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Ibovespa fecha em queda em semana com reviravolta política, PEC e piora da Covid-19

12 mar 2021, 18:08 - atualizado em 12 mar 2021, 19:08
Hospital, Covid, RJ
Nesta sexta, o Ibovespa caiu 0,72%, a 114.160,40 pontos, acumulando perda de 0,9% na semana (Imagem: Reuters)

O Ibovespa (IBOV) fechou em queda nesta sexta-feira, acumulando declínio na semana, marcada por reviravolta política no Brasil, mas algum avanço no cenário fiscal, com a aprovação da PEC Emergencial pela Câmara dos Deputados, mesmo desidratada.

A anulação de condenações do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pelo ministro do STF Edson Fachin, que devolveu ao petista os direitos políticos e bagunçou o cenário para a corrida presidencial em 2022, derrubou a bolsa na segunda-feira.

Os receios estão ligados ao risco de polarização da disputa, e para a agenda de reformas, com o atual governo eventualmente adotando medidas mais populistas de olho na reeleição.

Em coletiva na quarta-feira, Lula criticou duramente o governo Jair Bolsonaro, da resposta à pandemia à postura do presidente, mas o tom relativamente pacífico evitou maiores estresses aos agentes financeiros.

De terça a quinta, porém, apesar do desfecho acumulado positivo, prevaleceu a volatilidade, em meio à votação da PEC na Câmara, particularmente dos destaques. Houve concessões, mas o governo conseguiu evitar mudanças drásticas.

“Isso mostrou que talvez seja possível o governo ter algum tipo de coordenação junto ao Congresso para aprovar pautas que consigam colaborar nesta fase da Covid e tenham contrapartida fiscal, que está sendo a grande preocupação dos investidores”, avaliou o analista Gustavo Akamine, da Constância Investimentos.

Ele ressaltou, contudo, que há ainda outras reformas na pauta e dúvidas se o governo será capaz de lidar com o alto nível de endividamento do país.

No exterior, os rendimentos dos títulos do Tesouro dos Estados Unidos acalmaram, com dados corroborando alívio nas preocupações com a inflação, o que respaldou o apetite a risco, beneficiando a bolsa brasileira.

No aniversário de um ano da imposição de medidas de lockdown nos EUA, o presidente Joe Biden sancionou projeto de lei de 1,9 trilhão de dólares de estímulos à economia, em mais um fator benigno aos ativos de maior risco.

A semana, contudo, também teve recorde de mortes pela Covid-19 no Brasil, com o número diário de óbitos superando 2 mil, enquanto Estados e cidades no país reforçaram restrições, com hospitais lotados e vacinação lenta.

Nesse cenário, a Anvisa anunciou a concessão do registro definitivo no país para a vacina desenvolvida pela Universidade de Oxford e o laboratório AstraZeneca contra a Covid-19, com uma etapa de fabricação no Brasil pela Fiocruz.

A agência também concedeu nesta sexta o primeiro registro para medicamento com uso indicado em bula para tratamento da Covid-19, o remdesivir, da farmacêutica Gilead.

Já o Ministério da Saúde disse que assinou contrato para comprar 10 milhões de doses da vacina Sputnik V que serão importadas da Rússia pelo laboratório brasileiro União Química.

Nesta sexta, o Ibovespa caiu 0,72%, a 114.160,40 pontos, acumulando perda de 0,9% na semana, enquanto ainda mostra alta de 3,75% em março. No ano, a queda agora é de 4,08%.

Maiores baixas do Ibovespa no dia

Maiores altas do Ibovespa no dia

O índice Small Caps caiu 2,3%, a 2.736,80 pontos, com variação positiva de 0,07% na semana e alta de 3,75% no mês. O declínio em 2021 é de 3,03%.

O volume negociado no pregão nesta sexta-feira somou 25,6 bilhões de reais.

Destaques do Ibovespa do Acumulado do Mês:

Multplan (MULT3) sobe 17,94%, apesar da piora da pandemia no país e novas medidas de lockdown, diante da trégua na disparada recente das taxas de juros longas, que tende a beneficiar empresas como shopping centers.

A recuperação neste mês vem após queda de mais de 16% no primeiro bimestre, contra decréscimo de 7,55% do Ibovespa.

No setor, BRmalss (BRML3) valoriza-se 10,90% e Iguatemi (IGTA3) avança 10,36%.

Embraer (EMBR3) tem alta de 17,74%, dando sequência à recuperação desde meados de fevereiro, após dados sobre carteira de pedidos firmes e tendo no radar discussões com a Lufthansa de uma potencial venda de aeronaves – embora não tenha divulgado nada novo desde o mês passado.

A fabricante de aviões divulga balanço na próxima sexta-feira.

BRF (BRFS3) avança 15,62%, recuperando-se do tombo no último pregão de fevereiro, após a divulgação de balanço.

Na ocasião, analistas do Credit Suisse citaram que a visibilidade das margens em 2021 ainda é baixa, nas reconheceram que a BRF tem conseguido sustentar as margens, e a continuação da boa execução do plano de crescimento para os próximos 10 anos pode deixar a equipe mais otimista com a companhia.

B2W (BTOW3) recua 22,06%, com sua controladora Lojas Americanas (LAME4) perdendo 13,01%. Apesar da recepção positiva ao anúncio de estudo para fusão entre as companhias, números do quarto trimestre não animaram.

Entre as empresas com presença relevante no comércio eletrônico, Magazine Luiza (MGLU3) sobe 1,61% e Via Varejo (VVAR3)  cede 0,59%.

Totvs (TOTS3) perde 11,85%, também mantendo a correção desde que atingiu máxima histórica em fevereiro – de 34,94 reais para intradia, no dia 12, e de 34,73 reais para fechamento, no dia 19.

O papel ameaçou uma reação nessa última semana com o anúncio da compra da empresa de programas de automação de marketing RD Station, fazendo o maior negócio de sua história. Mas a reação se mostrou fugaz.

Veja o comportamento dos principais índices setoriais na B3 no acumulado do mês:

– Índice financeiro: +2,90%

– Índice de consumo: +1,86%

– Índice de Energia Elétrica: +1,95%

– Índice de materiais básicos: +4,79%

– Índice do setor industrial: +3,54%

– Índice imobiliário: +6,11%

– Índice de utilidade pública: +1,87%

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