Mercados

Ibovespa tem nova queda, mas sustenta os 138 mil pontos com Vale (VALE3); dólar cai a R$ 5,66

29 maio 2025, 17:27 - atualizado em 29 maio 2025, 17:51
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O Ibovespa estendeu as perdas da véspera com temor de derrota do governo sobre IOF e dados de desemprego e inflação (Imagem: REUTERS/Amanda Perobelli)

O Ibovespa (IBOV) teve mais uma sessão de perdas, na contramão das bolsas de Wall Street em dia movimentado por dados econômicos no Brasil, continuidade das discussões sobre o IOF e o vaivém do ‘tarifaço’ de Trump.

Nesta quinta-feira (29), o principal índice da bolsa brasileira fechou aos 138.533,70 pontos, com queda de 0,25%. 

Já o dólar à vista (USBRL) encerrou as negociações a R$ 5,6670, com queda de 0,50% ante o real. 

No cenário doméstico, os investidores reagiram a dados. O Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) contraiu 0,49% em maio, após uma alta de 0,24% no mês anterior e teve queda maior do que a esperada. Conhecido como a inflação dos aluguéis, o índice acumula alta de 7,02% em 12 meses.

Já a taxa de desemprego subiu para 6,6% no trimestre até abril, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O resultado é o mais baixo para o período na série histórica iniciada em 2012 e ficou bem abaixo da expectativa em pesquisa da Reuters de 6,9%. No mesmo período do ano anterior, a taxa de desemprego foi de 7,5%.

Durante o dia, o secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron, reafirmou que não há alternativa ao decreto de aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) e defendeu que a medida é necessária, considerando o volume de receitas estimadas, salvo se for encontrada outra solução com o mesmo impacto fiscal.

Já o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), disse que o “clima é para derrubada” da medida na Casa, acrescentando que combinou que “a equipe econômica tem 10 dias para apresentar um plano alternativo”, em publicação na rede social X.

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Altas e quedas no Ibovespa 

A Azul (AZUL4) continuou a dominar o noticiário corporativo pelo segundo dia consecutivo. Os papéis encerraram a sessão desta quinta-feira (29) com queda de mais de 9%, na liderança da ponta negativa do Ibovespa.

Os investidores acompanharam os desdobramentos do pedido de recuperação judicial (Chapter 11) nos Estados Unidos, anunciado ontem (28). Hoje foi o último dia de negociações da AZUL4 no Ibovespa. A B3 exclui os papéis de todos os índices a partir desta sexta-feira (30).

Já na ponta positiva do Ibovespa, Cosan (CSAN3) foi um dos destaques. O Bank of America (BofA) afirmou, em relatório, que a gestão de passivos da companhia e de sua controlada Raízen (RAIZ4) está em andamento e “no caminho certo”, e acredita que as empresas devem ter sucesso.

Para as analistas Isabella Simonato e Julia Zaniolo, a reestruturação de passivos está em grande parte concluída e o foco permanece na venda de ativos, o que pode ser um gatilho importante para destravar o valor das ações.

Entre os pesos-pesados, as ações da Petrobras (PETR3;PETR4) acompanhou o desempenho do petróleo, que caiu mais de 1%, e fechou em queda.

Vale (VALE3) fechou em leve alta com a recuperação do minério de ferro. O contrato mais líquido da commodity encerrou com alta de 1,29%, a 707 yuans (US$ 98,26) a tonelada de Bolsa de Dalian, da China. O BofA também reiterou a recomendação de compra para VALE3 com preço-alvo de R$ 12 —, após encontro dos analistas do banco com o CEO, Gustavo Pimenta, e o CFO, Marcelo Bacci, da mineradora.

“Mantemos nossa recomendação de Compra para a Vale, visto que o valuation descontado da empresa, combinado com sua análise bottom-up aprimorada, oferece margem de segurança suficiente para acomodar nossa visão mais cautelosa sobre o minério de ferro”, diz o relatório do banco divulgado nesta quinta-feira (29).

Exterior 

Nos Estados Unidos, os índices de Wall Street iniciaram a sessão com fortes ganhos, que foram reduzidos ao longo do pregão.

O principal destaque do dia foi o vaivém no ‘tarifaço’ do presidente Donald Trump. Ontem (28), o Tribunal de Comércio Internacional dos Estados Unidos decidiu que Trump extrapolou a sua autoridade ao usar a Lei de Poderes Econômicos de Emergência Internacional (IEEPA, na sigla em inglês) para impor as tarifas “recíprocas”, anunciadas em 2 de abril.

Na decisão, a Corte determinou a suspensão permanente da maioria das tarifas anunciadas e proibiu futuras modificações, concedendo ao governo 10 dias para formalizar o fim das medidas.

Já nesta quinta-feira (29), a Casa Branca recorreu à Corte de Apelações do Circuito Federal do país e no final da tarde, um tribunal federal de apelações do país restabeleceu o ‘tarifaço’ de Trump, atendendo o pedido do governo Trump.

Entre os dados, o Produto Interno Bruto (PIB) do país contraiu 0,2% na base anual no primeiro trimestre, de acordo com números ajustados pela sazonalidade e inflação divulgados pelo Departamento de Comércio do país nesta manhã. O número ficou 0,1 ponto percentual abaixo da estimativa inicial e melhor que a previsão do mercado de 0,4%.

Já os pedidos de seguro-desemprego aumentaram mais do que o esperado na semana passada, segundo o Departamento do Trabalho norte-americano.

Confira como fecharam os índices de Nova York:

  • Dow Jones: +0,28%, aos 42.215,73 pontos;
  • S&P 500: +0,40%, aos 5.912,17 pontos; 
  • Nasdaq: +0,39%, aos 19.175,87 pontos.

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Repórter
Jornalista formada pela PUC-SP, com especialização em Finanças e Economia pela FGV. É repórter do MoneyTimes e já passou pela redação do Seu Dinheiro e setor de análise politica da XP Investimentos.
liliane.santos@moneytimes.com.br
Jornalista formada pela PUC-SP, com especialização em Finanças e Economia pela FGV. É repórter do MoneyTimes e já passou pela redação do Seu Dinheiro e setor de análise politica da XP Investimentos.