Tombo histórico: Por que o Ibovespa virou para queda?

O Ibovespa, que dava sinais de que iria quebrar a sequência histórica negativa, perdeu força e opera em queda nesta quinta. Se confirmado, o recuo seria o 13º seguido.
Por volta das 15h31, o índice caía 0,43%, a 115.094 pontos.
De acordo com analistas que conversam com o Money Times, o problema para o índice é o cenário externo.
“Estamos em um sólido canal de baixa e, agora, o índice trocou os motivos da queda. Se em um primeiro momento vimos a China pesar, com Vale (VALE3) e metálicas, agora, temos um yield americano subindo muito, puxando os juros futuros (DIs)”, discorre Victor Benndorff, da mesma corretora que leva o seu nome.
Ontem foi divulgada a ata da última reunião do Federal Reserve (Fed), quando o banco central dos Estados Unidos elevou os juros do país para a faixa de 5,25-5,50%.
O documento mostra que as autoridades monetárias ficaram divididas em relação a novos aumentos nos juros.
Uma parcela citou riscos para a economia dentro de um cenário mais agressivo com a condução do ritmo de aperto monetário. A maioria, no entanto, chamou a atenção para a necessidade de combate à inflação.
- Dona do Ibovespa, a B3 (B3SA3) já subiu mais do que o próprio índice desde fevereiro, e segundo analistas, suas ações continuam baratas. Clique aqui e saiba se é hora de aproveitar para comprar os papéis da bolsa brasileira! Fique ligado em todas as lives: inscreva-se no canal do Money Times.
Já Bruno Komura, da Ouro Preto Investimentos, afirma que apesar do discurso do presidente do Banco Central Roberto Campos Neto ter vindo duro, era algo esperado da autoridade monetária (não cantar vitória antes de realmente controlar a inflação).
“Mesmo com o discurso, não muda expectativa do mercado de mais três cortes de 50 pontos-base (bps) este ano”, coloca.
Campos Neto expressou preocupação com os gastos projetados para o Brasil nos próximos anos, apesar da aprovação do Arcabouço Fiscal no Congresso.
O crescimento das despesas está estimado acima da inflação, sendo 9,2% para este ano e 3,3% para 2024, podendo resultar em desequilíbrio fiscal.
“Avaliando o período a partir de 2025, mesmo com o arcabouço, o crescimento de gastos no Brasil (quanto se gasta acima da inflação) em termos reais está bem acima em relação aos países emergentes, que faz com que você tenha uma desancorarem fiscal porque os agentes financeiros entendem que ou precisa ter um crescimento muito grande (um fator multiplicador) ou uma uma maior arrecadação”, explicou durante o evento ocorrido no 35º Congresso Nacional Abrasel.
Komura explica que a China provoca receios diante dos dados cada vez piores e nenhum estímulo significativo para mudar o cenário.
“Tivemos o anúncio de diversos estímulos, mas não mudou as expectativas para este ano ou no ano que vem”, coloca.
Lucas de Caumont, estrategista de investimentos da Matriz Capital, cita ainda que a queda pode ter sido provocada por um misto de realização de lucros por parte dos investidores (principalmente estrangeiros) que carregavam posições compradas desde os 100 mil pontos.