Ibovespa (IBOV) abre em alta à espera das decisões das taxas de juros; 5 coisas para saber ao investir hoje (06)

O Ibovespa (IBOV) abre o pregão desta terça-feira (6) em alta à espera das decisões das taxas de juros.
Por volta das 10h10 (horário de Brasília), o principal índice da Bolsa brasileira avançava 0,42%, aos 134.054,24 pontos.
O dólar à vista tinha leve alta ante o real nas primeiras negociações desta terça, à medida que os investidores seguem à espera do anúncio de acordos comerciais dos Estados Unidos com seus parceiros, enquanto se posicionam para as decisões do Federal Reserve e do Banco Central do Brasil.
Às 9h58 (horário de Brasília), a moeda avançava 0,26%, a R$ 5,6350 na venda.
Com a agenda de indicadores esvaziadas, os investidores repercutem a temporada de balanços do primeiro trimestre (1T25). Nesta terça-feira são divulgados os resultados da Caixa Seguridade (CXSE3), PRIO (PRIO3), Vibra Energia (VBBR3), Carrefour (CRFB3), Embraer (EMBR3) e RD Saúde (RADL3).
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Radar do mercado
Confira os 5 assuntos que impactam o Ibovespa nesta terça-feira (06)
1 – Sonho de juros mais baixos pode ficar para depois
O mercado se prepara para a reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês). Na quarta-feira (7), o Federal Reserve deve anunciar mais uma manutenção na taxa de juros, que está no patamar de 4,25% e 4,25%.
Os dirigentes do Fed estão preocupados com os efeitos das tarifas impostas por Donald Trump aos produtos importados na inflação e geração de emprego.
Em março, o índice de preços (PCE) dos Estados Unidos ficou praticamente estável no mês. Em 12 meses, o PCE foi a 2,3% — ainda acima da meta de 2% perseguida pelo banco central norte-americano. Já o núcleo, que exclui os componentes voláteis de alimentos e energia, também aumentou cerca de 0,1%, sendo que o acumulado de um ano subiu a 2,6%.
Já o mercado de trabalho está aquecido: foram criadas 177 mil vagas de emprego em abril, de acordo com o payroll. A leitura ficou acima das expectativas do mercado, que esperavam uma criação de 138 mil vagas.
Ou seja: o Fed deve levar mais algum tempo para começar a cortar os juros — por mais que o banco central tenha que lidar com as pressões vindas da Casa Branca para um afrouxamento monetário mais rápido —, já que o mercado de trabalho segue forte e a inflação estável.
Outro indicador também aponta para juros mais altos é o PMI de Serviços. Em abril, o indicador subiu de 50,8 para 51,6, apontando para uma economia ainda aquecida, o que é sinônimo de consumo alto e um potencial de alta inflacionária.
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2- Juros de 10 anos voltaram a subir?
A combinação de um dólar mais fraco, déficits fiscais crescentes e inflação persistente está elevando os riscos para os mercados globais, segundo análise de Matheus Spiess, economista da Empiricus Research. Com os rendimentos dos Treasuries de 10 anos voltando a subir, o temor é de um estresse prolongado na curva de juros americana, resultado direto da saída de investidores diante da perda de confiança na condução econômica do país.
“O estresse sobre os juros só tende a piorar se a inflação continuar pressionada”, afirmou Spiess. Para o analista, o cenário atual contraria previsões anteriores, como a do economista Stephen Miran, que acreditava que o dólar se fortaleceria diante da ofensiva tarifária dos EUA. O que se vê, no entanto, é o movimento inverso e suas consequências.
A desvalorização do dólar, explica Spiess, amplia os custos de importação e dificulta a ancoragem das expectativas inflacionárias, em um contexto em que o Tesouro precisa captar mais recursos para financiar o crescente rombo fiscal. “A pressão sobre os títulos públicos é inevitável nesse cenário”, acrescenta.
Na avaliação do economista, a própria postura da Casa Branca contribui para aumentar a insegurança. “A administração entrou de cabeça no conflito tarifário com uma autoconfiança desproporcional, conduzindo a ofensiva de forma mais abrupta e beligerante do que muitos formuladores de política previam — e desejavam”, disse. O resultado, segundo ele, é um dólar fraco obtido “por caminhos tortuosos, com custo alto e sem construir confiança externa”.
Para completar, ideias como a emissão de títulos de 100 anos com cupom zero em troca de apoio geopolítico — sugeridas em meio ao embate comercial — parecem “delírios diplomáticos” em um ambiente de baixa credibilidade institucional. “Mesmo que fosse tecnicamente viável, exigiria habilidade negocial e institucional que, francamente, não têm dado as caras em Washington”, criticou.
Com isso, a economia americana se aproxima, nas palavras de Spiess, de um “jogo de roleta”, no qual os custos da imprudência podem se materializar em juros mais altos, inflação descontrolada e crescimento menor, justamente os riscos que a guerra comercial prometia mitigar, mas que agora tende a amplificar.
3 – Investidores estrangeiros aplicam mais de R$ 10 bilhões na bolsa brasileira
Os investidores estrangeiros injetaram mais de R$ 10,8 bilhões na Bolsa brasileira nos quatro primeiros meses do ano.
De acordo com dados da B3, compilados pela Quantum, abril registrou a primeira queda de 2025, com saldo negativo de R$ 133,6 milhões em capital estrangeiro (considerando IPOs e follow-ons).
A saída de recursos foi pressionada pela volatilidade nos mercados, provocada pelas tarifas recíprocas impostas por Donald Trump. O temor recai sobre os possíveis impactos dessas medidas, incluindo uma eventual recessão na maior economia do mundo.
4- Brava Energia (BRAV3) bate recorde de produção em abril com avanço na operação offshore
A Brava Energia (BRAV3) bateu recorde de produção em abril de 2025, com uma média de 81,8 mil barris de óleo equivalente por dia. O volume representa um crescimento superior a 15% em relação ao primeiro trimestre do ano.
O bom desempenho foi puxado pelas operações em alto-mar (offshore), especialmente nos campos de Papa-Terra e Atlanta. Em Papa-Terra, a produção foi a melhor desde dezembro de 2023. Já Atlanta se beneficiou da entrada em operação dos novos poços 4H e 5H, a partir de 13 de abril.
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5- Embraer (EMBR3) vê prejuízo crescer para R$ 428,5 milhões no 1T25
A Embraer (EMBR3) frustrou a expectativa do mercado com um prejuízo líquido ajustado de R$ 428,5 milhões no primeiro trimestre de 2025. Consenso reunido pela Bloomberg apontava para um lucro de R$ 121 milhões no período.
A cifra reverte o lucro de R$ 1,09 bilhão registrado no último trimestre e é maior do que o prejuízo de R$ 63,5 milhões reportado no mesmo período do ano passado.
Já o Ebitda (lucros antes dos juros, tributos, depreciação e amortização) ajustado, que mede o desempenho operacional, totalizou R$ 620,6 milhões no período de janeiro a março desse ano, ante resultado de R$ 1,9 bilhão no trimestre anterior e R$ 233,6 milhões no 1T24. A margem Ebitda ajustada ficou em 9,7%, ante 5,3% no primeiro trimestre de 2024.
Já o Ebit (lucro antes de juros e impostos) ajustado totalizou R$ 359,2 milhões, com margem Ebit ajustada de 5,6%.
As receitas líquidas da Embraer somaram R$ 6,4 bilhões no primeiro trimestre deste ano, ante R$ 4,4 bilhões no mesmo período de 2024. Segundo a companhia, este foi o melhor trimestre desde 2016 na linha de receitas.
No 1T25, a dívida líquida da fabricante, sem considerar Eve, atingiu R$ 2,68 bilhões.
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*Com informações de Reuters