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Ibovespa recua na semana com preocupações sobre cenário político-econômico

13 ago 2021, 17:06 - atualizado em 13 ago 2021, 18:10
Ibovespa
O Ibovespa subiu 0,32%, a 121.089,71 pontos, mas acumulou declínio de 1,4% na semana, segundo dados preliminares (Imagem: REUTERS/Amanda Perobelli)

O Ibovespa fechou em alta nesta sexta-feira, após três quedas consecutivas que definiram um desempenho negativo no acumulado da semana, marcada por uma enxurrada de balanços corporativos e receios com as perspectivas político-econômicas no país.

A safra trouxe resultados de nomes como BTG Pactual, B3, Copel, JBS, Ultrapar, Americanas e Magazine Luiza, com várias ações reagindo com oscilações relevantes aos números do segundo trimestre e perspectivas para os próximos.

A bolsa, na visão de Pedro Menezes, membro do comitê de investimento de ações e sócio da Occam, já vinha mais pressionada pela expectativa de aumento mais forte da Selic nos próximos 12 meses. E nessa semana resultados mais fracos de algumas empresas acabaram reforçando esse viés mais vendedor.

Nesse contexto, pesou a aceleração do IPCA em julho, no maior resultado para o mês desde 2002, enquanto autoridades do Banco Central – além da ata da última decisão de política monetária – reforçaram nos últimos dias disposição de fazer o que for preciso para ancorar expectativas de inflação.

“Esse freio monetário deve disparar revisões baixistas para o crescimento brasileiro em 2022, pesando ainda mais sobre o preço dos ativos brasileiros, notadamente na bolsa de valores”, afirmou a BlueLine Asset Management.

Em relação à atividade econômica, as vendas no varejo brasileiro registram uma queda inesperada em junho, de 1,77% relação ao mês anterior, mas setor de serviços cresceu pelo terceiro mês seguido e acima do esperado e o IBC-Br mostrou expansão acima das expectativas no final do primeiro semestre.

A deterioração do ambiente político, acrescentou Menezes, também pesou, elevando os juros futuros mais longos e corroborando a piora do Ibovespa na semana.

Na falta de consenso, a Câmara dos Deputados adiou para a próxima terça-feira a votação do projeto que altera regras do Imposto de Renda, parte do conjunto de medidas que integram a reforma tributária em tramitação no Congresso. A PEC dos Precatórios também continuou adicionando desconforto ao mercado.

Em paralelo, o presidente Jair Bolsonaro voltou a criticar ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), bem como a defender o voto impresso, mesmo após a derrota sofrida no Congresso com a rejeição de proposta.

Na visão de alguns participantes do mercado, o Ibovespa só não teve uma performance pior em razão do apetite a risco em mercados no exterior. Em Wall Street, o S&P 500 e o Dow Jones renovaram recordes, engatando a segunda semana de alta.

Nesta sexta-feira, o Ibovespa subiu 0,41%, a 121.193,75 pontos, mas ainda acumulando perda de 1,32% na semana. No mês, agora cai 0,5% e no ano avança 1,83%.

O índice Small Caps perdeu 0,25%, a 2.867,97 pontos, com recuo de 2,32% na semana e 3,19% no mês. Em 2021, ainda sobe 1,61%.

O volume negociado no pregão nesta sexta-feira somou 31,17 bilhões de reais.

Destaques:

Embraer (EMBR3) avança 11,83%, fortalecida nessa semana após reportar o primeiro lucro trimestral recorrente em mais de três anos, além de ter retomado seu “guidance”, à medida que se beneficia de uma recuperação parcial das viagens aéreas.

A Embraer também espera seguir avançando em seus resultados e dobrar o faturamento no médio prazo à medida que solidifica ganhos de eficiência obtidos neste ano e pega carona no aumento da demanda por aviões. A companhia também exibiu novos projetos de aviões, alguns movidos a energia elétrica, para analistas e jornalistas.

Petrobras (PETR3;PETR4) sobem 9,07% e 8,80%, respectivamente, ainda embaladas pelo forte resultado do segundo trimestre divulgado no começo do mês, com o lucro líquido de 42,86 bilhões de reais superando com folga as previsões de analistas.

A petrolífera também antecipou o pagamento de remuneração ao acionista referente ao exercício de 2021 no montante de 31,6 bilhões de reais. O Credit Suisse elevou a recomendação das ações para “outperform” após os dados.

Qualicorp (QUAL3) perde 26,37%, na esteira da queda do lucro do segundo trimestre divulgado nessa semana, com piora em margens, enquanto o crescimento da receita líquida veio às custas de maiores despesas com itens como marketing. A companhia também anunciou na véspera a aquisição de 100% do capital social do Grupo Elo por 129,5 milhões de reais.

Americanas (AMER3) perde 15,80%, ainda sofrendo com ajustes no valor do papel após a combinação de parte de seus ativos com a antiga B2W, que resultou na criação da Americanas.

No radar nos últimos pregões, a divulgação dos resultados do segundo trimestre de ambas as empresas, bem como ruídos e anúncio de aquisição pela Americanas, previsão de sinergias com a fusão e programa de recompra de ações. AMERICANAS ON mostra declínio de 12,14%.

Veja o comportamento dos principais índices setoriais na B3 no acumulado do mês:
– Índice financeiro: -1,83%
– Índice de consumo: -1,07%
– Índice de Energia Elétrica: -0,19%
– Índice de materiais básicos: +0,34%
– Índice do setor industrial: +0,28%
– Índice imobiliário: -6,13%
– Índice de utilidade pública: -0,68%

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