Importadora de Brasil e Argentina, Índia faz compra recorde de óleo de soja da China em movimento raro

Em um movimento raro, importadores indianos compraram um recorde de 150 mil toneladas métricas de óleo de soja da China, já que um excesso de oferta levou os processadores chineses a vender com desconto em relação aos fornecedores tradicionais da Índia na América do Sul, disseram quatro fontes comerciais.
As exportações para a Índia ajudarão as processadoras chinesas a reduzir os estoques, que dispararam após as importações de soja do país atingirem um pico recorde em maio, impulsionando o processamento e os estoques enquanto a demanda desacelerou. A China é a maior importadora mundial de soja.
Importadores indianos compraram o óleo de soja para embarque entre setembro e dezembro, com os vendedores oferecendo um desconto de US$ 15 a US$ 20 a tonelada em comparação com os suprimentos sul-americanos, disseram as fontes que não quiseram ser identificadas porque não estavam autorizadas a falar com a imprensa.
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“Os esmagadores de soja chineses estão enfrentando dificuldades com o excesso de farelo e óleo de soja. Para reduzir os estoques, eles estão enviando óleo para a Índia”, disse à Reuters o negociante de uma empresa de comércio internacional em Nova Déli.
A Índia, que importa principalmente óleo de soja da Argentina e do Brasil, começou a comprar da China devido à vantagem de preço, disse o negociante. A China é tradicionalmente uma importadora líquida de óleo de soja e óleo de palma.
Os esmagadores chineses ofereceram óleo de soja bruto por cerca de US$ 1.140 por tonelada, incluindo custo, seguro e frete (CIF, na sigla em inglês), para embarques no trimestre de dezembro, em comparação com US$ 1.160 da América do Sul, disse outro negociante.
Os menores custos de frete também deram vantagem à China, já que as remessas da América do Sul levam mais de seis semanas para chegar à Índia, enquanto as da China chegam em duas a três semanas, disse um revendedor de Mumbai.
Quase dois terços da demanda da Índia por óleo vegetal é atendida por meio de importações (por empresas privadas) de óleo de palma, principalmente da Indonésia e da Malásia, bem como óleo de girassol e óleo de soja da Rússia e da Ucrânia, além da Argentina e do Brasil.
Na Índia e em outros lugares, o óleo de soja está sendo negociado com um prêmio em relação ao óleo de palma mas, na China, o óleo de soja está sendo negociado com desconto devido ao excesso de oferta, disse um negociante de Kuala Lumpur.
A demanda anual de óleo de cozinha da Índia é enorme, e o país poderia comprar ainda mais da China se o produto fosse oferecido a preços competitivos, disse Sandeep Bajoria, presidente-executivo do Sunvin Group, uma corretora de óleo vegetal sediada em Mumbai.