Ibovespa: Credit Suisse pode levar índice a perder os 100 mil pontos?

O Ibovespa desaba nesta quarta-feira refletindo a aversão ao risco que tomou os mercados mundiais depois que o acionista de um dos maiores bancos europeus, o Credit Suisse, se negou a elevar a participação no banco. Por volta das 12h46, o índice exibia queda de 1,57%, a 101.376 pontos. Em Wall Street:
A crise do Credit Suisse se soma a quebra do banco Silicon Valley Bank, aumentando os receios de uma crise financeira tal qual vivemos em 2008. Na Europa, as ações do banco recuavam cerca de 30%, renovando mínimas históricas.
“Movimento bem clássico de aversão ao risco. É algo que preocupa bastante por conta dos Estados Unidos. Crise bancária começa com uma crise de confiança e depois vira uma crise real. O Fed foi rápido dos Estados Unidos, se não a coisa teria sido pior”, discorre Thalles Franco, sócio e gestor de renda variável na RPS Capital.
Além disso, ele diz que a crise no banco suíço preocupa mais do que o que aconteceu nos Estados Unidos. “O BCE tem menos bala que o Fed para controlar”, diz.
Na visão de Gustavo Cruz, estrategista chefe da RB Investimentos, o mercado só terá uma visão clara sobre o ocorrido depois que os bancos centrais se posicionarem.
“Os BCs podem cometer dois erros: um é apertar demais e provocar uma crise maior. O segundo é ser precipitado e deixar inflação voltar a subir. Saíram dados da Espanha e na França que a inflação voltou a reagir”, discorre.
Para Luis Novaes, analista da Terra Investimentos, apesar das medidas visando aumentar a liquidez no sistema financeiro americano, os investidores ainda temem que os problemas de liquidez sofrido pelos bancos regionais se proliferem aos grandes bancos e gerem um colapso no mercado financeiro.
“É incerto o que o FED irá fazer, havia grande expectativa de que a autoridade monetária manteria sua postura contracionista, as medidas com objetivo de aumentar a liquidez do sistema bancário (BTFP) corroboram com essa visão, pois evitaria o colapso de bancos mais expostos ao risco de flutuação dos juros. Entretanto, os dirigentes podem observar o momento como propício para interromper o ciclo de alta e preservar a economia de novos danos a custo de uma inflação maior”, argumenta.
Ibovespa pode perder os 100 mil pontos?
A equipe do Itaú BBA destaca que o Ibovespa segue firme na região de suporte entre 103.100 e 101.600 pontos e sem forças para reagir.
“Se perder este nível, um novo impulso para baixo é esperado, podendo levar o índice a patamares como 97.000 e 95.200 pontos”, calculam.
Além disso, a pressão aumentou nos mercados, após os dados do “payroll” divulgado nos EUA na última sexta-feira.
“Os índices americanos perderam suportes e entraram em tendência de baixa, marcando uma dobradinha. Tendências de curto e médio prazo, agora, estão em baixa por lá”, afirmam.