Ibovespa

Ibovespa deve atingir os 190 mil com eleições e cortes na Selic, diz JP Morgan 

04 dez 2025, 13:09 - atualizado em 04 dez 2025, 13:09
ibovespa bolsa barata
(Imagem: iStock)

O Ibovespa (IBOV) tem renovado recordes históricos nos últimos dias e alcançou os inéditos 164 mil pontos nesta quinta-feira (4), em meio a retomada do apetite ao risco na reta final do ano. Até agora, o principal índice da bolsa brasileira acumula valorização de mais de 36%.  

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E, já de olho em 2026, o JP Morgan vê espaço para novas máximas históricas: no cenário-base do banco, o Ibovespa deve bater os 190 mil pontos – o que representa um potencial salto de 18% sobre os níveis atuais.  

O afrouxamento da política monetária deve ser um dos gatilhos para altas no mercado brasileiro no próximo ano. Nas contas do JP Morgan, o Banco Central (BC) deve iniciar o ciclo de cortes na Selic em março com redução de 0,50 ponto percentual, mas não descarta um corte nos juros já em janeiro.

Os economistas, por sua vez, estimam redução de 3,50 a 4,00 pontos percentual na taxa de juros ao longo de 2026, o que levaria a Selic a encerrar o ano em 11,00% ao ano – próximo da estimativa do mercado de 12,00% ao ano, segundo o mais recente Boletim Focus, divulgado pelo BC na última segunda-feira (1º).  

“O Brasil provavelmente realizará a maior flexibilização do mundo em 2026”, afirmam os estrategistas de mercados emergentes Rajiv Batra, Emy Cherman, Anindita Gandhi e David Aserkoff, em relatório. 

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“No entanto, esta é a primeira vez que o banco central flexibilizará durante um ciclo eleitoral, quando a volatilidade tende a ser muito alta”, acrescentam.  

Eleições: o principal gatilho para o Ibovespa  

O JP Morgan vê as eleições presidenciais como o “principal gatilho” para ativos brasileiros.  

“Um ambiente de taxas de juros mais baixas não irá durar muito se a política fiscal, a partir de 2027, não representar uma completa ruptura com relação ao que ocorreu nos últimos três anos”, avalia o banco. “Dessa forma, o resultado da eleição [de 2026] importa.” 

Os estrategistas do JP Morgan destacam que o Brasil tem uma combinação de política monetária apertada e fiscal muito frouxa desde 2023, e o resultado tem sido taxas reais acima de 10% e um déficit orçamentário de 9,1% do PIB – o mais alto entre os mercados emergentes (ME).  

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Eles ainda chamam a atenção para o aumento de cerca de 20% dos gastos durante a gestão Lula 3, que levou a relação dívida/PIB disparar em mais de 10% do PIB e estando agora perto de 80% – também uma das mais altas entre os pares emergentes.  

“Claramente, essa combinação está levando a um crescimento pífio, subinvestimento e um mercado muito mais cíclico do que deveria ser. É aqui que as eleições de outubro entram em jogo: elas têm o potencial de realinhar a política macroeconômica, permitindo que o Brasil se torne um mercado mais fundamental em vez de um de trading”. 

Eleição “binária”  

Para o JP Morgan, o mercado já está “muito atento” à eleição, mas a expectativa é de que os candidatos sejam definidos entre março e abril. O banco já prevê uma eleição “binária” com uma disputa acirrada.  

“A volatilidade do mercado será imensa e a ação dos preços provavelmente oscilará de pesquisa para pesquisa. Nosso trabalho recente mostra que os mercados brasileiros tiveram um desempenho negativo em relação a EM nos 6 meses antes da eleição em todas as eleições deste século”, diz o relatório.  

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No campo da esquerda, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) busca um quarto mandato. “Perdeu muita popularidade no início do ano, mas recuperou terreno importante após a disputa tarifária com os Estados Unidos, que reposicionou a temática de Lula em termos de defesa da soberania nacional. O Presidente Lula hoje lidera as pesquisas em todos os cenários”, afirmaram os estrategistas.  

O campo da oposição, por sua vez, está mais dividido. O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos) é o mais provável candidato da direita, na avaliação do mercado, mas ele ainda não anunciou a intenção de concorrer à presidência.  

O banco destaca ainda que Tarcísio está buscando o endosso formal do ex-presidente Jair Bolsonaro, que ainda tem capital político significativo, com cerca de 15% das intenções de voto.  

A equipe do JP Morgan também afirma que ainda existe a possibilidade de que Bolsonaro, que está cumprindo uma pena de prisão de 27 anos, dê seu apoio a um membro da família, seja sua esposa Michelle Bolsonaro (PL) ou um de seus filhos. 

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O que esperar do mercado brasileiro

Os estrategistas do JP Morgan reconhecem que o Brasil é um dos poucos mercados emergentes que ainda estão em um nível descontado em relação à média histórica e com o múltiplo de preço sobre lucro (P/L) muito mais baixo do que os pares emergentes.

“Sete de dez setores ainda estão sendo negociados abaixo de suas próprias médias, bem como a de emergentes e de mercados globais”, avaliaram.

Para a equipe, os lucros das empresas tendem a ser pressionados por um ritmo de crescimento econômico menor em 2026, com uma desaceleração da economia de cerca de 2% para próximo a 1%, ainda que os custos de financiamento mais baixos provenientes do afrouxamento das taxas possam melhorar os resultados ao longo do ano.

Sendo assim, o banco acredita que o mercado brasileiro “provavelmente” atingirá um pico entre o primeiro e o segundo trimestres, quando o afrouxamento monetário estará em andamento tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos.  

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Nesse período, eles também consideram que a eleição ainda estará “distante”, mas “um pouco mais palatável” com a definição dos candidatos à presidência.  

Depois disso, o banco espera um desempenho mais limitado e, no melhor cenário, grandes movimentações após as eleições – que acontecem em outubro. Para o JP Morgan, em caso de troca de poder, o Ibovespa pode atingir os 230 mil pontos em 2026 – no cenário mais otimista. 

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Repórter
Jornalista formada pela PUC-SP, com especialização em Finanças e Economia pela FGV. É repórter do MoneyTimes e já passou pela redação do Seu Dinheiro e setor de análise politica da XP Investimentos.
Jornalista formada pela PUC-SP, com especialização em Finanças e Economia pela FGV. É repórter do MoneyTimes e já passou pela redação do Seu Dinheiro e setor de análise politica da XP Investimentos.
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