Ibovespa sobe mais de 1% com disparada de RD Saúde (RADL3); dólar cai a R$ 5,46

No primeiro dia de ‘tarifaço’ dos produtos brasileiros, o Ibovespa (IBOV) teve mais uma sessão de ganhos, apoiado pelos balanços corporativos e a perspectiva de que o Brasil não deve retaliar as taxas de importação impostas pelos Estados Unidos.
Nesta quarta-feira (6), o principal índice da bolsa brasileira terminou o pregão com alta de 1,04%, aos 134.537,62 pontos.
Já o dólar à vista (USBRL) encerrou as negociações a R$ 5,4632, com baixa de 0,78%.
No cenário doméstico, a tarifa de 50% sobre os produtos brasileiros entrou em vigor nesta quarta-feira (6) — com exceções para quase 700 produtos listados pela Casa Branca.
Na expectativa de negociações com os Estados Unidos, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que o plano de contingência para mitigar o impacto do ‘tarifaço’ incluirá crédito para empresas e aumento de compras governamentais. Ele deve se reunir com o secretário do Tesouro norte-americano, Scott Bessent, na próxima semana.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva também disse que não pretende anunciar tarifas ‘recíprocas’ em retaliação ao ‘tarifaço’ e nem desistir das negociações comerciais, em entrevista à Reuters.
Altas e quedas no Ibovespa
A ponta positiva do Ibovespa foi liderada por RD Saúde (RADL3). As ações da companhia chegaram a saltar 20% durante a sessão em reação aos resultados do segundo trimestre de 2025 (2T25) e figuraram como os papéis mais negociados da B3.
A dona da rede de farmácias Raia e Drogasil reportou um lucro líquido ajustado de R$ 402,7 milhões no, um crescimento de 13% na comparação anual.
A companhia também apurou um Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado de R$ 885 milhões, avanço de 7,4% no trimestre comparado com o mesmo período do ano anterior.
“Os resultados do 2T25 confirmaram nossa visão de que o pior já passou e esperamos que o mercado reaja positivamente com uma melhor visibilidade dos lucros e espaço para revisões para cima, considerando os resultados mais fortes do 2T25”, afirmaram os analistas Marcio Osako e Larissa Monte da Ágora Investimentos/Bradesco BBI em relatório.
Já GPA(PCAR3) liderou a ponta negativa do principal índice da bolsa brasileira após a companhia reduzir o prejuízo líquido consolidado para R$ 216 milhões entre abril e junho, ante perda de R$ 332 milhões no mesmo período do ano passado.
O prejuízo, no entanto, foi pior do que o esperado pelo consenso do mercado. As estimativas reunidas pelo BTG Pactual apontavam para um número negativo em R$ 145 milhões.
Entre os pesos-pesados do Ibovespa, Itaú Unibanco (ITUB4) subiu mais de 1% também em reação ao balanço do 2T25. A Vale (VALE3) acompanhou a fraqueza do minério de ferro e fechou em leve queda; Petrobras (PETR3; PETR4) também terminou a sessão ‘no vermelho’ na esteira do petróleo Brent — que caiu mais de 1% com possíveis sanções dos EUA à Rússia no radar.
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Os índices de Wall Street recuperaram as perdas da véspera e fecharam em forte alta apoiada pela Apple e expectativas de corte nos juros no próximo mês.
As ações da Apple avançaram mais de 5% com possível aumento no investimento na produção. Segundo fontes da Casa Branca à mídia norte-americana, a fabricante de iPhones deve injetar US$ 100 bilhões — o que eleva o investimento total para US$ 600 bilhões nos próximos quatro anos nos EUA.
Os investidores também mantiveram as apostas de uma retomada do ciclo de cortes nos juros norte-americanos pelo Federal Reserve (Fed) em setembro, em temor de uma estagflação nos EUA. As taxas de juros estão na faixa de 4,25% a 4,50% ao ano.
Na questão tarifária, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou uma tarifa adicional de 25% sobre produtos da Índia, “punindo” o país por comprar petróleo russo. Segundo ele, o comércio do óleo russo financia a guerra contra a Ucrânia. Com a decisão, o país asiático será taxado pelos EUA em 50%.
A Casa Branca também informou que pretende anunciar sanções secundárias à Rússia na próxima sexta-feira (8).
Confira o fechamento dos índices de Wall Street:
- Dow Jones: +0,18%, aos 44.193,12 pontos;
- S&P 500: +0,73%, aos 6.345,06 pontos;
- Nasdaq: +1,21%, aos 21.169,42 pontos.
Na Ásia, os índices encerraram majoritariamente em alta. Entre os principais, o Nikkei, do Japão, subiu 0,60%, enquanto o Hang Seng, de Hong Kong, teve leve avanço de 0,03%.
Na Europa, os mercados fecharam sem direção única, em reação a balanços do 2T25, negociações comerciais com os Estados Unidos e a ameaça tarifária de Trump ao setor farmacêutico. Em destaque, o presidente e o ministro da economia da Suíça se reuniam com autoridades do governo dos EUA em uma tentativa de reduzir as tarifas de 39% impostas pelo presidente Trump.
O Stoxx 600 terminou o dia com queda de 0,06%, aos 541,07 pontos.