Hapvida viu suas ações despencarem 41,65% em março (Imagem: Hapvida/YouTube)
A Hapvida (HAPV3) foi, de longe, a ação do Ibovespa que mais caiu em março. No mês, a operadora de planos de saúde protagonizou pregões altamente voláteis, chegando inclusive a cair mais de 30% em um único dia.
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Com o fechamento desta sexta-feira (31), os papéis da companhia terminaram março com um tombo de 41,65%. Houve uma grande discrepância em relação à segunda ação de maior queda do Ibovespa, que caiu “apenas” 21,20%.
Empresa
Ticker
Variação em março (%)
Hapvida
HAPV3
-41,65
Qualicorp
QUAL3
-21,2
3R Petroleum
RRRP3
-19,06
Rede D’Or
RDOR3
-16,87
Arezzo
ARZZ3
-14,87
Mas o que houve com a Hapvida para liderar o ranking das perdas deste mês?
O problema
Para entender por que investidores estão largando a tese da companhia, é preciso lembrar que os resultados do quarto trimestre de 2022 foram bem mal recebidos pelo mercado.
O pregão seguinte ao balanço teve o baque de mais de 30% das ações da operadora, que reverteu o lucro (desconsiderando ajustes) e apresentou prejuízo de R$ 316,7 milhões.
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O que preocupa os investidores é a queima de caixa da Hapvida. Eles tentam entender a capacidade da companhia de destravar caixa sob as regras regulatórias, o que resolveria seu atual problema de solvência.
Em relatório publicado no mês, o Itaú BBA explica que a maior parte das dívidas da companhia está alocada na holding, enquanto as “verdadeiras” geradoras de caixa são as subsidiárias operacionais.
As regras regulatórias aplicáveis às operadoras (que é onde o dinheiro está de fato) impede distribuições a holdings se não houver atingimento do mínimo de caixa requerido, que serve como uma espécie de garantia regulatória. É pelo excesso de caixa que as subsidiárias conseguem repassar dinheiro à sua holding, sendo a forma mais convencional o pagamento de dividendos à controladora.
Por regra, as operadoras precisam de uma margem de solvência (capital) mínima para atravessar os períodos de incerteza. A questão é que a deterioração de caixa da Hapvida por conta do cenário macroeconômico desafiador acabou levando a uma deterioração acelerada da suficiência de capital da companhia.
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“É importante entender que essa é uma questão de capital regulatório, não que falta dinheiro – um fato visto com alívio por alguns investidores que ouvimos nos últimos dias”, ressalta o BBA.
Disparada recente
Nesta semana, as ações da companhia dispararam mais de 18% no pregão de terça (28). O movimento aconteceu após o anúncio de que a companhia engajou os bancos Bank of America Merrill Lynch, UBS Brasil, BTG Pactual e o Itaú BBA para analisar a viabilidade e estruturar uma potencial oferta de ações ordinárias.
Além disso, a Hapvida anunciou a venda e locação de 10 imóveis de controladas pela empresa pelo valor total de R$ 1,25 bilhão.
O Santander chegou a avaliar que as operações têm potencial de melhorar o sentimento dos investidores em relação à Hapvida, reduzindo preocupações relativas à alavancagem e à solvência regulatória.
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Na terça, o Bradesco BBI elevou a recomendação da Hapvida de “neutra” para “compra”, com preço-alvo de R$ 4,20.
Segundo o BBI, assumindo os R$ 2,1 bilhões em caixa (da venda de imóveis) e aumento de capital (follow-on), a dívida líquida (reportada no final do ano de 2022, fora dos padrões IFRS 16) cai 30% para R$ 4,9 bilhões, equivalente a 2,5x Ebitda (pró-forma, fora dos padrões IFRS 16) de R$ 2,066 bilhões (de 3,4x) ajustando R$ 106 milhões em despesas com aluguel.
Ou seja, a alavancagem, um dos principais pontos de preocupação para a companhia, pode ganhar um alívio de 0,9%.
O JPMorgan, por sua vez, atualizou a recomendação para os papéis da companhia, também para “compra”, destacando a situação de liquidez da empresa.
Formada em Jornalismo pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Atua como editora-assistente do Money Times há pouco mais de três anos cobrindo ações, finanças e investimentos. Antes do Money Times, era colaboradora na revista de Arquitetura, Urbanismo, Construção e Design de interiores Casa & Mercado.
diana.cheng@moneytimes.com.br
Formada em Jornalismo pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Atua como editora-assistente do Money Times há pouco mais de três anos cobrindo ações, finanças e investimentos. Antes do Money Times, era colaboradora na revista de Arquitetura, Urbanismo, Construção e Design de interiores Casa & Mercado.