Ibovespa cai 1% e fecha no menor nível em 4 meses com impasse tarifário entre Brasil-EUA; dólar sobe a R$ 5,58

O impasse nas negociações comerciais entre Brasil e os Estados Unidos pressionaram mais uma vez o Ibovespa (IBOV), mesmo com novos recordes em Wall Street.
Nesta segunda-feira (28), o principal índice da bolsa brasileira terminou o pregão com queda de 1,04%, aos 132.129,26 pontos — no menor nível desde março.
Já o dólar à vista (USBRL) encerrou as negociações a R$ 5,5899, com alta de 0,50%.
No cenário doméstico, as movimentações do governo nas negociações com a Casa Branca concentraram as atenções.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que reflita sobre a importância do Brasil e negocie as tarifas comerciais impostas ao país, em discurso durante cerimônia da inauguração de usina termelétrica a gás natural no Estado do Rio de Janeiro.
Os investidores também operaram à espera da decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central. A expectativa do mercado é de manutenção dos juros em 15% ao ano.
Na atualização mais recente, datada da última sexta-feira (25), a precificação das opções de Copom negociadas na B3 indicava 96,11% de chances de manutenção da Selic, contra 2,85% de probabilidade de nova alta de 25 pontos-base.
No Boletim Focus desta segunda-feira (28), os economistas ouvidos pelo BC cortaram a projeção para a inflação de 5,10% e 4,45% em 2025. A aposta para o câmbio também caiu de R$ 5,65 para R$ 5,60 em dezembro deste ano.
O BC ainda divulgou novos dados sobre o mercado de crédito. Segundo a autarquia, as concessões de crédito caíram 3,1% em junho ante maio, com recuo de 7,5% no segmento de empresas e alta de 1,4% para pessoas físicas.
Na avaliação do diretor de pesquisa macroeconômica para a América Latina do Goldman Sachs, Alberto Ramos, as condições de crédito no Brasil continuarão a enfrentar “ventos contrários nos próximos meses”.
Altas e quedas no Ibovespa
No Ibovespa, a ponta negativa foi liderada pelas companhias de varejo, pressionadas pela queda na concessão de crédito e avanço dos juros futuros. Vivara (VIVA3) figurou como a ação com pior desempenho da sessão, com baixa de mais de 5%.
Entre os pesos-pesados, o tom foi misto: Petrobras (PETR3;PETR4) subiu na esteira do petróleo Brent. O contrato mais líquido da commodity fechou em alta de 2,45%, a US$ 69,32 o barril na Intercontinental Exchange (ICE), em Londres, com novas ameaças de Trump à Rússia em prol de um cessar-fogo com a Ucrânia.
Já as ações da Vale (VALE3) caíram quase 1% em linha com o desempenho do minério de ferro.
A ponta positiva do Ibovespa foi liderada por São Martinho (SMTO3). Os papéis da companhia reagiram ao anúncio de pagamento de juros sobre capital próprio (JCP). Na noite da última sexta-feira (25), o conselho de administração aprovou a distribuição de R$ 150 milhões em JCP, equivalente a R$ 0,456512899 por ação.
O pagamento dos proventos será destinado aos acionistas com posição acionária em 30 de julho e as ações passam a ser negociadas ex-JPC no dia seguinte, 31.
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Os índices de Wall Street fecharam sem direção única com as negociações tarifárias entre os Estados Unidos e os países parceiros, balanços e expectativa para a decisão do Federal Reserve (Fed, o Banco Central dos EUA).
S&P 500 e Nasdaq, mais uma vez, renovaram os recordes históricos de fechamento.
Ontem (27), o presidente norte-americano, Donald Trump, anunciou um acordo tarifário com a União Europeia (UE). Os produtos produzidos por países-membros do bloco econômico serão taxados em 15%, além de compras de energia e equipamentos militares norte-americanos e US$ 6000 bilhões em investimentos da UE nos EUA.
Na ocasião, o chefe da Casa Branca também afirmou que não irá adiar o prazo para impor as tarifas de importação aos parceiros comerciais.
Até agora, os EUA firmaram acordos com Reino Unido, Japão, Indonésia e Filipinas, além da UE.
Já nesta segunda-feira (28), representantes comerciais dos EUA e da China retomaram as negociações, que devem continuar ao longo desta semana.
Confira o fechamento dos índices:
- Dow Jones: -0,14%, aos 44.837,56 pontos;
- S&P 500: +0,02%, aos 6.389,77 pontos — no maior nível nominal;
- Nasdaq: +0,33%, aos 21.178,58 pontos — no maior nível nominal.
Na Ásia, os índices encerraram a sessão sem direção única na expectativa de um acordo entre EUA e China. Entre os principais índices asiáticos, o Nikkei, do Japão, caiu 1,10%, enquanto o Hang Seng, de Hong Kong, teve ganho de 0,68%.
Na Europa, os mercados terminaram o pregão em queda com os investidores avaliando o acordo EUA-UE. O índice pan-europeu Stoxx 600 fechou com queda de 0,22%, aos 548,76 pontos.