Mercados

Ibovespa fecha no pior nível do ano com queda da Vale; dólar ultrapassa R$4

16 maio 2019, 18:37 - atualizado em 16 maio 2019, 18:40
A bolsa sofreu a sua quinta queda em seis pregões, se desvalorizando em 1,75% a 90.024 pontos

Por TradersClub

Deterioração política, atividade econômica enfraquecida e cautela no cenário internacional continuam a filtrar o olhar dos investidores nas próximas sessões. A bolsa sofreu a sua quinta queda em seis pregões, se desvalorizando em 1,75% a 90.024 pontos, o menor fechamento de 2019, após chegar a descer a 89.778 pontos na mínima do dia – menor nível intradiário desde o primeiro pregão do ano.

O mercado parece refém da falta de clareza da qualidade da articulação política entre governo e Congresso. Nesse sentido, havia uma expectativa de que medidas provisórias enviadas à Câmara, como a da reforma administrativa, fossem aprovadas, o que poderia significar um maior alinhamento entre os poderes e um gesto para fortalecer a base em prol da reforma da Previdência – o que não ocorreu. Caso as MPs não sejam votadas em plenário a tempo, os textos podem caducar.

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Além disso, a ausência de uma definição concreta em torno da disputa comercial entre Estados Unidos e China também têm prejudicado os ativos de países emergentes, como o Brasil. E a discussão só deve ter uma conclusão no possível encontro entre os países na próxima reunião do G20, em junho.

Nesta quinta-feira, o índice Bovespa também sentiu o baque da desvalorização de 3,23% das ações da Vale, que informou ao Ministério Público que o talude da mina em Barão dos Cocais pode se romper a partir de domingo, além da volatilidade às vésperas do vencimento de opções sobre ações na segunda-feira.

(Imagem: Tomaz Silva/Agência Brasil)

Mercados

O dólar futuro fechou em alta de 1,15%, subindo pela segunda sessão seguida, cotado a R$4,054, maior nível de 2019 e patamar mais elevado desde as eleições em outubro. São muitos os ruídos políticos que trazem instabilidade ao cenário local.

Notícias que envolvem o filho do presidente Jair Bolsonaro, manifestações nas ruas, que afetam a popularidade da gestão Bolsonaro. Nesta quinta-feira, o presidente da comissão especial da reforma da Previdência, deputado Marcelo Ramos, disse que todas as vezes que os deputados se aproximam de uma articulação “o governo faz trapalhada”.

Ele, no entanto, afirmou que garante a votação do projeto em julho, “se for resolvido o ambiente político”. Segundo o sócio e gestor da Paineiras Investimentos, David Cohen, o mercado tem dificuldade de enxergar por qual caminho a articulação política será feita.

Para agravar a situação negativa, os números de atividades divulgados nos últimos dias também não foram favoráveis. O Bank of America divulgou um relatório hoje cortando a projeção de crescimento do PIB e 2019 pela metade, a 1,2%, e disse ver o câmbio ainda mais desvalorizado, com uma taxa Selic reduzida dos atuais 6,5% para 5,50% antes do fim do ano – com a aprovação da reforma da Previdência.

A tensão política, aliás, ofuscou as apostas de corte na Selic e os juros futuros subiram em bloco, com o contrato para janeiro de 2020 avançando 2,5 pontos-base para 6,435%.

Internacional

Na contramão, os mercados internacionais finalizaram o dia no positivo, com as bolsas americanas subindo pelo terceiro dia seguido. Os índices Dow Jones e S&P500 avançaram 0,84% e 0,89%, respectivamente, por conta de bons balanços corporativos.

Os resultados acima das expectativas de Walmart e Cisco Systems ofuscaram os receios dos investidores – ao menos, por ora – quanto ao futuro da guerra tarifária entre EUA e China.

Mas a cautela segue no radar após o decreto americano restringindo as operações de empresas de telecomunicações chinesas no país, o que pode levar a mais uma rodada de retaliações por parte da China – e ao alastramento da guerra comercial pelo mundo inteiro.

O investidor ficará ligado nesta sexta aos números do mercado de trabalho do Caged e, lá fora, destaque para índices do nível geral de preços na Alemanha e na Zona do Euro.

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