Incerteza com políticas de Trump trava Fed: ‘Sem tarifas, confiança na queda da inflação estaria aumentando’, diz Powell

O presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, atribuiu o compasso de espera na política monetária à incerteza gerada pelas tarifas impostas pelo presidente Donald Trump.
Nesta quarta-feira (18), obanco central norte-americano manteve a taxa de juros dos Estados Unidos (EUA) no intervalo de 4,25% a 4,50% ao ano pela quarta reunião seguida. A manutenção já era esperada amplamente pelo mercado.
Em coletiva de imprensa após a divulgação da decisão sobre a taxa e de novas projeções para a economia do país, Powell reforçou que os efeitos das tarifas começaram a aparecer e podem ter impacto maior tanto na inflação quanto na atividade econômica.
“Leva algum tempo para que as tarifas atinjam a cadeia de distribuição até o consumidor final. Vemos aumentos de preços em algumas categorias relevantes, como computadores pessoais e equipamentos audiovisuais, que são atribuíveis aos aumentos de tarifas”, disse.
“Estamos começando a ver alguns efeitos e esperamos ver mais”, alertou.
- GIRO DO MERCADO: Entenda como decisões de juros no Brasil e nos EUA afetam seus investimentos em edição especial do programa
O presidente da autarquia lembrou ainda que a inflação dos bens começou a subir e disse que, sem tarifas, a confiança de que os preços estariam diminuindo já estaria aumentando.
Segundo ele, não apenas as tarifas, mas também outras frentes de política econômica introduzidas ou propostas por Trump — como mudanças fiscais, regulatórias e imigratórias — trazem volatilidade.
Na novas projeções apresentadas pelo Fed, as autoridades esboçaram um quadro modestamente “estagflacionário” para a economia dos EUA, com o crescimento desacelerando para 1,4% neste ano, o desemprego subindo para 4,5% e a inflação encerrando 2025 em 3%.
A mediana das expectativas ainda indica que juros encerrarão 2025 em 3,9%. Para 2026 e 2027, as apostas são de 3,6% e 3,4%, respectivamente.
Diante do ambiente instável, Powell sinalizou que o Fed manterá uma postura vigilante e flexível. “Continuaremos a determinar a postura apropriada da política monetária com base nos dados recebidos, na evolução das perspectivas e no equilíbrio de riscos”, afirmou.
Ainda segundo ele, a postura atual da política monetária os deixa “bem posicionados” para responder em tempo hábil a potenciais desenvolvimentos econômicos.