Ibovespa fecha em queda com realização de lucros e risco eleitoral
O Ibovespa (IBOV) fechou em queda nesta quarta-feira (17), pressionado pela combinação de incertezas sobre o rumo dos juros no Brasil e nos Estados Unidos e pelo aumento das preocupações com o cenário eleitoral de 2026, o que estimulou um novo movimento de realização de lucros após os fortes ganhos acumulados ao longo de 2025.
O principal índice da B3 recuou caiu 0,79%, a 157.327,26 pontos, após marcar 156.350,81 pontos na mínima e 158.610,62 pontos na máxima. No ano, ainda sobe mais de 30%, tendo superado 165 mil pontos pela primeira vez na sua história no começo do mês.
O pregão foi marcado por volume financeiro elevado, de R$ 29,4 bilhões, influenciado também pelo vencimento de opções sobre o índice e de contratos futuros.
O ambiente mais cauteloso refletiu ainda a abertura forte da curva de juros doméstica, a alta do dólar e a leitura de que o avanço da candidatura do senador Flávio Bolsonaro à Presidência pode reduzir a probabilidade de uma alternativa considerada mais favorável pelo mercado em 2026, aumentando os prêmios de risco e pesando sobre os ativos locais.
Os temores em relação a Flávio foram intensificados nesta quarta-feira, após nota do site Metrópoles informar no início do dia que o senador Ciro Nogueira (PI), presidente do PP, disse a integrantes do mercado que Tarcísio tentará a reeleição em São Paulo e que Flávio deve mesmo disputar o Planalto.
Por sua vez, Flávio embarcou para São Paulo no início da tarde para novo encontro com representantes do mercado, dando continuidade ao esforço de aproximação com a Faria Lima.
“Com Flávio forte (à frente de Tarcísio), Lula tem mais chance de ganhar a eleição. Então, sem solução para o fiscal para os próximos cinco anos”, comentou o diretor da consultoria Wagner Investimentos, José Faria Júnior, ao justificar a abertura firme da curva brasileira pela manhã.
O movimento reduziu as apostas de que o Banco Central cortará a taxa básica Selic, hoje em 15% ao ano, em sua reunião de janeiro. Durante a tarde, a curva precificava pouco mais de 40% de chance de redução de 25 pontos-base no próximo mês, pontuou a analista Laís Costa, da Empiricus Research. Na véspera, o percentual estava em 65%.
Ainda que o mercado precifique agora chances maiores de manutenção da Selic em janeiro, em meio às tensões políticas, a possibilidade de corte não é desprezível.
Na madrugada desta quarta-feira, a Câmara dos Deputados aprovou o projeto que reduz em 10% os benefícios fiscais federais de diversos setores e aumenta a tributação de bets e fintechs. O texto seguiu para o Senado, que pode votá-lo ainda nesta quarta.
Vale e Petrobras sobem, bancos caem
Vale (VALE3) subiu 1,27%, apoiada pelo avanço dos futuros do minério de ferro na China, onde o contrato mais negociado na Dalian Commodity Exchange encerrou o dia em alta de 1,25%. A valorização do dólar frente ao real também favoreceu a mineradora e outras exportadoras, como Suzano (SUZB3), que avançou 1,78%.
No setor financeiro, BTG Pactual (BPAC11) caiu 3,29%, com o pior desempenho entre os bancos do Ibovespa, enquanto Bradesco (BBDC4) cedeu 0,82%, Santander Brasil (SANB11) recuou 0,6%, Banco do Brasil (BBAS3) caiu 0,74% e Itaú Unibanco (ITUB4) encerrou em baixa de 0,89%. Ainda no segmento, B3 (B3SA3) recuou 3,43%.
Petrobras (PETR4) subiu 1,11%, acompanhando o avanço dos preços do petróleo no exterior.
Localiza (RENT3) caiu 3,73%. Direcional (DIRR3) perdeu 4,26%, ainda com o mercado repercutindo relatório do JPMorgan, que reiterou recomendação neutra para a ação ao citar “valuation” e “upside” limitados.
No mesmo setor, MRV&Co (MRVE3) subiu 0,37%, após analistas do banco norte-americano elevarem a recomendação do papel para “overweight”, à espera de uma recuperação considerada “bullish” em 2026.
*Com informações da Reuters