 551,54 pontos.