IPCA: Inflação de agosto deve registrar 1º resultado negativo em um ano, mas alívio deve ser temporário

A inflação de agosto deve registrar o primeiro resultado negativo em um ano. A última vez que o indicador apontou deflação foi em agosto de 2024, quando caiu 0,02%.
A expectativa é de que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) — a ser divulgado na quarta-feira (10) — recue 0,16% no mês e acumule alta de 5,09% em 12 meses, segundo a mediana das projeções coletadas pelo BroadCast.
Segundo Luciano Costa, economista-chefe da Monte Bravo, a leitura de agosto será beneficiada por fatores temporários e deve ser revertida já em setembro.
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Entre os elementos que contribuem para o recuo estão a redução da tarifa de energia elétrica com o bônus de Itaipu, a queda dos preços de alimentos e a redução no valor de automóveis novos, devido à isenção do Imposto sobre produtos industrializado (IPI) do Programa Carro Sustentável.
Esses movimentos, no entanto, serão parcialmente compensados pela cobrança da bandeira vermelha 2 nas contas de energia, além da alta em itens de vestuário e educação.
Os núcleos de inflação devem permanecer “bem-comportados”, com a média em 12 meses subindo 5,1%.
O núcleo de serviços deve avançar 0,3% em agosto, puxado por alimentação fora de casa, serviços de reparos e aluguéis. Em termos anuais, a expectativa é de alta de 6,7%, sinalizando resiliência da inflação nesse segmento.
Costa avalia que, embora choques nos preços de alimentos e na taxa de câmbio tendam a se reverter, as medidas subjacentes seguem indicando que o processo de desinflação exige manutenção da política monetária restritiva até o fim do ano.
“Apesar da deflação da inflação cheia, os núcleos e o segmento de serviços continuam acima da meta de 3%”, afirma.
Na mesma linha, o Daycoval avalia que a leitura mais benigna do IPCA em agosto não deve alterar o cenário para a Selic, que deve permanecer em 15% até o fim de 2025.
“Os serviços subjacentes, embora tenham mostrado arrefecimento nas últimas leituras, seguem em patamar elevado”, aponta o banco.
A expectativa da instituição é de que a inflação encerre 2025 em 4,9%.