Inter vê inflação menor ainda neste ano, mas corte da Selic só em 2026
 
						Uma semana após a surpresa positiva com o IPCA-15, o Inter revisou para baixo a previsão para inflação no final deste ano.
O banco reduziu as estimativas para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), principal referência de inflação para o Banco Central (BC), de 4,70% para 4,60% em dezembro — próximo do teto da meta de 3%, com 1,5 ponto percentual de tolerância.
A projeção do Inter está alinhada à expectativa do mercado. No último Relatório Focus, os economistas consultados pelo BC projetavam IPCA a 4,56% no final de 2025.
“Os dados recentes do IPCA-15 de outubro confirmam a tendência de desinflação, incluindo redução nas medidas de núcleos e serviços. A média móvel de três meses anualizada da medida de núcleos está próxima de 2,9%, patamar dentro do intervalo da meta”, afirmou a economista-chefe Rafaela Vitória, em relatório.
O IPCA-15, considerado a prévia da inflação, subiu 0,18% em outubro e foi a 4,94% em 12 meses. A projeção do mercado era de que o índice avançaria 0,24% e 5%, respectivamente.
O Inter também revisou para baixo a projeção da inflação para o final de 2026, de 4,1% para 4,0% — em linha com o Focus da última segunda-feira (27).
E como ficam os juros?
A economista-chefe do Inter mantém a visão de que o Banco Central só deve iniciar o ciclo de cortes na taxa de juros, a Selic, nos primeiros meses de 2026 — embora haja espaço para um afrouxamento monetário ainda neste ano.
“Apesar de vermos espaço para a redução da Selic iniciando ainda em 2025, os membros do Copom mantêm um discurso mais duro, o que vem ancorando as expectativas de mercado de manutenção do atual patamar de 15% por mais tempo”, disse Rafaela Vitória.
O Inter considera “plausível” um corte de 3 pontos percentuais, levando a taxa para 12% ao ano, no próximo ciclo de afrouxamento monetário.
O “espaço” para redução leva em conta o elevado nível de restrição da política monetária atual e cenário de desaceleração da atividade — mesmo com a expectativa de uma nova expansão fiscal em 2026 e com déficit abaixo da linha subindo de cerca de R$ 50 bilhões para R$ 110 bilhões no próximo ano.
Outros dados de atividade
Segundo Rafaela Vitória, os indicadores de atividade econômica do terceiro trimestre (3T25) confirmam a tendência de desaceleração da economia.
Por isso, a economista-chefe também mantém a projeção de um Produto Interno Bruto (PIB) levemente negativo no trimestre, com crescimento anualizado de 1,4%. Para 2025, a expectativa é de crescimento de 2%, apoiado pelo desempenho do primeiro semestre.
Já para 2026, é esperado uma desaceleração de 1,8%, devido à manutenção da restrição monetária por mais tempo e enfraquecimento do crédito, mesmo com uma antecipação na curva de juros de algum corte na Selic nos próximos meses.
As estimativas de déficit primário, incluindo o pagamento de precatórios e outros gastos fora da meta, permaneceram em 0,4% do PIB em 2025 e 0,8% em 2026.
“Apesar da robusta arrecadação, já observamos uma desaceleração no seu crescimento, enquanto a alta real dos gastos deve ficar próximo de 5% em 2026”, afirma a economista-chefe do Inter.
Para Vitória, a tendência de queda pode continuar no longo prazo caso não haja medidas mais efetivas de controle do crescimento das despesas obrigatórias — “o que inclui revisões nas políticas de aumento real do salário mínimo e vinculação de gastos à receita”.
 
							 
				 
				 
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