IPCA de abril deve desafiar BC no curto prazo e reforçar uma política monetária contracionista, apontam analistas

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de abril deve reforçar uma política monetária contracionista, desafiando o Banco Central (BC) no curto prazo. A expectativa é que a inflação brasileira suba 0,42% este mês, após avanço de 0,56% em março.
Como sinalizado na leitura do IPCA-15, o indicador deve confirmar um cenário desafiador para no curto prazo, com o acumulado de um ano do IPCA acima do teto da meta de inflação perseguida pelo BC em 2025. O alvo é 3%, com tolerância de 1,5 ponto percentual (p.p.) para baixo ou para cima.
Em 12 meses, o índice deve acumular alta de 5,52%, segundo a mediana das projeções coletadas pelo Money Times. A leitura será divulgada às 9h (horário de Brasília) desta sexta-feira (9).
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Para Rafael Cardoso, Julio Cesar Barros e Antonio Ricciardi, economistas do banco Daycoval, o indicador deve refletir pressões dos alimentos e reajustes dos remédios, além de deflação das passagens aéreas, atenuando a alta de serviços.
Para a equipe, a projeção é de que o IPCA de abril varie 0,42%. Portanto, deve apresentar alta em função dos preços dos alimentos, serviços e do reajuste sazonal dos preços dos medicamentos.
Já os serviços subjacentes devem seguir pressionados e constituem um desafio relevante para o Banco Central. “Com isso, a política monetária deve seguir contracionista”, apontam.
IPCA de abril deve recuar, com destaque para alimentação e gasolina
A estrategista da Warren Investimentos, Andréa Angelo, diz que, o IPCA de abril deve recuar em relação à inflação cheia de março (0,56%), em 0,40%, com destaques aos grupo de alimentação a domicílio e a gasolina.
Para ela, em alimentação, os subgrupos de frutas, bebidas e infusões, tubérculos, raízes e legumes, aves e ovos e leite e derivados estão entre os que mais contribuirão para baixo na leitura.
Já em gasolina, é apontada uma nova queda, de 0,80%, após o item ter recuado 0,29% na prévia do mês. “Vemos risco altista (de 3 p.p) em relação ao que consideramos para este item, visto que, segundo nossas contas, a ANP aponta para queda menos intensa em abril de -0,10%”, afirma.
Adicionalmente, o grupo de saúde e cuidados pessoais e o item de energia elétrica também devem contribuir para uma variação menor, quando comparados com a prévia de abril.
Em saúde e cuidados pessoais, o destaque se dá ao subgrupo de higiene pessoal, especialmente perfume — que deve sair de uma alta de 2,5% na última divulgação para algo em torno de 0,8%. Na comparação com o IPCA de março, a queda no índice será ainda maior, de 0,56% para 0,40%, com praticamente os mesmos destaques de baixa.
Na parte qualitativa, é esperado recuo em ambos os núcleos de serviços subjacentes e intensivos em trabalho, de 0,55% e 0,52% para 0,50% e 0,46%, respectivamente, na comparação com a prévia do mês.
Contudo, as projeções de curto prazo apontam altas de 0,34% para o IPCA de maio de 0,37% para o de junho.
“Para o ano de 2025, a nossa projeção de inflação é de 5,50%, com balanço de riscos baixista em razão da possibilidade de queda de gasolina no curto prazo, enquanto para 2026 temos 4,50%, cujos riscos são predominantemente altistas, com cenário de alimentação e atividade econômica mais fortes”, finaliza.
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