Ibovespa sofre com baque da Eletrobras e Petrobras

O Ibovespa opera em queda de aproximadamente 1,9%, aos 81.183 pontos, com os investidores repercutindo a forte queda das Eletrobras e a continuidade da correção dos papéis da Petrobras. O dólar tem uma pequena alta de 0,10, para R$ 3,65, a despeito do desconforto entre os mercados emergentes após uma sessão de grandes turbulências para a moeda da Turquia.
Para a Benndorf Research, o Ibovespa continua testando aqueles que assumiram compras nos 82.000 pontos e volta a testar o suporte o suporte nessa região. “Recomendamos aguardar por claros sinais de reversão positiva (rompimento dos 83.500) antes de assumir estratégias de trading mais agressivas uma vez que ainda observamos alguns sinais de exaustão nos gráficos semanais (em linha com as pressões nos demais mercados emergentes)”, explica a consultoria.
Internacional
A expectativa é de que o Banco Central turco suba os juros para tentar conter a especulação, mas analistas dizem que o presidente Recep Erdogan fez declarações recentemente contra um choque de taxas. O país terá eleições no mês que vem, para piorar o quadro de instabilidade. A lira está no centro das atenções depois de a moeda cair 4,39% em relação ao dólar.
Os principais índices americanos também negociam em baixa. O Dow Jones cai 0,28%, o S&P 500 retrocede 0,22% e o Nasdaq 100 recua 0,11%. Hoje pela manhã o Departamento de Comércio afirmou que a venda de imóveis novos teve redução de 1,5% e chegou a um total de 6662.000, já com ajuste anual, no mês passado. Economistas previam que as vendas de imóveis novos tivessem queda de 2,2%.
Além disso, a Markit divulgou que a atividade do setor privado dos EUA avançou em maio. A leitura preliminar do índice da atividade dos gestores de compras (PMI, na sigla em inglês) do setor de serviços ficou em 55,7 neste mês, subindo a partir de 54,6 em abril. Economistas previam uma leitura de 54,9.
Economia
Por aqui, a prévia da inflação oficial medida pelo IPCA-15 mostrou uma variação positiva de 0,14% em maio, abaixo do 0,21% de abril e inferior ao estimado por uma pesquisa da Reuters (0,25%) com economistas. Segundo o IBGE, em um ano, o número variou 2,7%, enquanto em abril tinha ficado em 2,8%. “Não há sinal ainda de que a queda do real ao longo do mês está alimentando a inflação”, avalia a Capital Economics em um relatório enviado a clientes hoje.
Além disso, o Índice de Confiança do Consumidor, medido pela Fundação Getulio Vargas (FGV), recuou 2,5 pontos de abril para maio e chegou a 86,9 pontos. Esse é o menor nível do indicador desde outubro do ano passado (85,8 pontos). De acordo com a FGV, a queda foi influenciada pela menor confiança em relação aos próximos meses.
Empresas
As ações da Petrobras continuam a sentir os efeitos da disputa sobre o preço da gasolina e do diesel. Os papéis preferenciais (PETR4) caem 3,12%, para R$ 23,92, enquanto os ordinários (PETR3) voltam 2,3%, para R$ 27,76. A estatal anunciou hoje pelo segundo dia consecutivo, redução nos preços da gasolina e do diesel em suas refinarias. O preço da gasolina cairá 0,62% e custará R$ 2,0306 o litro. O preço do diesel terá redução de 1,15% e passará a custar R$ 2,3083.
O alto valor do preço do combustível é o principal motivo para a manifestação nacional dos caminhoneiros, que começou no final da noite de domingo (20). Ontem, após reunião com os presidentes da Câmara e do Senado, o ministro da Fazenda, Eduardo Guardia, se comprometeu a zerar a Cide sobre o diesel. O corte, entretanto, está condicionado à aprovação do projeto de reoneração da folha de pagamento.
As ações da Eletrobras despencam nesta quarta-feira (23) em reação ao anúncio de que o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, decidiu não votar a Medida Provisória 814/17, que permitia que a Eletrobras fosse incluída pelo governo no Programa Nacional de Desestatização (PND). Esse era um dos pontos mais polêmicos da MP e já havia sido retirado do texto pelo deputado Julio Lopes (PP-RJ). Os papéis ordinários (ELET3) retrocedem 12%, para R$ 15,87, enquanto os preferenciais de classe B (ELET6) despencam 9,66%, a R$ 18,69.
O BTG Pactual elevou o preço-alvo para as ações da Cemig (CMIG4) após a Aneelapresentar o reajuste para a distribuidora de energia mineira. A estimativa de valor para cada papel subiu de R$ 8,50 para R$ 9,50. A recomendação neutra foi reiterada. A empresa vai ter um aumento médio de tarifas de 23,19%. Para os consumidores residenciais, o aumento será de 18,53% e para as indústrias, o preço irá subir 35,56%. As ações avançam 0,86%, a R$ 8,22.
Em dia de queda para os mercados de ações em todo o mundo, as ações da Marfrig (MRFG3) operam com forte valorização de 7,34% a R$ 8,48, liderando assim os ganhos do Ibovespa na manhã desta quarta-feira. A companhia divulgou que o processo de venda da Keystone Foods avançou para a segunda fase, que prevê uma proposta vinculante de compra da unidade fornecedora de alimentos processados para redes de restaurantes no mês de junho.
Segundo a Guide Investimentos, a notícia é positiva e faz parte do redirecionamento estratégico da Marfrig — em voltar seu foco no mercado bovino — e vai em linha com o objetivo de redução da sua alavancagem financeira.
“A transação deve contribuir para que a Marfrig melhore sua estrutura de capital. Mais: o índice de alavancagem pode atingir cerca de 2x até o fim de 2018 (a meta da administração é uma alavancagem financeira de 2,5x no 4T18). A venda da Keystone ocorre após aquisição da National Beef”, aponta a corretora.