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Ibovespa fecha acima de 119 mil pontos pela 1ª vez com disparada dos bancos

23 jan 2020, 18:44 - atualizado em 23 jan 2020, 19:13
Mercados Ibovespa
O Ibovespa subiu 0,96%, a 119.527,63 pontos (Imagem: REUTERS/Amanda Perobelli)

O Ibovespa ganhou fôlego à tarde e fechou acima dos 119 mil pontos pela primeira vez nesta quinta-feira, embalado pela forte valorização das ações do setor financeiro, com Banco do Brasil à frente, avançando mais de 5%.

Ibovespa (IBOV) subiu 0,96%, a 119.527,63 pontos, nova máxima de fechamento. O volume financeiro somou 25,3 bilhões de reais.

De acordo com o analista Régis Chinchila, da Terra Investimentos, a reação do Ibovespa reflete principalmente a recuperação dos papéis de bancos, após quedas recentes, que deixaram os preços mais atrativos.

“Hoje é o dia da vingança dos bancos… Ficaram baratos em termos relativos e absolutos. Atraíram demanda. Bancos são cíclicos locais e acabaram ficando muito para trás e com técnico saudável”, afirmou no Twitter o estrategista Dan Kawa, sócio na Tag Investimentos.

O setor vem sendo pressionado por receios sobre mudanças regulatórias e aumento da competição. Mas nesta sessão foram à forra.

Até a véspera, Itaú Unibanco, o maior banco privado do país, acumulava no ano queda de cerca de 9%, contra alta de mais de 2% do Ibovespa.

De acordo com o diretor de operações da Mirae Asset, Pablo Spyer, citando consulta a tesourarias de bancos, houve fluxo de compra por investidores estrangeiros, em busca de ações de primeira linha, em especial bancos.

O analista Régis Chinchila, da Terra Investimentos também chamou a atenção para a proximidade da safra de balanços no Brasil, que pode gerar mais interesse de compradores para o médio prazo. A Cielo abre a agenda das empresas do Ibovespa na próxima semana.

Para a equipe da XP Investimentos, a temporada deve mostrar bons resultados, apesar da recuperação econômica ainda gradual, dada a evolução positiva de indicadores que impactam diretamente as empresas, como quadro ainda confortável para a inflação e cenário de juros baixos com Selic em 4,5% no final do trimestre.

Nesse contexto, ajudaram comentários do presidente do Banco CentralRoberto Campos Neto, ao Valor Econômico, de que a inflação mais alta de 2019 não influenciou a tendências de preços e que os núcleos dos índices têm permanecido relativamente estáveis.

O fôlego na bolsa paulista também foi endossado pela melhora externa, após a Organização Mundial de Saúde (OMS) afirmar que o novo coronavírus que surgiu na China e se espalhou para vários outros países ainda não constitui uma emergência internacional, mas está acompanhando sua evolução “a cada minuto”.

Em Wall Street, o S&P 500 teve alta de 0,11%.

Mais cedo, o Ibovespa chegou a cair 1,25% no pior momento, pressionado pela cautela com o novo vírus na China, em especial possíveis implicações da doença sobre a economia global.

Destaques

Banco do Brasil (BBAS3) subiu 5,6%, em sessão de recuperação nas ações de bancos e na esteira de reportagem do Valor Econômico de que o BB deve escolher um parceiro para a gestora de fundos da instituição, a BBDTVM, até a junho. Itaú Unibanco (ITUB4) avançou 2,37% e Bradesco (BBDC4) ganhou 2,64%. No ano, esses papéis acumulam perdas de cerca de 3%, 7%, e 4%, respectivamente.

B3 (B3SA3) apreciou-se 2,53%, seguindo endossada por expectativas favoráveis para o mercado de capitais brasileiro diante do cenário de juros baixos no país e previsões de retomada da economia nacional, o que deve se refletir em aumento nos volumes negociados na operadora de infraestrutura de mercado.

Ambev (ABEV3) caiu 2,1%, tendo de pano de fundo comentários do ministro da Fazenda, Paulo Guedes, em Davos, de que pediu à sua equipe estudos para a criação de um imposto sobre ‘pecados’, mencionando cigarros, bebidas alcoólicas e alimentos com adição de açúcar como potenciais alvos.

Braskem (BRKM5) avançava 7,26%, na sexta alta seguida, ampliando os ganhos de janeiro para cerca de 28%, após terminar 2019 com declínio de 35%. A recuperação coincide com o acordo assinado entre a petroquímica e autoridades em Alagoas, que, entre outros pontos, garantiu a restituição de 2 bilhões de reais ao caixa da companhia. A Empíricus recomendou a compra das ações em relatório a clientes.

Vale (VALE3) caía 1,42%, contaminada pelo declínio dos preços do minério de ferro na China.  Ações de mineração e siderurgia, contudo, mostraram comportamento divergente, contrabalançando o efeito externo e apostas de reajuste nos preços do aço no Brasil. Usiminas (USIM5) subiu 2,1%, enquanto CSN (CSNA3) perdeu 1,2% e Gerdau (GGBR4) ganhou 0,41%.

Petrobras (PETR4) avançou 1,06%, enquanto Petrobras (PETR3) subiu 0,68%, apesar do declínio do petróleo no exterior e da oferta secundária de ações ordinárias da empresa que deve ser precificada em 5 de fevereiro.

Gol (GOLL4) valorizou-se 5,03%, no segundo pregão seguido de recuperação, após perda de quase 3% na terça-feira, ampliando a alta acumulada no mês para mais de 5%. A fraqueza do dólar em relação ao real e o declínio dos preços do petróleo colaboravam com a alta. Azul (AZUL4) ganhou 2,7%.

Hering (HGTX3) perdeu 2,2%, ainda pressionada por resultados decepcionantes de vendas no quarto trimestre. Também repercutiu o anúncio da Verde Asset de que vendeu ações da varejista, passando a deter o equivalente a 3,30% das ações da companhia.

Oi (OIBR3), que não está no Ibovespa, disparou 9,18% em meio a especulações relacionadas à venda de sua participação na angolana Unitel. De acordo com o colunista Lauro Jardim, de O Globo, a petrolífera Sonangol, também de Angola, pagará 1 bilhão de dólares pela fatia de 25% da Oi na Unitel. Procurada pela Reuters, a Oi disse que não comentaria a notícia.

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