Ibovespa tem impulso com ‘blue chips’ e resiste a temor com juros em Wall Street
O principal índice da bolsa brasileira subiu nesta quinta-feira, com suporte dos papéis de bancos, Vale (VALE3) e Petrobras (PETR4), destoando da forte queda das bolsas em Nova York, diante de expectativas de aperto monetário mais rápido pelo banco-central norte-americano.
O Ibovespa (IBOV) subiu 0,81%, a 113.367,77 pontos, na terceira alta consecutiva. O volume financeiro na sessão foi de 32,2 bilhões de reais.
O fato de a alta ter sido capitaneada pelas ‘blue chips’ (empresas de maior liquidez), “me leva a crer que a gente continua a ver entrada de capital de estrangeiro na bolsa, já que o investidor estrangeiro busca liquidez, qualidade”, diz Ricardo França, analista de research da Ágora Investimentos.
A Vale teve o suporte do avanço do minério de ferro e as ações da Petrobras reagiram a prévia operacional da estatal, enquanto os bancos tiveram reação frente ao tombo da véspera. Já as ações ligadas à tecnologia foram destaques negativos, pressionadas pela perspectiva de alta de juros nos EUA.
O S&P 500 caiu 1,8% e o Nasdaq cedeu 2,1%, depois de o indicador de preços ao consumidor dos EUA subir 0,6% em janeiro, contra estimativa de 0,5% em pesquisa da Reuters com analistas.
Nos 12 meses até janeiro, o índice saltou 7,5%, maior avanço anual desde fevereiro de 1982.
Além disso, o presidente do Federal Reserve (Fed) de St. Louis, James Bullard, disse que se tornou “dramaticamente” mais “hawkish” (duro no combate à inflação) diante da maior alta em quase 40 anos nos EUA e agora quer 1 ponto percentual de aumento nos juros nas próximas três reuniões do banco central norte-americano.
A declaração ajudou a elevar as apostas, que já haviam ganhado força após o dado de inflação, de um Fed mais agressivo no aperto monetário. O mercado passou a precificar maiores chances de o Fed iniciar o ciclo de alta de juros com alta de 0,5 ponto percentual na reunião de política monetária em março.
De pano de fundo, o mercado local saudou o crescimento de 1,4% no setor de serviços no Brasil em dezembro, na comparação mensal, acima da expectativa de avanço de 0,9%, segundo pesquisa Reuters, enquanto seguiu atento ao noticiário político-fiscal, em especial à tramitação no Congresso de pautas que tratam dos preços dos combustíveis.
“O assunto (PECs dos combustíveis) foi deixado mais de lado nos últimos dias pelo mercado, mas o risco ainda é bastante alto do ponto de vista fiscal”, disse Rodrigo Crespi, especialista de mercado da Guide Investimentos.
Destaques
Petrobras (PETR4) subiu 1,5%, após divulgar prévia operacional do quarto trimestre. As vendas de derivados de petróleo no mercado interno cresceram 4,7% ano a ano, enquanto as exportações de petróleo recuaram.
Os preços do petróleo ficaram estáveis na sessão.
Vale (VALE3) somou 2,7%, após o minério de ferro avançar na China. A Vale divulgou após o fechamento do mercado nesta quinta-feira sua prévia operacional do quarto trimestre.
Itaú Unibanco (ITUB4) subiu 1,9%, antes de divulgação de seu balanço financeiro e alinhado à recuperação dos papéis do setor bancário.
As ações cederam na véspera em reação a resultado do Bradesco (BBDC4), cujos papéis preferenciais avançaram 1,4% nesta quinta-feira.
Santander Brasil (SANB11) ganhou 1,8.
Inter (BIDI11) caiu 4,1%, assim como Méliuz (CASH3), capitaneando recuo nos papéis ligados ao setor de tecnologia, com perspectiva de alta de taxa de juros nos EUA.
VIA (VIIA3) disparou 7,4% e Magazine Luiza (MGLU3) subiu 5,2%.
Suzano (SUZB3) caiu 3,7%, após registrar lucro líquido de 2,3 bilhões de reais para o quarto trimestre, queda de 61% sobre o desempenho obtido um ano antes.
Alpargatas (ALPA34) recuou 0,9%, após o Brazil Journal informar que empresa planeja oferta de ações para levantar até 2 bilhões de reais.
Qualicorp (QUAL3) subiu 1,9%, puxando operadoras de saúde, apesar de a Câmara dos Deputados aprovar incorporação obrigatória de novos tratamentos por planos e seguros de saúde, incluindo fornecer medicamentos para tratamento de câncer.
A MP segue para sanção presidencial. Rafael Barros, analista de saúde da XP, previu impacto nos custos das operadoras, mas que não deve ser tão relevante.
DEXCO (DXCO3) caiu 2,5%, mesmo após reportar lucro maior no quarto trimestre frente a um ano antes.