Mercados

Ibovespa fecha quase estável com reforma tributária ainda em foco

28 jun 2021, 17:10 - atualizado em 28 jun 2021, 17:51
Congresso
O volume financeiro no pregão somou 28,4 bilhões de reais (Imagem: REUTERS/Adriano Machado)

O Ibovespa (IBOV) fechou praticamente estável nesta segunda-feira, com a recuperação das ações da Ambev (ABEV3) contrabalançando o declínio dos papéis da Vale (VALE3) e de bancos, enquanto agentes financeiros continuaram calculando os reflexos de medidas fiscais propostas pelo governo federal na segunda fase da reforma tributária.

Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa encerrou com variação positiva de 0,14%, a 127.429,17 pontos, tendo alcançado 126.628,95 pontos na mínima da sessão e recuperado momentaneamente o patamar dos 128 mil pontos na máxima.

O volume financeiro no pregão somou 28,4 bilhões de reais.

“Ainda foi um dia de interpretação da reforma tributária”, avaliou o estrategista da RB Investimentos Gustavo Cruz. Ele observou um movimento mais ponderado, com reação de ações que foram mais penalizadas na sexta-feira, uma vez que parte das medidas apresentadas pode nem ser colocada em prática.

O Ibovespa fechou abaixo dos 128 mil pontos pela primeira vez no mês na sexta-feira, reagindo à proposta da segunda etapa da reforma tributária, que trouxe, entre outras mudanças, a tributação sobre dividendos e a eliminação do mecanismo juros sobre capital próprio (JCP).

Na visão de Cruz, o mercado respondeu na sexta-feira como se medidas propostas fossem o novo cenário, sem espaço para negociação, “algo que não parece muito provável dado o histórico recente”. Ele lembrou que as reformas encaminhadas pelo governo tem adotado um texto mais amplo, com “gordura” para negociações.

Wall Street fechou com novos recordes para o Nasdaq e o S&P 500, uma vez que a queda nos rendimentos dos Treasuries favoreceu a alta de papéis de tecnologia.

O movimento reverberou no pregão brasileiro, com ações domo Locaweb (LWSA3) e Totvs (TOTS3) também entre os destaques de alta.

 

Destaques

Ambev (ABEV3) subiu 3,24%, em sessão de recuperação após tombo de 5,57% na última sexta-feira na esteira do anúncio das medidas tributárias. Analistas veem a empresa como uma das mais afetadas pelo fim do mecanismo de JCP proposto pelo governo.

Analistas do Bradesco BBI calculam um efeito negativo de 10,6% nos lucros da Ambev em 2022 e de 7,5% em 2023 a partir das mudanças tributárias propostas pelo governo.

Vale (VALE3) cedeu 1,6%, apesar da alta dos futuros do minério de ferro na China. Na visão de analistas da Safra Corretora, no setor de mineração e siderurgia, fim do JCP tende a ter um impacto maior nas empresas com alta distribuição de lucros, como Vale.

Por outro lado, veem como maiores beneficiários potenciais da redução da alíquota de IR aqueles com a maior alíquota efetiva dos últimos anos e que fizeram pouco ou nenhum pagamento de JCP, como Usiminas.

Usiminas (USIM5) subiu 0,48%.

Itaú Unibanco (ITUB4) perdeu 1,14% e Bradesco (BBDC4) recuou 0,49%, uma vez que os bancos estavam entre os principais beneficiários da dedutibilidade do JCP.

Para analistas do Credit Suisse, o efeito negativo com o fim do JCP deve superar o impacto positivo da redução da alíquota do IR.

Btg Pactual (BPAC11) destoou e subiu 3,12%, em meio à divulgação de procedimentos relacionados ao desdobramento das ações que compõe o capital social de 1 para 4.

Petrobras (PETR4) caiu 0,17% e Petrobras (PETR3) cedeu 0,44%, em sessão marcada pelo declínio do petróleo no exterior.

A companhia também informou que iniciou nesta segunda-feira licitação internacional para implantação de uma nova unidade de hidrotratamento de diesel e os sistemas auxiliares necessários, visando à adequação e modernização do parque de refino de Paulínia (SP).

Cvc Brasil (CVCB3) avançou 3,62%, apoiada nesta sessão por relatório do Bank of America que elevou para compra a recomendação para os papéis da operadora de turismo, com preço-alvo de 33 reais.

Na visão da equipe de Robert E. Ford Aguilar, a renegociação de dívidas e aumentos de capital garantem a sobrevivência da CVC e a posicionam bem em relação aos rivais para financiar o crescimento à medida que as viagens se recuperam. No ano, os papéis sobem cerca de 45%.

Qualicorp (QUAL3) valorizou-se 3,34%, após anunciar nesta segunda-feira parceria com o Banco Inter e a Inter Seguros para comercialização de planos de saúde coletivos por adesão. “A parceria deve trazer bons frutos, principalmente para a Qualicorp, que poderá chegar a um maior número de clientes, podendo ganhar escala junto ao Banco Inter”, afirmou a Guide Investimentos.

Banco Inter (BIDI11) subiu 1,29%.

Iguatemi (IGTA3) recuou 2,62%, em sessão negativa para o setor de shopping centers, com BRMALLS (BRML3)  caindo 1,98% e Multiplan (MULT3) perdendo 1,33%.

CIELO (CIEL3) caiu 1,36%, após renúncia de Mauro Ribeiro Neto como presidente e membro do conselho de administração da empresa de meios de pagamentos.

O colegiado ainda irá deliberar qual de seus integrantes será o presidente do colegiado, esclareceu a Cielo à Reuters.

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