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Ibovespa (IBOV) abre em alta à espera das decisões das taxas de juros; 5 coisas para saber ao investir hoje (06)

06 maio 2025, 10:13 - atualizado em 06 maio 2025, 10:13
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Ibovespa abre em alta nesta terça-feira (06). (Imagem: REUTERS/Amanda Perobelli)

O Ibovespa (IBOV) abre o pregão desta terça-feira (6) em alta à espera das decisões das taxas de juros.

Por volta das 10h10 (horário de Brasília), o principal índice da Bolsa brasileira avançava 0,42%, aos 134.054,24 pontos.



O dólar à vista tinha leve alta ante o real nas primeiras negociações desta terça, à medida que os investidores seguem à espera do anúncio de acordos comerciais dos Estados Unidos com seus parceiros, enquanto se posicionam para as decisões do Federal Reserve e do Banco Central do Brasil.

Às 9h58 (horário de Brasília), a moeda avançava 0,26%, a R$ 5,6350 na venda.

Com a agenda de indicadores esvaziadas, os investidores repercutem a temporada de balanços do primeiro trimestre (1T25). Nesta terça-feira são divulgados os resultados da Caixa Seguridade (CXSE3), PRIO (PRIO3), Vibra Energia (VBBR3), Carrefour (CRFB3), Embraer (EMBR3) e RD Saúde (RADL3).

  • E MAIS: Analista dá o veredito sobre as ações da Vale (VALE3) após o resultado fraco no 1T25; confira

Radar do mercado

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Confira os 5 assuntos que impactam o Ibovespa nesta terça-feira (06)

1 – Sonho de juros mais baixos pode ficar para depois

O mercado se prepara para a reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês). Na quarta-feira (7), o Federal Reserve deve anunciar mais uma manutenção na taxa de juros, que está no patamar de 4,25% e 4,25%.

Os dirigentes do Fed estão preocupados com os efeitos das tarifas impostas por Donald Trump aos produtos importados na inflação e geração de emprego.

Em março, o índice de preços (PCE) dos Estados Unidos ficou praticamente estável no mês. Em 12 meses, o PCE foi a 2,3% — ainda acima da meta de 2% perseguida pelo banco central norte-americano. Já o núcleo, que exclui os componentes voláteis de alimentos e energia, também aumentou cerca de 0,1%, sendo que o acumulado de um ano subiu a 2,6%.

Já o mercado de trabalho está aquecido: foram criadas 177 mil vagas de emprego em abril, de acordo com o payroll. A leitura ficou acima das expectativas do mercado, que esperavam uma criação de 138 mil vagas.

Ou seja: o Fed deve levar mais algum tempo para começar a cortar os juros — por mais que o banco central tenha que lidar com as pressões vindas da Casa Branca para um afrouxamento monetário mais rápido —, já que o mercado de trabalho segue forte e a inflação estável.

Outro indicador também aponta para juros mais altos é o PMI de Serviços. Em abril, o indicador subiu de 50,8 para 51,6, apontando para uma economia ainda aquecida, o que é sinônimo de consumo alto e um potencial de alta inflacionária.

2- Juros de 10 anos voltaram a subir?

A combinação de um dólar mais fraco, déficits fiscais crescentes e inflação persistente está elevando os riscos para os mercados globais, segundo análise de Matheus Spiess, economista da Empiricus Research. Com os rendimentos dos Treasuries de 10 anos voltando a subir, o temor é de um estresse prolongado na curva de juros americana, resultado direto da saída de investidores diante da perda de confiança na condução econômica do país.

“O estresse sobre os juros só tende a piorar se a inflação continuar pressionada”, afirmou Spiess. Para o analista, o cenário atual contraria previsões anteriores, como a do economista Stephen Miran, que acreditava que o dólar se fortaleceria diante da ofensiva tarifária dos EUA. O que se vê, no entanto, é o movimento inverso e suas consequências.

A desvalorização do dólar, explica Spiess, amplia os custos de importação e dificulta a ancoragem das expectativas inflacionárias, em um contexto em que o Tesouro precisa captar mais recursos para financiar o crescente rombo fiscal. “A pressão sobre os títulos públicos é inevitável nesse cenário”, acrescenta.

Na avaliação do economista, a própria postura da Casa Branca contribui para aumentar a insegurança. “A administração entrou de cabeça no conflito tarifário com uma autoconfiança desproporcional, conduzindo a ofensiva de forma mais abrupta e beligerante do que muitos formuladores de política previam — e desejavam”, disse. O resultado, segundo ele, é um dólar fraco obtido “por caminhos tortuosos, com custo alto e sem construir confiança externa”.

Para completar, ideias como a emissão de títulos de 100 anos com cupom zero em troca de apoio geopolítico — sugeridas em meio ao embate comercial — parecem “delírios diplomáticos” em um ambiente de baixa credibilidade institucional. “Mesmo que fosse tecnicamente viável, exigiria habilidade negocial e institucional que, francamente, não têm dado as caras em Washington”, criticou.

Com isso, a economia americana se aproxima, nas palavras de Spiess, de um “jogo de roleta”, no qual os custos da imprudência podem se materializar em juros mais altos, inflação descontrolada e crescimento menor, justamente os riscos que a guerra comercial prometia mitigar, mas que agora tende a amplificar.

3 – Investidores estrangeiros aplicam mais de R$ 10 bilhões na bolsa brasileira

Os investidores estrangeiros injetaram mais de R$ 10,8 bilhões na Bolsa brasileira nos quatro primeiros meses do ano.

De acordo com dados da B3, compilados pela Quantum, abril registrou a primeira queda de 2025, com saldo negativo de R$ 133,6 milhões em capital estrangeiro (considerando IPOs e follow-ons).

A saída de recursos foi pressionada pela volatilidade nos mercados, provocada pelas tarifas recíprocas impostas por Donald Trump. O temor recai sobre os possíveis impactos dessas medidas, incluindo uma eventual recessão na maior economia do mundo.

4- Brava Energia (BRAV3) bate recorde de produção em abril com avanço na operação offshore

Brava Energia (BRAV3) bateu recorde de produção em abril de 2025, com uma média de 81,8 mil barris de óleo equivalente por dia. O volume representa um crescimento superior a 15% em relação ao primeiro trimestre do ano.

O bom desempenho foi puxado pelas operações em alto-mar (offshore), especialmente nos campos de Papa-Terra e Atlanta. Em Papa-Terra, a produção foi a melhor desde dezembro de 2023. Já Atlanta se beneficiou da entrada em operação dos novos poços 4H e 5H, a partir de 13 de abril.

5- Embraer (EMBR3) vê prejuízo crescer para R$ 428,5 milhões no 1T25

Embraer (EMBR3) frustrou a expectativa do mercado com um prejuízo líquido ajustado de R$ 428,5 milhões no primeiro trimestre de 2025. Consenso reunido pela Bloomberg apontava para um lucro de R$ 121 milhões no período.

A cifra reverte o lucro de R$ 1,09 bilhão registrado no último trimestre e é maior do que o prejuízo de R$ 63,5 milhões reportado no mesmo período do ano passado.

Já o Ebitda (lucros antes dos juros, tributos, depreciação e amortização) ajustado, que mede o desempenho operacional, totalizou R$ 620,6 milhões no período de janeiro a março desse ano, ante resultado de R$ 1,9 bilhão no trimestre anterior e R$ 233,6 milhões no 1T24. A margem Ebitda ajustada ficou em 9,7%, ante 5,3% no primeiro trimestre de 2024.

Já o Ebit (lucro antes de juros e impostos) ajustado totalizou R$ 359,2 milhões, com margem Ebit ajustada de 5,6%.

As receitas líquidas da Embraer somaram R$ 6,4 bilhões no primeiro trimestre deste ano, ante R$ 4,4 bilhões no mesmo período de 2024. Segundo a companhia, este foi o melhor trimestre desde 2016 na linha de receitas.

No 1T25, a dívida líquida da fabricante, sem considerar Eve, atingiu R$ 2,68 bilhões.

*Com informações de Reuters 

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Jornalista formada pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, atua há 3 anos na redação e produção de conteúdos digitais no mercado financeiro. Anteriormente, trabalhou com produção audiovisual, o que a faz querer juntar suas experiências por onde for.
juliana.caveiro@moneytimes.com.br
Jornalista formada pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, atua há 3 anos na redação e produção de conteúdos digitais no mercado financeiro. Anteriormente, trabalhou com produção audiovisual, o que a faz querer juntar suas experiências por onde for.