Money Times Entrevista

IPCA+7% é ‘surreal’ diz estrategista-chefe do Inter; é hora de aproveitar o ‘exagero’ do mercado?

30 out 2024, 13:29 - atualizado em 30 out 2024, 14:08
estrategista-chefe - banco inter - Gabriela Joubert
(Imagem: Divulgação)

Neste último mês, as taxas das NTN-Bs (Tesouro IPCA+) se consolidaram em um patamar próximo aos 7%, refletindo um temor do mercado com o risco fiscal, além da preocupação com as expectativas desancoradas da inflação. Em alguns vencimentos, outubro registrou os maiores prêmios da história.

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Na avaliação de Gabriela Joubert, estrategista-chefe do Banco Inter, o prêmio dos títulos está em um patamar mais alto do que deveria. “Eu acho que existe, sim, um exagero do mercado. A situação que a gente está vendo hoje, macroeconomicamente falando, não deveria pedir juros no patamar em que estão pedindo. É surreal”.

A executiva justifica sua posição destacando os números mais altos no Produto Interno Bruto (PIB) durante o ano. A última leitura, no segundo trimestre de 2024, apontou para uma alta de 1,4%, acima das expectativas.

Além disso, ela pontua um momento saudável do mercado de trabalho o qual está com a menor taxa de desemprego para o mês de agosto em toda a série histórica e uma inflação baixa em relação ao histórico.

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Joubert relembra que taxas de juros nestes níveis só foram vistas por volta de 2016, quando houve o impeachment da então presidente da República, Dilma Rousseff. No período, a inflação disparou e chegou a 11%.

De acordo com o histórico disponível no site do Tesouro Direto, o título Tesouro IPCA+ com vencimento em 2035, que existe desde 2010, teve o seu pico histórico em janeiro de 2016, com a taxa chegando a 7,80%. Na última atualização, desta quarta-feira (30), a taxa estava em 6,78%.

A estrategista reforça, no entanto, que mesmo que a situação não seja, na avaliação dela, próxima a encontrada em 2016, não se pode dizer que não há uma preocupação. “É claro que a gente não pode falar que a inflação está ok porque aí passa aquela mensagem de que está tudo bem ela estar acima da meta e não é esse o ponto”, pondera.

O que falta para o cenário melhor?

Com o fim das Eleições Municipais, Joubert destaca que este seja o momento para o governo e a equipe econômica divulgue o pacote de medidas para a contenção dos gastos e consequentemente a melhora da percepção fiscal.

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“Se ele deseja colocar alguma medida menos populista, o momento é agora. Então, a gente pode ver esse posicionamento do governo e, a depender do que o governo colocar, o mercado pode falar se está de volta no jogo e as coisas podem melhorar”, diz.

Fernando Haddad, ministro da Fazenda, e outros integrantes da equipe econômica afirmaram anteriormente que trabalham na elaboração de um pacote para fortalecer o arcabouço fiscal, com um foco principalmente nas despesas, ponto crucial que tem abalado a confiança do mercado sobre a capacidade do governo de honrar seus compromissos fiscais.

Nesta terça-feira (29), no entanto, a notícia é de que as medidas de contenção de gastos ainda estão em análise pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e não há data para ser divulgado.

Ainda com essas medidas no radar, a estrategista do Inter faz a ressalva de que, nos primeiros meses do ano que vem, o governo deve enviar a Lei de Diretrizes Orçamentarias (LDO) para o próximo ano e a expectativa é que seja incluído os gastos vislumbrando as eleições de 2026.

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Onde investir

O especialista em renda fixa também do Banco Inter, Rafael Winalda, avalia que é o momento para aproveitar as altas taxas e se proteger. Ele entende que, utilizando o cenário base de que não existe uma “catástrofe em si” e que essas altas podem voltar ao normal no curto e média prazo, o ideal seria comprar títulos com um vencimento mais longo.

“A gente recomenda atualmente a NTN-B 2045. Se você tem estômago, se você tem horizonte para isso. Caso você não tenha, a NTN-B 2029 seria a melhor opção”, diz Winalda.

Já os prefixados, o especialista entende que não seja um produto para todos, principalmente para os que tem um perfil mais conservador. Ele explica que com as projeções mais incertas para a taxa Selic, a oportunidade neste tipo de título esta nas janelas e na marcação a mercado.

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“Tem uma janela, atualmente. Quase encostou ali nos 13% os vértices dos dois anos e isso fica muito interessante. Mas a gente recomenda uma alocação de 5% no máximo, se for um investidor um pouco mais arrojado, já que os ‘prés’ oscilam bastante”, explica.

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Jornalista formada pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, atua há 3 anos na redação e produção de conteúdos digitais no mercado financeiro. Anteriormente, trabalhou com produção audiovisual, o que a faz querer juntar suas experiências por onde for.
juliana.caveiro@moneytimes.com.br
Jornalista formada pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, atua há 3 anos na redação e produção de conteúdos digitais no mercado financeiro. Anteriormente, trabalhou com produção audiovisual, o que a faz querer juntar suas experiências por onde for.
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