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Ibovespa fecha em alta e caminha para melhor novembro desde 1999

27 nov 2020, 18:24 - atualizado em 27 nov 2020, 19:09
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O Ibovespa subiu 0,32%, a 110.575,47 pontos, acumulando alta de 4,28% na semana (Imagem: B3/Divulgação)

O  Ibovespa (IBOV) engatou a quarta semana consecutiva de valorização, caminhando para o melhor desempenho para um mês de novembro desde 1999, beneficiado pelo noticiário favorável sobre vacinas contra Covid-19, além de fluxo de capital externo e rotação em portfólios para ações de valor e cíclicas.

Nas últimas semanas, o aumento de casos de  coronavírus na Europa Estados Unidos acabou sendo ofuscando por sinais promissores sobre a eficácia das vacinas, entre elas a da Pfizer, desenvolvida em parceria com a BioNTech, que pode ser aprovada pelo órgão regulador norte-americano ainda neste ano.

“O investidor global ficou com mais apetite a risco”, disse o sócio na Aplix Investimentos Yuri Cavalcante, citando a depreciação do real neste ano como um componente adicional, uma vez que deixou as ações brasileiras duplamente descontadas quando se olha os preços em dólar. “Isso ofuscou as notícias internas e preocupações com o fiscal.”

Ainda no cenário externo, o começo da transição de governo nos Estados Unidos trouxe alívio, assim como agradaram as primeiras informações ventiladas sobre a potencial equipe de Joe Biden, com destaque para a chance de que a ex-chair do  Federal Reserve  Janet Yellen comande o Tesouro norte-americano.

“Trump começa a admitir a vitória de Biden, e o próprio Biden que trazia um certo receio inicialmente já adotou um discurso bem conservador essa semana, o que fez os índices de volatilidade voltarem para os patamares pré-pandemia em níveis bem estáveis”, afirmou o sócio na BlueTrade Abner Gonçalves

Em Wall Street, que fechou mais cedo, o S&P 500 subiu 0,24%, para nova máxima histórica de fechamento, a 3.638 pontos.

EUA Wall Street
O S&P 500 subiu 0,24%, para nova máxima histórica de fechamento(Imagem: REUTERS/Brendan McDermid)

A bolsa brasileira ainda foi beneficiada pela entrada de estrangeiros no mercado secundário de ações, em linha com outros emergentes, com dados da B3 (B3SA3) mostrando saldo líquido de cerca de 30 bilhões de reais em novembro até o dia 25, o que ajudou a reduzir o déficit para 53 bilhões de reais no ano.

Estrategistas também apontaram uma rotação nos portfólios de ações para papéis de empresas de ‘valor’ e ‘cíclicas’, com maior peso no Ibovespa, em detrimento de ações de ‘crescimento’, como as de tecnologia, como mais um componente para a forte recuperação, após acumular perdas nos três meses anteriores.

Além disso, a temporada de resultados das empresas brasileiras do terceiro trimestre mostrou dados melhores do que o esperado por muitos analistas, endossando avaliações de que o pior dos efeitos da pandemia de Covid-19 nas companhias do país ficou para trás.

Nesta sexta-feira, o Ibovespa subiu 0,32%, a 110.575,47 pontos, acumulando alta de 4,28% na semana e valorização de 17,69% no mês. Considerando todo o calendário, pode vir a ser a maior performance mensal desde outubro de 2002.No ano, porém, o Ibovespa ainda mostra declínio de 4,38%.

O índice Small Caps avançou 0,15%, a 2.664,26 pontos, com acréscimo de 4,76% na semana e alta de 18,38% no mês, enquanto, em 2020, ainda mostra desempenho negativo de 6,22%.

O volume negociado no pregão nesta sexta-feira somou 27,7 bilhões de reais, de uma média diária de 35 bilhões de reais em novembro.

Destaques do acumulado do mês:

–  Petrorio (PRIO3) avança 65,23%, tendo como principal gatilho da forte valorização o anúncio de que comprou fatias da britânica BP em dois blocos no pré-sal, em uma rara transação na região altamente produtiva, por 100 milhões de dólares, o que tornará a companhia brasileira operadora dos ativos.

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Petrorio avança 65,23% em novembro (Imagem: Divulgação Petrorio)

–  Azul (AZUL4) sobe 63,59% e Gol (GOLL4) mostra alta de 46,34%, em meio ao sentimento mais positivo relacionado ao desenvolvimento de uma vacina contra o coronavírus, uma vez que o setor foi um dos mais afetados pela pandemia, com ambas as companhias reportando recuperação da demanda e oferta de voos. No ano, elas ainda contabilizam perda de 36,7% e 37,61%, respectivamente.

–  CVC Brasil (CVCB3) valoriza-se 46,17%, também na esteira das apostas atreladas a uma vacina contra o Covid-19, na esperança de que desencadeie uma retomada no setor de turismo. A companhia também concluiu neste mês a reestruturação de 1,5 bilhão de reais e divulgou resultados revisados.

–  Magazine Luiza (MGLU3) recua 1,79%, em meio ao movimento de realização de lucros nos papéis associados ao comércio eletrônico, que acumularam fortes altas. No ano, esse papel ainda contabiliza uma elevação de 103,23%.

Fleury (FLRY3) cai 1,5%, com alguns analistas ainda enxergando incertezas para o cenário de recuperação em termos de demanda e retornos estruturais após várias novas iniciativas de receita, principalmente quando os testes de Covid-19 desaparecerem, embora o resultado do terceiro trimestre conhecido no começo do mês tenha sinalizado que a demanda está se recuperando rapidamente.

Veja o comportamento dos principais índices setoriais na B3 no acumulado do mês:

– Índice financeiro: +18,99%

– Índice de consumo: +10,91%

– Índice de Energia Elétrica: +10,99%

– Índice de materiais básicos: +14,62%

– Índice do setor industrial: +12,17%

– Índice imobiliário: +20,31%

– Índice de utilidade pública: +11,57%