Braskem (BRKM5): IG4 fecha acordo para assumir participação da Novonor na petroquímica, com compra de R$ 20 bi em dívida
A Braskem (BRKM5) informou nesta segunda-feira (15) que a Novonor (ex-Odebrecht) assinou um acordo de exclusividade com a empresa de investimentos IG4 Capital para vender sua participação na petroquímica.
A IG4 representa os bancos credores da companhia — Itaú, Bradesco, Santander, BB e BNDES –, que têm ações BRKM5 como garantia de empréstimos feitos à petroquímica.
Conforme o documento, a Novonor se comprometeu a transferir a participação na Braskem para um fundo da IG4, que passará a deter 50,111% do capital votante e 34,323% do capital total da petroquímica.
A Novonor detém atualmente 50,1% das ações com direito a voto da Braskem e 38,3% do total de ações, enquanto a Petrobras possui 47% das ações votantes e 36,1% do total de papeis. Após a conclusão da operação, a Novonor permanecerá com 4% da Braskem.
A IG4 acrescentou em outro comunicado que a operação envolve cerca de R$ 20 bilhões em dívida e não causará mudanças operacionais imediatas na Braskem.
“A atual equipe de gestão da Braskem e seus assessores permanecem inalterados, assegurando plena continuidade operacional”, disse a IG4. “Em paralelo, trabalhos preparatórios estão em curso para apoiar um plano abrangente de ‘turnaround’.”
O tópico venda da Braskem pela Novonor está no radar do mercado há alguns meses. Em agosto deste ano, a IG4 entrou no radar com o pedido de esclarecimentos da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) à Braskem após o jornal O Globo noticiar que a gestora buscava espaço com uma proposta envolvendo bancos credores e acionistas da petroquímica.
A crise na petroquímica
A crise da Braskem é multifacetada, envolvendo endividamento pesado (cerca de US$ 8,5 bilhões em 2025), a tragédia ambiental em Maceió (afundamento do solo por mineração de sal-gema, gerando passivos bilionários), baixa demanda no setor petroquímico e um cenário macroeconômico adverso (juros altos, dólar), resultando em queda acentuada de suas ações e títulos, risco de recuperação judicial e impacto negativo no mercado de crédito corporativo, com esforços de reestruturação em curso e foco na resolução do passivo de Maceió e na melhora da estrutura de capital.
A petroquímica chegou à situação atual após quase nove anos de problemas combinando questões operacionais, financeiras e ambientais. O ponto de partida foi o afundamento do solo em Maceió, que gerou um passivo ambiental bilionário e exigiu um acordo complexo com autoridades e moradores da região.
A empresa vem sendo dilacerada na bolsa de valores diante de um ceticismo cada vez maior entre os investidores e com o risco de recuperação judicial no radar. Só neste ano, as ações BRKM5 acumulam queda de mais de 33%.
* Com informações da Reuters