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Ibovespa: Quem aproveitar janela, pode carregar retorno de 14%, vê Inter

29 abr 2024, 15:38 - atualizado em 29 abr 2024, 15:38
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Para o Inter Research, toda essa queda pode ser uma oportunidade de lucrar 14% com o índice (Imagem: Reprodução/B3)

O Ibovespa (IBOV) se abateu nas últimas semanas após uma tormenta de notícias nada favoráveis à renda variável. Primeiro, dados nos Estados Unidos dão a entender que os juros por lá permanecerão altos por mais tempo.

O tão esperado corte das taxas, antes projetado para junho, passou para setembro. E com pessimismo a solta, há quem diga que a tesoura de Jerome Powell, presidente do Federal Reserve, não será usada, sequer, neste ano. Isso, por si só, foi suficiente para tirar o sono de muitos investidores.

Aqui no Brasil, a possível postergação do corte dos juros nos Estados Unidos, somado ao cenário geopolítico incerto e ao quadro fiscal, fez o dólar disparar acima dos R$ 5, o que acendeu sinal para a Selic (Taxa Básica de Juros), já que o real desvalorizado pode ter impacto nos preços da economia. Bancos tradicionais, como o JPMorgan, além da XP, revisaram a taxa terminal para 10%.

Isso resultou em um tombo de mais de 4% em questão de dias. Mas para o Inter Research, toda essa queda pode ser uma oportunidade de lucrar 14% com o índice.

A corretora revisou sua expectativa de 142 mil para 145 mil pontos. Segundo o analista Matheus Amaral, que assina o relatório, a Bolsa exibe algumas incertezas, porém, o cenário econômico está melhor do que alguns imaginam.

“Nossa inflação se mostra mais comportada e próxima da meta e, consequentemente, nosso ciclo de juros já se encaminha para taxa de um dígito até o final do ano. A atividade continua surpreendendo positivamente, com destaque agora para o varejo. O emprego e renda que seguem em níveis que não trazem maiores preocupações”, coloca.

Mas há algumas ressalvas: incertezas quanto à ancoragem fiscal, interferências políticas em companhias relevantes para o índice, como a Petrobras (PETR4) e a Vale (VALE3), além de imbróglios políticos, vão trazendo mais ruído que o necessário, o que pode contribuir para a falta de apetite do investidor estrangeiro.

Tudo considerado, no entanto, o filme para o IBOV é bom: a expectativa, mantendo o múltiplo justo, é de 9x lucros, que ainda é um múltiplo considerado conservador, o qual embute um desconto para a bolsa brasileira, considerando todo o cenário e apetite do investidor estrangeiro reduzido.

“Nosso múltiplo também é uma vez a mais do que o mercado precifica hoje, levando em consideração sua média dos últimos 10 anos que está em quase 11x lucros, ainda estamos na banda inferior e sendo cautelosos, seguindo o ritmo do mercado”, completa.

Ibovespa: Empresas fazem a parte delas

O analista recorda que enquanto o governo bate cabeça para ajustar as metas e Powell diz que a inflação nos EUA segue resiliente, as empresas continuam produzindo (e lucrando).

“O nível de lucro por ação das companhias pertencentes ao índice está acima da média e não temos visto em maioria resultados aquém do esperado. Dado ao ciclo de queda nos juros, o endividamento das empresas também tem reduzido, o que melhora a perspectiva para empresas que estavam com maior peso do endividamento em seus resultados”, argumenta.

Segundo Amaral, com base no consenso de mercado, 2024 ainda deve trazer um aumento de 13% no resultado das empresas do Ibovespa. Quando se sai do ambiente do índice, a maioria também traz melhores expectativas.

Por outro lado, o segmento imobiliário ainda segue com perspectivas reduzidas, mas traz revisões positivas a cada trimestre.

Só nas últimas duas sessões, o índice saltou quase 2% após dados da inflação positivos tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos.

Editor-assistente
Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os 50 jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022 e 2023. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
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Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os 50 jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022 e 2023. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
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