Economia

Inflação alta em 2022? Pressão no dólar dificulta queda no ano que vem, diz Joaquim Levy

27 out 2021, 12:12 - atualizado em 27 out 2021, 12:12
Joaquim Levy
Segundo ele, o maior ritmo dos juros é proporcional ao desafio fiscal e também ao resultado da inflação medida pelo IPCA-15 divulgado na terça-feira (Imagem: Divulgação)

O avanço do dólar na esteira da incerteza fiscal causada pela quebra do teto de gastos atrapalha a convergência da inflação para 4% em 2022, diz Joaquim Levy, ex-ministro da Fazenda no governo de Dilma Rousseff.

A inflação já atingiu dois dígitos no acumulado em 12 meses no país e o Banco Central busca fazer com que volte para a meta de 3,5% no próximo ano.

O Copom provavelmente elevará a Selic em 1,5 ponto percentual nesta quarta-feira, acelerando o passo em relação à alta anterior de 1 ponto, afirma Levy, que atualmente é diretor de Estratégia Econômica e Relações com Mercados do Banco Safra.

Segundo ele, o maior ritmo dos juros é proporcional ao desafio fiscal e também ao resultado da inflação medida pelo IPCA-15 divulgado na terça-feira, que superou todas as expectativas.

Exceções ao teto

A volatilidade vista recentemente no mercado brasileiro é compatível com a perda da âncora do teto de gastos, diz o ex-ministro.

Tem sido verificada “certa facilidade” de se criar excepcionalidades ao teto de gastos por meio de emendas constitucionais com pouca contrapartida fiscal, avalia. “É normal que as variáveis financeiras se ajustem um pouco bruscamente.”

O dólar subiu 3,5% na semana passada, fazendo do real a segunda pior moeda emergente no período, após o governo enviar ao Congresso a PEC dos precatórios com uma revisão da regra do teto de gastos para acomodar o novo programa social do governo, de R$ 400,00 por mês.

Ao mesmo tempo, os juros futuros dispararam com apostas de que o Banco Central terá de ampliar o aperto monetário para conter a piora das expectativas inflacionárias.

Além da piora da trajetória da dívida pública, as indicações são de que o crescimento do PIB migrará para perto de 1% no próximo ano, passado o efeito imediato do estímulo fiscal de quase R$ 1 trilhão dado em 2020, diz Levy.

Segundo o ex-ministro, o país precisa enfrentar os problemas sociais de maneira sistemática, com estudos que ancorem do ponto de vista fiscal os programas que venham a ser adotados.

“Só assim é possível esperar atender as enormes demandas da saúde, educação e sustento dos mais vulneráveis com um mínimo de sucesso e respeitando a limitação de recursos que está evidente a todos.”

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