Imbatível na renda fixa: Pós-fixado deve resistir aos cortes da Selic e seguir como ‘carro-chefe’, vê Caixa Asset

Mesmo diante de expectativas de início do ciclo de flexibilização da política monetária, os investimentos pós-fixados devem continuar sendo o “carro-chefe” na alocação de ativos no Brasil. A análise é de Chrystian Faria, estrategista de investimentos da Caixa Asset, que justifica a preferência pelo fato de que a Selic ainda deve permanecer restritiva.
No 46º Congresso Brasileiro de Previdência Privada, da Abrapp, Faria explicou que, além do patamar futuro dos juros, a atratividade do pós-fixado se mantém elevada devido aos riscos presentes no cenário global e doméstico.
“O que gostamos quando olhamamos para a classe de ativos aqui no Brasil? O pós-fixado. O Banco Central vai iniciar o ciclo de flexibilização da política monetária, mas deve reduzir a Selic para 12%. Estamos falando de uma taxa em um patamar bastante alto”, afirmou Faria.
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O estrategista da Caixa Asset detalha que, mesmo com a taxa básica em ciclo de cortes, o retorno real — acima da inflação — segue significativo. “Pensando em uma Selic terminal de 12% com um Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 5%, estamos falando do pós-fixado atrelado Certificado de Depósito Interbancário (CDI) remunerando IPCA + 7%”.
A resiliência do pós-fixado também é vista como uma proteção contra incertezas. Faria menciona riscos internacionais, como a guerra tarifária, além dos desafios internos, como a eleição, a questão fiscal e a inflação.
O estrategista também enxerga oportunidades em títulos pré-fixados, apesar de a curva de juros já ter se ajustado.
“Gostamos muito do pré-fixado. A curva teve um fechamento importante este ano, mas ainda não fechou tudo o que subiu no ano passado”, diz. “Ainda há um prêmio na curva pré, principalmente a partir dos vértices intermediários para longos.”
Cortes lentos e Selic em 12%
Na visão da Caixa Asset, a cautela será a marca da atuação do Banco Central. O economista-chefe da casa, Ramon Wiest, projeta um ciclo de cortes gradual e limitado.
Ele afirma que a economia norte-americana mais forte pode fazer com que o Federal Reserve (Fed) não corte tanto os juros do país, o que fortalece o dólar e é um risco para a inflação brasileira. “O Banco Central entende que, da mesma forma que a moeda norte-americana nos ajudou muito na desinflação, ela pode nos atrapalhar e isso é um risco”, disse no Congresso da Abrapp.
No cenário doméstico, a atividade econômica brasileira segue resiliente, com a Caixa Asset projetando um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 2,3% em 2025 e 1,8% em 2026. Segundo Wiest, essa robustez, somada aos desafios fiscais e à proximidade das eleições, tende a dificultar a dinâmica inflacionária.
“Continuamos vendo um cenário onde o nosso sucesso macroeconômico tem atrapalhado um pouco essa dinâmica inflacionária e deve exigir que o Banco Central seja bem cauteloso no seu ciclo de flexibilização da política monetária”, afirmou o economista-chefe.
A instituição espera que o Comitê de Política Monetária (Copom) inicie o ciclo de flexibilização da política monetária apenas em abril de 2026, com cortes de 0,50 ponto percentual. Os ajustes devem se estender até o final do ano, levando a taxa básica de juros a 12%.
A autarquia deve interromper a redução nesse patamar, visto que a inflação deve continuar a incomodar, permanecendo em níveis desconfortáveis e incompatíveis com a meta. Na avaliação da Asset, a taxa seria mantida estável em 12% até o final de 2027.