Investidores migram para a renda fixa em meio à alta dos juros e incertezas tributárias; entenda

O movimento de migração dos investidores para ativos de renda fixa ganhou força este ano, impulsionado pela escalada da taxa básica de juros, que saiu de 11,25% em dezembro de 2024 para os atuais 15%.
Segundo dados da Anbima e da Moody’s Local Brasil, no primeiro semestre de 2025, os fundos de renda fixa e os FIDCs apresentaram desempenho positivo, com captação líquida de R$ 59 bilhões e R$ 21 bilhões, respectivamente.
Esse resultado contrasta com o saldo negativo acumulado de R$ 38 bilhões em captações totais no ano, puxado pelos expressivos resgates dos fundos multimercados, que somam R$ 79 bilhões.
- Ibovespa reage à inflação no Brasil e nos EUA, com resultados do 2T25 no radar; confira o que mexe com seu bolso no Giro do Mercado:
Crédito privado em ritmo acelerado
Em relatório, a Moody’s revelou que o mercado de crédito brasileiro também apresentou desempenho robusto, com emissões primárias que totalizaram R$ 302 bilhões no primeiro semestre — um volume significativo, considerando que 2024 registrou captações recordes de aproximadamente R$ 713 bilhões.

As emissões foram lideradas por debêntures (64%), seguidas por FIDCs (13%), notas comerciais (10%), certificados de recebíveis imobiliários (CRIs, 8%) e do agronegócio (CRAs, 5%).
Para a agência de classificação de risco, o crescimento e a diversificação dos instrumentos financeiros refletem a maturidade do mercado de crédito brasileiro, que vem conseguindo atender a diferentes perfis e necessidades de financiamento, mesmo diante do atual cenário macroeconômico.
“O aumento do volume e a diversificação dos produtos de captação refletem a crescente capacidade em atender a diferentes perfis setoriais e demandas”, diz a Moody’s.
Reação às mudanças tributárias
O relatório também destaca que o mercado respondeu às discussões sobre possíveis alterações na tributação com um aumento expressivo das emissões em junho, numa busca antecipada por financiamento antes das eventuais mudanças regulatórias.

Esse movimento está relacionado à Medida Provisória, ainda não aprovada e que segue parada no Congresso, que prevê a tributação de títulos de renda fixa antes isentos — como LCIs, LCAs, CRIs e debêntures incentivadas — com uma alíquota de 5% sobre os ganhos para papéis emitidos a partir de 2026.
“Emissores têm antecipado suas operações para garantir os benefícios do regime atual, tendência que deve se sustentar até o final de 2025”, aponta o relatório.