Coluna do Einar Rivero

Ibovespa (IBOV) atinge menor nível de volatilidade histórico; confira

06 jun 2024, 12:02 - atualizado em 06 jun 2024, 12:02
ibovespa ibov
Nos últimos cinco meses, o Ibovespa permaneceu praticamente estagnado, com baixa volatilidade e atividade de negociação moderada. (Imagem: Pixabay)

Nos últimos dias, a volatilidade do Ibovespa (IBOV) atingiu seu menor nível histórico, de 13,82 pontos, surpreendendo muitos no mercado financeiro.

Essa marca veio após meses de aparente calmaria nas negociações da Bolsa de Valores brasileira, a B3, refletida pelo comportamento lateralizado do índice. No entanto, essa estabilidade foi abruptamente interrompida por uma queda vertiginosa, levando o Ibovespa a atingir sua menor pontuação do ano.

(Fonte: Einar Rivero)

Durante os últimos cinco meses, o principal índice da bolsa permaneceu praticamente estagnado, com baixa volatilidade e atividade de negociação moderada.

Os investidores, acostumados com essa tranquilidade, podem ter sido levados à complacência, esperando uma continuidade desse cenário. Porém, a recente quebra dessa calmaria, com uma queda acentuada, surpreendeu a comunidade financeira e desencadeou especulações sobre as causas por trás desse movimento brusco.

O que está levando à queda do Ibovespa?

O cenário político instável e intervenções do governo em empresas de capital aberto, como a Petrobras (PETR3; PETR4), podem ter minado a confiança dos investidores e desencadeado reações negativas no mercado.

A complacência dos investidores em meio à estabilidade aparente do mercado pode ter levado a uma subestimação dos riscos e uma reação exagerada diante de eventos disruptivos.

Mudanças nas condições macroeconômicas globais, como decisões de política monetária de bancos centrais estrangeiros, eventos geopolíticos e mudanças nas taxas de juros, podem ter influenciado a volatilidade do mercado brasileiro.

Além disso, investidores podem ter realocado seus portfólios em resposta a mudanças nas expectativas econômicas ou políticas, aumentando a volatilidade à medida que mais transações ocorrem.

Aprendendo com o passado: o que esperar do mercado brasileiro?

Agora, os investidores estão atentos às próximas movimentações do mercado, buscando entender se essa queda vertiginosa é apenas um evento isolado ou se representa o início de um período de maior volatilidade e turbulência nos mercados financeiros.

Enquanto isso, destaca-se a importância da diversificação de investimentos, gestão de riscos e acompanhamento atento das tendências do mercado, enfatizando a necessidade de cautela em um ambiente caracterizado por mudanças rápidas e imprevisíveis.

No cenário volátil dos mercados financeiros, períodos de baixa volatilidade são momentos de estabilidade e confiança para os investidores. Alguns momentos históricos em que a Bolsa brasileira experimentou níveis mínimos de volatilidade refletem um ambiente propício para investimentos e crescimento econômico.

Em julho de 2011, por exemplo, a economia global estava se recuperando da crise financeira de 2008-2009, proporcionando um ambiente de crescimento econômico estável. No Brasil, políticas de estímulo ao consumo e investimentos impulsionaram o crescimento econômico sob o governo de Dilma Rousseff. Além disso, os preços das commodities estavam em alta, beneficiando a economia brasileira e aumentando a confiança dos investidores.

Já em março de 1997, o Plano Real estava em plena implementação, estabilizando a economia brasileira e controlando a inflação. Sob a liderança do presidente Fernando Henrique Cardoso, o país desfrutava de um crescimento econômico consistente, enquanto os mercados globais mantinham relativa estabilidade. Esses fatores combinados contribuíram para uma redução significativa da volatilidade na B3.

Em fevereiro de 1978, no final do período conhecido como “Milagre Econômico Brasileiro”, o Brasil experimentava um crescimento econômico robusto e relativa estabilidade política sob o regime militar. A confiança na capacidade do governo de manter o crescimento econômico elevado proporcionava um ambiente favorável para os investidores, resultando em menor volatilidade nos mercados financeiros.

Durante dezembro de 1970, o Brasil estava no auge do “Milagre Econômico”, com investimentos significativos em infraestrutura e crescimento econômico substancial. A estabilidade política proporcionada pelo regime militar, embora autoritário, gerava confiança entre os investidores, contribuindo para uma menor volatilidade na B3.

Esses momentos históricos destacam a importância da estabilidade econômica e política na redução da volatilidade nos mercados financeiros. Investidores e analistas frequentemente monitoram esses períodos de baixa volatilidade como indicadores de confiança e oportunidades de investimento em meio a um cenário muitas vezes turbulento.

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Em contraste com períodos de baixa volatilidade, momentos de alta volatilidade nos mercados financeiros representam desafios e incertezas para investidores e gestores de portfólio.

Em fevereiro de 2021, a pandemia de COVID-19 ainda exercia um forte impacto sobre os mercados globais. As medidas de lockdown, incertezas em torno das vacinas e os efeitos econômicos da pandemia contribuíram para a volatilidade nos mercados. Além disso, a intervenção do governo nas empresas estatais, como a Petrobras, gerou incerteza sobre a política econômica e a governança corporativa, aumentando ainda mais a volatilidade.

Em julho de 2009, os mercados ainda se recuperavam da crise financeira global de 2008-2009, gerando temores de uma recessão prolongada e instabilidade econômica. A eficácia dos pacotes de estímulo econômico implementados pelos governos em resposta à crise estava em dúvida, aumentando a incerteza entre os investidores. Além disso, o impacto da demanda da China e os preços das commodities contribuíram para a volatilidade no mercado brasileiro.

Em abril de 1999, o Brasil enfrentou uma crise cambial que resultou na desvalorização do real, gerando incerteza econômica e volatilidade nos mercados. O aumento da inflação e a necessidade de ajustes econômicos rigorosos minaram a confiança dos investidores. Além disso, as repercussões das crises asiática e russa nos mercados emergentes afetaram a volatilidade no Brasil.

Em março de 1995, o início da implementação do Plano Real gerou incerteza e volatilidade nos mercados brasileiros. Embora o plano visasse estabilizar a economia e controlar a hiperinflação, sua fase inicial de implementação e ajustes contribuíram para a volatilidade. A transição política com a posse do presidente Fernando Henrique Cardoso também adicionou incerteza ao cenário econômico.

Em fevereiro de 1991, no início do governo Collor, o Brasil enfrentava uma alta taxa de inflação e políticas econômicas controversas, como o Plano Collor, que confiscou parte dos ativos financeiros da população. A instabilidade política e a desconfiança nas políticas econômicas do governo aumentaram a volatilidade nos mercados.

Esses episódios históricos destacam como eventos econômicos, políticas governamentais e incertezas globais podem desencadear períodos de alta volatilidade nos mercados financeiros, desafiando investidores e testando a resiliência do sistema financeiro.

Einar Rivero é CEO da Elos Ayta Consultoria e especialista de dados financeiros de mercado. Formado em Engenharia, tornou-se referência para o mercado financeiro por trazer levantamentos e insights inéditos a partir do cruzamento de dados econômicos. Durante 25 anos, atuou como líder e gerente de relacionamento institucional de plataformas de informação financeira, como TradeMap e Economatica.
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Einar Rivero é CEO da Elos Ayta Consultoria e especialista de dados financeiros de mercado. Formado em Engenharia, tornou-se referência para o mercado financeiro por trazer levantamentos e insights inéditos a partir do cruzamento de dados econômicos. Durante 25 anos, atuou como líder e gerente de relacionamento institucional de plataformas de informação financeira, como TradeMap e Economatica.
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