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Ibovespa: não espere uma forte recuperação neste ano (e, talvez, nem em 2022)

20 set 2021, 13:05 - atualizado em 20 set 2021, 13:05
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De tempestade a furacão: tensão nos mercados globais é potencializada por problemas brasileiros (Imagem: REUTERS/ Paulo Whitaker)

A queda livre do Ibovespa, nesta segunda-feira (20), assume ares dramáticos. Em vez de frear, está se aprofundando. Às 12h18, o índice despencava 2,86% e marcava 108.246 pontos. Com isso, rompeu todos os suportes previstos pelos analistas gráficos nos últimos dias, e, na prática, não se sabe onde pode parar.

Quando se olha pelo lado da análise fundamentalista, os prognósticos também são desanimadores. O grande problema é que a Bolsa brasileira vive uma “tempestade perfeita”, segundo Vitor Benndorf, fundador e estrategista-chefe da Benndorf.

Segundo ele, a queda do Ibovespa hoje é um tanto exagerada, já que o índice está muito descontado em relação à sua média histórica. Mas é aí que tudo se complica. Há dois fatores que podem estancar e, eventualmente, corrigir parte do tombo recente, e nenhum deles está nas mãos do mercado.

É a política!

O primeiro é a já conhecida tensão política emanada de Brasília, com o presidente Jair Bolsonaro trocando tapas e beijos com os outros poderes da República. “O choque inicial que tivemos no Ibovespa foi mais de confiança política do que econômico”, afirmou Benndorf ao Money Times, referindo-se à queda das ações na semana da Independência, após o presidente atacar o STF e recuar dias depois. “Claro que, se a crise de confiança perdurar, vai respingar na economia.”

Esse cenário se complicou, agora, com a deterioração do ambiente internacional. De um lado, a iminência do colapso da chinesa Evergrande evoca o fantasma da quebra do Lehman Brothers, em 2008, que desencadeou a mais forte crise financeira global, desde o Crash da Bolsa de Nova York em 1929.

De outro, há dúvidas sobre a viabilidade do trilionário pacote de Joe Biden para impulsionar a economia americana. E, no meio de tudo isso, os investidores se preparam para a hora em que os principais bancos centrais do mundo começarão a retirar os estímulos econômicos – a começar pelo Federal Reserve (Fed), que se reúne nesta semana.

Presidente Jair Bolsonaro discursa para apoiadores em Brasília em 7 de setembro de 2021
Não ajuda: tensão política criada por Bolsonaro potencializa reação do mercado à tensão global (Imagem: Alan Santos/Presidência via REUTERS)

Tudo isso pressiona a capacidade de consumo dos países para onde exportamos nossos produtos, como minério de ferro e soja. “Vemos uma piora lá fora que impacta ainda mais commodities e, especificamente, o minério de ferro. É uma tempestade perfeita”, diz Benndorf.

Sem esperança

Essa tempestade se transforma em um furacão quando toca o solo brasileiro, devido aos nossos próprios problemas. “O Brasil tem uma performance muito pior que as economias avançadas e emergentes desde, pelo menos, junho”, disse Carlos Lopes, economista-chefe do BV, ao Money Times. “Isso acontece por motivos internos: as turbulências políticas não somem. Ainda há muita tensão entre o Executivo e o Judiciário.”

E é aí que o caldo entorna. “A Bolsa brasileira reage pior que as demais ao cenário internacional, por causa dos ruídos locais”, resume Lopes.

Se isso é verdade, é melhor abandonar a esperança de um Natal gordo. “Não temos muitos motivos para esperar uma franca recuperação da Bolsa em relação às demais”, explica Lopes, do BV. “Os ruídos internos vão se acentuar até as eleições”, acrescenta.

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Diretor de Redação do Money Times
Ingressou no Money Times em 2019, tendo atuado como repórter e editor. Formado em Jornalismo pela ECA/USP em 2000, é mestre em Ciência Política pela FLCH/USP e possui MBA em Derivativos e Informações Econômicas pela FIA/BM&F Bovespa. Iniciou na grande imprensa em 2000, como repórter no InvestNews da Gazeta Mercantil. Desde então, escreveu sobre economia, política, negócios e finanças para a Agência Estado, Exame.com, IstoÉ Dinheiro e O Financista, entre outros.
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