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Ibovespa tem semana negativa com receios sobre PIB e riscos político-fiscais no Brasil

20 ago 2021, 17:12 - atualizado em 20 ago 2021, 18:06
Ibovespa
Nesta sessão, o Ibovespa subiu 0,76%, a 118.052,77 pontos (Imagem: REUTERS/Amanda Perobelli)

O Ibovespa (IBOV) fechou em alta nesta sexta-feira, no segundo dia seguido de trégua, mas teve performance negativa na semana, em meio a receios com um eventual começo da redução de estímulos monetários nos Estados Unidos e a retomada econômica mundial.

A ata da última reunião do banco central norte-americano mostrou na quarta-feira que membros do Federal Reserve esperam dar início à redução de estímulos ainda neste ano, começando a reduzir seu programa de compra de títulos, provocando ajustes relevantes em ativos de risco como ações.

Em paralelo, dados chineses mostraram no começo da semana que o crescimento da produção industrial e das vendas no varejo desacelerou com força em julho, corroborando preocupações com a retomada econômica global, em um momento no qual crescem os casos de Covid-19 no mundo com a disseminação da variante Delta.

No caso das commodities, particularmente o minério de ferro, que despencou 8% na semana, também pesaram perspectivas de menor consumo em meio a decisões da China de limitar a produção de aço neste ano, e aumento de oferta esperado por mineradoras locais, pelo Brasil e por países não convencionais no setor.

O cenário político brasileiro também pesou, com agentes financeiros cada vez mais aflitos com o risco de interesses eleitorais prevalecerem sobre a racionalidade econômica, com efeitos principalmente no desempenho fiscal.

A votação da reforma do Imposto de Renda foi adiada, não houve avanços em relação à PEC dos Precatórios e o presidente Jair Bolsonaro seguiu atacando ministros do STF, mantendo elevada a tensão entre os Poderes. E a popularidade do presidente continuou piorando.

Apesar de o mercado ter estado mais calmo nesta sexta-feira em relação aos últimos dias, a avaliação do economista da VLG Investimentos, Leonardo Milane, é de que permanece no ar a apreensão com “toda essa lambança política com impacto fiscal”.

No cenário corporativo, terminada a temporada de balanços, analistas avaliaram positivamente de modo geral os números do segundo trimestre, com a maioria das companhias avaliadas trazendo resultados em linha ou acima das expectativas.

Nesta sessão, o Ibovespa subiu 0,76%, a 118.052,77 pontos, mas acumulou perda de 2,59% na semana. Em agosto, contabiliza perda de 3,08% No ano, a queda agora é de 0,81%.

O índice Small Caps avançou 1,58%, a 2.834,50 pontos, mas com recuo de 1,17% na semana. No mês, perde 4,32%, mas em 2021 ainda tem acréscimo de 0,43%.

O giro financeiro na bolsa somou 30,6 bilhões de reais nesta sexta, dia de vencimento dos contratos de opções sobre ações.

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Destaques do Ibovespa do Acumulado do Mês:

CPFL Energia (CPFE3) sobe 10,78%, ainda embalada pelo salto de 143,6% no lucro do segundo trimestre, para 1,126 bilhão de reais, em meio à retomada no consumo de eletricidade no país.

O índice do setor elétrico na B3 tem até agora a melhor performance entre os índices setoriais da bolsa em agosto.

Copel (CPLE5) avança 9,64%, tendo de pano de fundo anúncio de novo Programa de Demissão Incentivada com a venda da Copel Telecom, negócio que estimou que terá um positivo de cerca de 1,2 bilhão de reais no terceiro trimestre.

A elétrica do Paraná também disse que o governo do Estado quitou o saldo da Conta de Resultados a Compensar, de 1,4 bilhão de reais. Ainda no radar está a privatização de sua unidade de gás Compagas.

Lojas Americanas (LAME3) perde 21,16%, ainda sofrendo com ajustes no valor do papel após a combinação de parte de ativos com a B2W, que resultou na Americanas.

Nos últimos pregões, a divulgação do balanço do segundo trimestre, bem como ruídos e anúncio de aquisição pela Americanas, previsão de sinergias com a fusão e programa de recompra de ações.

Americanas (AMER3) mostra declínio de 16,62%.

Qualicorp (QUAL3)  recua 20,08%, ainda na esteira da queda do lucro do segundo trimestre, com piora em margens, enquanto o crescimento da receita líquida veio às custas de maiores despesas com itens como marketing.

A companhia também anunciou recentemente a aquisição de 100% do capital do Grupo Elo por 129,5 milhões de reais.

Veja o comportamento dos principais índices setoriais na B3 no acumulado do mês:

– Índice financeiro: -4,04%

– Índice de consumo: -0,63%

– Índice de Energia Elétrica: +2,71%

– Índice de materiais básicos: -6,89%

– Índice do setor industrial: -1,11%

– Índice imobiliário: -8,25%

– Índice de utilidade pública: +2,43%

reuters@moneytimes.com.br