Meio Ambiente

Incêndios do Ártico emitem quantidade recorde de CO2 este ano

06 set 2020, 17:00 - atualizado em 03 set 2020, 14:07
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O rápido aquecimento do Ártico se manifestou nos últimos meses em ondas de calor que bateram recordes de temperatura (Imagem: Pixabay)

O Ártico enfrentou a pior temporada de incêndios já registrada pelo segundo ano consecutivo. Incêndios florestais de grandes proporções emitiram um terço a mais de dióxido de carbono na atmosfera do que no ano passado.

Os incêndios que assolam o Círculo Polar Ártico emitiram 244 milhões de toneladas de dióxido de carbono nos primeiros seis meses, em comparação com 181 milhões de toneladas em todo o ano de 2019, de acordo com o Serviço Europeu de Monitoramento da Atmosfera do Copernicus, ou CAMS na sigla em inglês.

“Já sabemos há muito tempo que a taxa de mudança do clima e da temperatura nas latitudes do norte tem sido duas a três vezes mais rápida do que a média global”, disse Mark Parrington, cientista sênior do CAMS. “O que estamos vendo agora é um sintoma dessa taxa de mudança mais rápida.”

O rápido aquecimento do Ártico se manifestou nos últimos meses em ondas de calor que bateram recordes de temperatura.

Ao mesmo tempo, satélites mostraram que o gelo marinho encolheu mais do que durante qualquer outro mês de julho na história.

Com a capa de gelo mais fina nas águas do Ártico, a Rota do Mar do Norte, que é usada durante os meses de verão para transportar gás, petróleo e metais do norte da Rússia para a China, abriu mais cedo do que o normal neste ano.

As emissões de incêndios no Ártico, alguns dos quais ainda estão em andamento, foram tão altas que em apenas seis meses a região emitiu o equivalente ao que países como Espanha, Malásia, Egito ou Ucrânia emitiram em 2018 com a queima de combustíveis fósseis, de acordo com dados mais recentes do Global Carbon Project.

A maioria dos incêndios ocorreu na República de Sakha, na Rússia, enquanto a incidência diminuiu no norte do Canadá e no Alasca em comparação com o ano passado, de acordo com o CAMS. Colunas de fumaça dos incêndios na Sibéria se espalharam por milhares de quilômetros, cobrindo o equivalente a mais de um terço do Canadá.

Cientistas acreditam que os chamados “incêndios zumbis” que se originaram no ano passado podem ter ocorrido no subsolo durante os meses de inverno e foram reativados na primavera quando uma onda de calor atingiu a região.

“Quando incêndios começam nessa parte do mundo, podem durar um longo período”, disse Parrington. “Não ficaria surpreso se vermos algo semelhante novamente no próximo ano.”

bloomberg@moneytimes.com.br