Economia

Inflação baixa abre espaço para Teoria Monetária Moderna

18 fev 2020, 17:26 - atualizado em 18 fev 2020, 17:26
A teoria reforça o crescente ceticismo sobre a capacidade da política monetária de estimular a inflação por conta própria (Imagem: Carlos Becerra/Bloomberg)

É provável que a atual era de inflação persistentemente baixa seja revertida pela Teoria Monetária Moderna, segundo gestores de fundos com US$ 632 bilhões em ativos, uma consequência que também poderia reverter vencedores e perdedores do mercado de ações.

Uma adoção em grande escala da TMM por formuladores de políticas fiscais poderia implicar em aumento da utilização de mão de obra e recursos, o que pressionaria salários e preços.

Essa resposta de Wall Street à pesquisa de fevereiro com investidores globais realizada pelo Bank of America reforça o crescente ceticismo sobre a capacidade da política monetária de estimular a inflação por conta própria e o reconhecimento cada vez maior de que uma ação mais direta dos governos pode ser necessária para aumentar a demanda agregada e pressões de preços.

A TMM, dizem seus defensores, é uma lente através da qual a economia pode ser analisada, e não um conjunto específico de prescrições de políticas.

Essa maneira de ver o mundo prega que governos que se financiam em suas próprias moedas soberanas não podem se tornar inadimplentes e, portanto, não enfrentam restrições orçamentárias, mas são limitados por recursos reais.

Nos Estados Unidos, a TMM se tornou de certa forma vinculada aos apelos de garantia de emprego e de um Green New Deal mais amplo graças a políticos como a deputada Alexandria Ocasio-Cortez e o senador Bernie Sanders.

Embora economistas de Wall Street tenham sentimentos contraditórios sobre os méritos da TMM, o conceito atraiu fortes críticas de figuras como o diretor-presidente da Berkshire Hathaway, Warren Buffett, e do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell.

Stephanie Kelton, professora da Universidade Stony Brook e consultora para a campanha presidencial de Sanders, uma defensora da TMM, sugeriu que o déficit orçamentário dos EUA poderia aumentar com segurança em US$ 500 bilhões antes de começar a provocar pressões “problemáticas” nos preços. A TMM não é a favor da inflação descontrolada.

Alguns de seus principais defensores indicaram que, embora a restrição à inflação seja preferível à restrição orçamentária para os governos, a inflação nem sempre é indício de superaquecimento da economia.

Como as fontes de inflação podem ser relativamente concentradas e independentes do ciclo de negócios, a política regulatória pode, portanto, ser uma alavanca mais eficaz para controlar a inflação, argumentam.

A recuperação global persistentemente lenta da Grande Recessão, apesar do amplo afrouxamento monetário dos bancos centrais, teve efeitos profundos nos mercados financeiros, o que ajuda a explicar a crença de investidores de que mudanças estruturais seriam necessárias para alterar materialmente o ambiente macroeconômico.

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