Inter deve sair na frente com nova estrutura de crédito imobiliário, avalia BofA

O Bank of America (BofA) aponta que o Inter (INBR32) e os bancos privados tradicionais devem ser os principais beneficiários da nova estrutura de crédito imobiliário, anunciada pelo governo federal na última sexta-feira (10).
Em relatório, a instituição destaca que o principal diferencial do Inter está na composição de sua carteira.
Enquanto para os bancos tradicionais o crédito imobiliário representa cerca de 10% do portfólio, no caso do Inter esse percentual salta para aproximadamente 30%.
Essa alta exposição faz com que a liberação de recursos e o novo fôlego para o SFH (Sistema Financeiro de Habitação) tenham um impacto proporcionalmente maior no crescimento da carteira total do Inter, em comparação com seus pares.
Além disso, o BofA vê efeito positivo para a Caixa Seguridade (CXSE3), que deve registrar avanço nos prêmios emitidos de sua área de seguros.
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Entendendo as mudanças
As medidas anunciadas pelo governo federal têm como objetivo enfrentar o cenário desafiador para as cadernetas de poupança, cujas saídas, de R$ 60 bilhões no acumulado do ano, resultaram em menos — e mais caros — financiamentos imobiliários e de construções para projetos fora do Minha Casa, Minha Vida (MCMV).
Atualmente, os bancos devem alocar 65% dos depósitos de poupança para crédito imobiliário e manter 20% como reservas compulsórias no Banco Central (BC).
Sob a nova estrutura, essa reserva compulsória cairá imediatamente para 15% e, em seguida, será reduzida em 1,5 ponto percentual por ano até chegar a zero.
De acordo com estimativas do BC, a nova estrutura deve liberar até R$ 52 bilhões em crédito imobiliário nos próximos anos, sendo R$ 37 bilhões imediatamente.
“No geral, acreditamos que o novo arcabouço deverá permitir que o crédito continue a crescer próximo a cerca de 10%, em comparação com as expectativas anteriores de desaceleração”, afirma o BofA.
Teto para os juros
O governo também definiu que, agora, 80% dos recursos do novo sistema devem ser direcionados a empréstimos vinculados (SFH) e 20% a empréstimos não vinculados (SFI).
Além disso, o valor máximo dos imóveis financiáveis pelo SFH foi elevado de R$ 1,5 milhão para R$ 2,25 milhões, com limite de juros em 12% ao ano.
O BofA observa que a maioria dos grandes bancos (exceto o Santander, com 12,4%) já opera com taxas abaixo ou muito próximas desse limite: Bradesco (11,9%) e Itaú (11,5%).
Entre os públicos, os juros são menores: Banco do Brasil, com aproximadamente 8,8%, e Caixa Econômica Federal, com 7,6%.
Crescimento do mercado
O relatório do Bank of America destaca ainda que a notícia deve trazer um suporte significativo para o crescimento estrutural do crédito imobiliário no país.
Segundo a casa, embora a Caixa permaneça como líder absoluta, com 69% de participação no mercado, o novo modelo poderá injetar liquidez e permitir que bancos privados aumentem sua participação.
O BofA lembra que o Itaú é atualmente a instituição privada mais relevante, com 11% de participação, seguido por Bradesco (8%) e Santander (5%). Já o Banco do Brasil detém apenas 4%, devido ao foco em crédito rural.