Inflação acima da meta não muda projeção de corte de juros nos EUA em outubro, mas mercado ainda teme Fed politizado

A projeção de corte de juros nos Estados Unidos em outubro não deve ser alterada, mesmo com a inflação acima da meta do Federal Reserve (Fed), conforme divulgado nesta sexta-feira (26).
No Giro do Mercado, a jornalista Paula Comassetto recebeu Matheus Spiess, estrategista da Empiricus Research, que comentou sobre o cenário econômico dos EUA.
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Segundo o especialista, a divulgação do índice de preços (PCE) do país, com alta de 0,3% em agosto, mantém o espaço aberto para um novo corte de 25 pontos-base em outubro, com chance de mais uma redução em dezembro.
“O PCE em linha permite que haja corte em outubro, como o mercado espera. Dezembro depende dos próximos dados, especialmente do payroll”, disse.
Spiess, no entanto, alertou para riscos em 2026, quando a política monetária pode ser influenciada pela disputa pelo comando do Fed, em maio do ano que vem. “Existe um viés politizado na escolha do próximo chairman”.
Para ele três fatores podem reacender a inflação nos EUA: tarifas setoriais, estímulos fiscais e maior resiliência da atividade econômica. Diante disso, futuros cortes além dos previstos em 2025 se tornam mais difíceis, podendo comprometer o cenário de inflação controlada.
“Teremos pelo menos dois, talvez três cortes de juros no final de 2025. Se esses fatores começarem a impactar na inflação em 2026 e tiver mais corte, vai soar como politização do Fed. Se ele deixar de parecer independente, isso não será positivo para ativos de risco”, afirmou.
Brasil: eleições cada vez mais no radar
No cenário doméstico, Spiess destacou que a partir de outubro o mercado deve precificar cada vez mais o cenário eleitoral de 2026. Segundo ele, a janela de 12 meses para as eleições deve fazer a disputa “entrar de vez nos preços”.
O estrategista ainda afirmou que qualquer candidato terá de propor um ajuste fiscal em 2027, visando o funcionamento da máquina pública. A depender de como a disputa se desdobrar, o mercado deve conviver com alta volatilidade.
“Independente do presidente, teremos que fazer um ajuste. Qualquer discurso que não passe por um ajuste em 2027 é demagogia e estelionato eleitoral. Esse debate precisa ser colocado claramente para a população desde já”, afirmou.
O programa ainda abordou o desempenho do dólar, dos mercados globais e outros destaques corporativos. Para acompanhar o Giro do Mercado na íntegra, acesse o canal do Money Times no YouTube.
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