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Ibovespa vive trégua e sobe, mas cenário segue incerto e volátil

10 mar 2020, 12:46 - atualizado em 10 mar 2020, 12:46
Mercados Ibovespa B3
Às 12:43, o Ibovespa subia 2,35%, a 88.087,13 pontos (Imagem: REUTERS/Nacho Doce)

A bolsa paulista experimentava uma trégua nesta terça-feira, após ter a pior sessão em mais de 20 anos, acompanhando a recuperação de mercados no exterior, em meio a expectativas de ações coordenadas de governos e bancos centrais de todo o mundo para ajudar as economias em meio ao surto do novo coronavírus.

Às 12:43, o Ibovespa (IBOV) subia 2,35%, a 88.087,13 pontos.

A alta vem após o Ibovespa ter fechado com queda de 12,17% na segunda-feira, no pior dia na bolsa em mais de duas décadas, marcado por circuit breaker, conforme decisões da Arábia Saudita derrubaram os preços do petróleo e adicionaram preocupações a um mercado já fragilizado pelo surto do coronavírus.

Ainda na segunda-feira, o presidente norte-americano, Donald Trump, disse que tomará importantes medidas para proteger a economia dos EUA contra impactos da disseminação do coronavírus. Já o governo do Japão afirmou que planeja gastar mais de 4 bilhões de dólares em um segundo pacote de ações para lidar com o vírus.

“A perspectiva de maiores gastos do governo está ajudando investidores a ignorar a ampliação nas medidas de contenção que reduzirão a atividade econômica”, destacou o analista Jasper Lawler, chefe de pesquisa no London Capital Group, destacando entre as medidas as restrições de deslocamento na Itália.

Do lado do noticiário sobre o vírus, o presidente da China, Xi Jinping, fez nesta terça-feira sua primeira visita a Wuhan, cidade chinesa onde foram relatados os primeiros casos do Covid-19. Dados da Coreia do Sul também mostraram desaceleração de novos casos.

A possibilidade de estímulos econômicos e sinais da Rússia de que conversas com a Opep seguem possíveis ainda apoiavam a melhora do petróleo no exterior, com o Brent em alta de cerca de 7%, após registrar a maior queda em quase 30 anos na véspera.

“Após uma ‘segunda-feira negra’, os ativos de risco estão abrindo em forte alta essa manhã. A possibilidade de uma atuação dos ‘policymakers’ para lidar com a crise, aliada a preços e ‘valuations’ mais atrativos está sustentando o mercado”, afirmou o estrategista Dan Kawa, da TAG Investimentos, mais cedo em sua conta no Twitter.

“Eu vinha com uma visão e um viés muito mais cauteloso e negativo nas últimas semanas. Neste momento, ainda vejo um cenário extremamente frágil e incerto. Ainda espero volatilidade, mas acredito que parte relevante desta incerteza tenha sido precificada nos ativos de risco.”

Destaques

Petrobras (PETR4) subia 4,6% e Petrobras (PETR3) avançava 3,5%, um dia após queda histórica, com perda de 91 bilhões de reais em valor de mercado. A recuperação era apoiada na trégua do nervosismo no cenário externo, além de alta dos preços do petróleo, que também registraram declínios expressivos no último pregão.

Vale (VALE3) mostrava acréscimo de 8,4%, na esteira da alta dos preços do minério de ferro na China e melhora dos mercados no exterior, em meio a expectativas de estímulos econômicos no mundo.

Via Varejo (VVAR3) tinha elevação de 7,3%, também recuperando-se de recuos significativos nos últimos pregões, seguida de perto pela rival Magazine Luiza (MGLU3), em alta de 7,3%. B2W (BTOW3) perdia 4,6%.

Gol (GOLL4) e Azul (AZUL4) valorizavam-se 7% e 6,2%, respectivamente, também experimentando uma trégua, após serem pressionados nos últimos dias pela disparada do dólar ante o real, além dos potenciais efeitos na demanda decorrentes do surto de coronavírus que se espalhou para vários países, incluindo o Brasil. CVC Brasil (CVCB3) subia 7%.

Ambev (ABEV3) caía 4,5%, após anúncio de investimentos noticiado na véspera, quando também a rival Heineken divulgou plano de expansão de capacidade no país, em investimento de 865 milhões de reais a ser feito no Paraná. Ainda, o Itaú BBA chamou a atenção para o fato de que nomes considerados muito defensivos, como Ambev, podem ser afetados se o surto de coronavírus prejudicar a demanda base.