Inflação da zona do euro sobe ligeiramente em agosto, mas se mantém próxima da meta de 2%

A inflação na zona do euro subiu levemente em agosto, permanecendo próxima da meta de 2% do Banco Central Europeu (BCE) e provavelmente reforçando as apostas do mercado de que as taxas de juros permanecerão inalteradas no curto prazo.
A inflação nos 20 países que compartilham o euro subiu para 2,1% no mês passado, ante 2,0% em julho, ligeiramente acima da expectativa de 2,0% em uma pesquisa da Reuters. O avanço foi impulsionado por um aumento nos preços de alimentos não processados e por um menor impacto negativo da queda nos preços da energia, segundo dados da Eurostat divulgados nesta terça-feira (2).
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Um indicador mais observado, que mede a inflação subjacente, excluindo preços voláteis de alimentos e combustíveis, permaneceu estável em 2,3%, contrariando expectativas de queda para 2,2%.
Os números confirmam a própria projeção do BCE, que prevê que a inflação oscile em torno da meta até o final do ano, com a inflação de bens mais contida e a moderação nos preços da energia compensando o aumento ainda forte nos preços de alimentos e serviços.
Esse quadro relativamente calmo no crescimento dos preços explica por que os mercados esperam estabilidade nas taxas de juros até o fim do ano, mesmo que os formuladores de política monetária ainda possam debater se será necessário mais afrouxamento monetário, além dos dois pontos percentuais de cortes nas taxas desde meados de 2024.
Esse debate pode ganhar força no início de 2026, já que a inflação deve ficar abaixo da meta, ainda que temporariamente, levantando preocupações de que uma inflação muito baixa possa se tornar persistente, como ocorreu na década anterior à pandemia.
Antecipando esse cenário, a membro do conselho do BCE, Isabel Schnabel, argumentou nesta terça-feira que os riscos para a inflação estão inclinados para cima, e afirmou que não vê risco de a inflação se fixar abaixo da meta, já que o crescimento econômico segue saudável e as tensões no comércio global tendem a pressionar os custos para cima.
“É importante reconhecer que não podemos ajustar a inflação com precisão para que fique sempre em 2% em um mundo sujeito a choques,” disse Schnabel à Reuters. “Podemos tolerar desvios moderados da meta, em qualquer direção”.
Outros formuladores de políticas são menos otimistas quanto às perspectivas e continuam discutindo abertamente a possibilidade de mais cortes de juros adiante.
O próximo encontro do BCE será em 11 de setembro, e os economistas esperam amplamente que a taxa de depósito permaneça inalterada em 2%.
As expectativas, no entanto, divergem para prazos mais longos, e alguns ainda esperam um corte ‘preventivo’ no fim do ano ou no início de 2026, como sinal de que o BCE não tolerará uma inflação persistentemente abaixo da meta.