Economia

Incerteza sobre commodities fez Copom não sinalizar proporção dos próximos ajustes na Selic, diz ata

08 fev 2022, 8:29 - atualizado em 08 fev 2022, 8:45
Roberto Campos Neto
Ata da reunião revela que o Comitê concluiu que ajustes adicionais em ritmo menor nas próximas reuniões são a estratégia mais adequada. (Imagem: Reuters/Adriano Machado)

A incerteza elevada sobre preços de importantes ativos e commodities, “assim como o estágio do ciclo”, fez o Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) considerar mais adequado não sinalizar a magnitude dos seus próximos ajustes na Selic, diz ata da última decisão divulgada nesta terça-feira (8).

O BC decidiu por elevar a taxa básica de juros em 1,5 ponto percentual, para 10,75%, no último dia 2, mas não sinalizou um ajuste na mesma proporção para a reunião seguinte, como estava fazendo até então.

A ata da reunião revela que o Comitê concluiu que ajustes adicionais em ritmo menor nas próximas reuniões são a estratégia mais adequada para atingir aperto monetário suficiente e garantir a convergência da inflação ao longo do horizonte relevante, “assim como a ancoragem das expectativas de prazos mais longos”.

Uma possível reversão, ainda que parcial, do aumento nos preços das commodities internacionais em moeda local produziria trajetória de inflação abaixo do cenário de referência, ponderaram membros do Copom.

No entanto, políticas fiscais que impliquem impulso adicional da demanda agregada ou piorem a trajetória fiscal futura podem impactar negativamente preços de ativos importantes e elevar os prêmios de risco do país, diz trecho da ata.

Inflação no curto prazo

O Comitê notou, conforme o documento, que mesmo políticas fiscais que tenham efeitos baixistas sobre a inflação no curto prazo podem causar deterioração nos prêmios de risco, aumento das expectativas de inflação e, consequentemente, um efeito altista na inflação prospectiva.

A discussão entre membros do Copom aparece em um momento em que se discute em Brasília projetos que podem segurar a alta dos preços dos combustíveis, uma das principais contribuições para a alta da inflação no ano passado.

Para o BC, a incerteza em relação ao futuro do arcabouço fiscal atual resulta em elevação dos prêmios de risco e eleva o risco de desancoragem das expectativas de inflação. Isso implica atribuir maior probabilidade para cenários alternativos que considerem taxas neutras de juros mais elevadas, diz.

“Esmorecimento no esforço de reformas estruturais e alterações de caráter permanente no processo de ajuste das contas públicas podem elevar a taxa de juros estrutural da economia”.

Quanto ao balanço de riscos, o Comitê ponderou que o risco de desancoragem das expectativas para prazos mais longos, derivado dos desenvolvimentos no cenário fiscal, “mantém o viés altista para as projeções do seu cenário de referência”.

Como consequência, diz a ata, o Copom avaliou que suas projeções se encontram acima da meta tanto para 2022 como para 2023. “Diante desse resultado, novamente o Copom concluiu que o ciclo de aperto monetário deverá ser mais contracionista do que o utilizado no cenário de referência ao longo do horizonte relevante”.

*Conteúdo em atualização. Mais informações em instantes. 

Editor
Jornalista formado pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), com MBA em finanças pela Estácio. Colaborou com Gazeta do Povo, Estadão, entre outros.
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Jornalista formado pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), com MBA em finanças pela Estácio. Colaborou com Gazeta do Povo, Estadão, entre outros.
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