Economia

IPCA-15 de maio reforça chance de fim do ciclo de alta da Selic e mercado deve começar a revisar projeções de inflação

27 maio 2025, 12:20 - atualizado em 27 maio 2025, 12:20
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O IPCA-15 de maio reforçou ao mercado o fim do ciclo da Selic a 14,75% (Imagem: Getty Images/Canva)

Os dados divulgados nesta terça-feira (27) pelo IBGE mostram uma variação abaixo do esperado pelo mercado do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), reforçando a possibilidade de fim do ciclo de alta da taxa de juros (Selic) em 14,75%.

Em maio, houve um crescimento de 0,36% do índice considerado a prévia da inflação oficial, representando uma desaceleração em relação à alta de 0,43% em abril. Agora, a inflação acumula alta de 2,80% no ano e de 5,40% em doze meses. No mês passado, esses números eram de 2,43% e 5,49%, respectivamente.

Rafael Cardoso, economista-chefe do Banco Daycoval, destaca que o dado de hoje, no geral, surpreendeu, com uma deflação expressiva em passagens aéreas e alta menor no núcleo de serviços como destaques.

“O número em si é mais baixo do que o esperado. Podemos dizer que o IPCA-15 desse mês veio com uma leitura qualitativa um pouco melhor”, disse.

Isso porque passagens aéreas, um item mais volátil, registrou uma queda bem mais expressiva do que o imaginado para Cardoso. Além disso, serviços automotivos e alimentação fora do domicílio também ajudaram na desaceleração do IPCA-15. “Nesse cenário, parte da surpresa é mais pontual, mas outra parte é mais qualitativa“, destacou.

“Acreditamos que isso não deve ter grandes implicações para o Banco Central. Mas ajuda no curto prazo, obviamente, com uma inflação mais comportada, a ter mais conforto para o encerramento do ciclo de alta dos juros“, completou.

Alexandre Maluf, economista da XP Investimentos, classificou o resultado como uma “boa leitura”. Segundo ele, a surpresa disseminada para baixo nos diversos grupos de preços pode levar a “novas revisões baixistas para o IPCA deste ano por parte do mercado”.

O economista explicou que dois fatores pressionaram o índice para cima: os reajustes sazonais nos preços de medicamentos e o acionamento da bandeira amarela na conta de energia elétrica. “Tivemos 1,7% de variação mensal na energia”, pontuou. Ainda assim, a maior surpresa foi o comportamento dos preços livres, especialmente dos alimentos.

Com isso, Maluf avalia que o cenário inflacionário deixou de deteriorar-se na margem, embora ainda siga elevado. “A média dos núcleos estabilizou em torno de 5,7%. É um patamar ainda bem alto, vamos ser sinceros, mas deixou de mostrar deterioração”, disse.

Em relação à política monetária, com o dado de hoje, ele acredita que o mercado deva revisar para baixo as projeções de inflação no Boletim Focus das próximas semanas e reforça a possibilidade de que o Banco Central interrompa o ciclo de alta de juros.

“Acho que é mais um elemento que o Copom deve considerar para manter os juros agora na reunião de junho, com uma leitura que conversa com a argumentação deles sobre a inflação corrente e deixou de apresentar deterioração”.

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Estagiária
Estudante de jornalismo na Universidade São Judas Tadeu, tem habilidades em edição de imagens e vídeos além da paixão pelo meio de comunicações.
vitoria.pitanga@moneytimes.com.br
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