Ibovespa (IBOV) em 150 mil pontos? XP eleva projeção do valor justo do índice — mas aponta 5 fatores de atenção para bolsa brasileira

A XP Investimentos elevou a sua projeção de valor justo para o Ibovespa no fim de 2025 de 149 mil pontos para 150 mil pontos, segundo relatório divulgado nesta segunda-feira (2). A revisão ocorre em meio à queda das taxas de longo prazo das NTN-Bs e a continuidade de uma forte entrada de capital estrangeiro na Bolsa brasileira.
O movimento acompanha um cenário global ainda resiliente e uma recuperação ampla dos mercados latino-americanos. Em maio, o Ibovespa subiu 1,5% em reais e acumula valorização de 23% em dólares em 2025, puxado sobretudo pela compra de ações por investidores internacionais, que já aportaram R$ 22,1 bilhões neste ano, o maior volume para o período desde 2022.
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Apesar do desempenho positivo, a XP alerta para possíveis correções no curto prazo. O relatório destaca cinco fatores de atenção:
- a compressão do prêmio de risco para os menores níveis desde 2021;
- piora na dinâmica de lucros, especialmente entre empresas de commodities;
- forte dependência dos fluxos estrangeiros; sinal de sobrecompra com base no indicador de sentimento da casa (“extremo otimismo”);
- e incertezas macroeconômicas tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos.
Este último item ainda é o que mais preocupa o mercado e o próprio time da XP.
O vai e vem nas tarifas e o crescente sentimento de incerteza tem abalado os mercados, ainda que neste último mês os possíveis acordos comerciais tenham dado às bolsas norte-americanos uma forte recuperação, as constantes falas e decisões de Trump não dão trégua.
Além disso, a política fiscal americana voltou ao radar dos investidores, com o aumento das preocupações em torno do novo pacote fiscal proposto pela administração Trump.
Por aqui, enquanto a questão estava concentrada somente na possibilidade do fim do aperto monetário, o mercado reagia bem. No entanto, uma mudança nas regras do IOF para auxiliar a política fiscal causou uma reação negativa.
Por outro lado, os analistas da XP mantêm uma visão construtiva para o médio e longo prazo. O valuation da Bolsa segue atrativo, com múltiplo preço/lucro de 7,9 vezes, e fundamentos estruturais sustentam o otimismo, como uma demografia favorável, liderança brasileira em commodities, avanço tecnológico, potencial das reformas estruturais e desconto persistente nas ações brasileiras frente a pares globais.
“Começamos o ano adicionando exposição a papéis cíclicos domésticos, como as construtoras, que já acumulam alta de 41% no ano. Agora, reduzimos um pouco o beta das carteiras, focando em ativos de qualidade e baixa alavancagem”, apontam os analistas no relatório.