Banco Central Europeu (BCE)

Recado ao BCE: melhor ser pé no chão do que anunciar estímulos maiores que o bolso

01 dez 2020, 7:27 - atualizado em 01 dez 2020, 7:37
Schnabel destacou que os juros caíram para níveis recordes por causa do auxílio monetário e fiscal (Imagem: Reuters/Ralph Orlowski)

Isabel Schnabel, do conselho executivo do Banco Central Europeu, disse que a instituição deve focar em manter as condições financeiras nos níveis atuais durante a crise, ao invés de anunciar um enorme pacote que supere as expectativas do mercado.

Pouco mais de uma semana antes da decisão de política monetária do BCE, Schnabel confirmou que é provável que haja mais ajuda, porque a pandemia será mais prolongada do que o esperado. “Isso deve se refletir em nossas decisões de políticas”, disse em entrevista na segunda-feira.

Mas ela também destacou que os juros caíram para níveis recordes por causa do auxílio monetário e fiscal, e o mais importante é sustentar essas condições até que a crise passe.

“É apropriado focar na preservação dessas condições ao invés de afrouxar muito mais”, disse. “Se for necessário fazer algo que não atenda às expectativas do mercado, temos que fazer mesmo assim.”

Economistas preveem que o BCE vai expandir seu programa de compra de títulos da pandemia de 1,35 trilhão de euros (US$ 1,6 trilhão) em cerca de 500 bilhões de euros, estendê-lo por pelo menos seis meses, até o final de 2021, e oferecer mais empréstimos de longo prazo aos bancos.

O Société Générale e o Commerzbank projetam compras extras de 600 bilhões de euros. A Bloomberg Economics prevê 450 bilhões de euros.

A presidente do BCE, Christine Lagarde, e autoridades da instituição disseram que essas ferramentas serão chave para a decisão de 10 de dezembro, sendo que um corte da taxa de depósitos, atualmente em -0,5%, é menos provável.

Os comentários de Schnabel sugerem que ela provavelmente irá defender permanecer dentro de tais expectativas quanto ao tamanho, mas estender ainda mais a duração.

Questionada se apoiaria uma extensão de 12 meses das compras de títulos, até meados de 2022, ela respondeu que essa é uma das opções que serão consideradas.

Christine Lagarde
A presidente do BCE, Christine Lagarde, e autoridades da instituição disseram que essas ferramentas serão chave para a decisão de 10 de dezembro (Imagem: Kay Nietfeld/Pool via Reuters)

Schnabel também sinalizou abertura para estender a janela – atualmente de junho de 2020 a junho de 2021 – durante a qual os bancos podem acessar a taxa de juros “extremamente favorável” de -1% para empréstimos de longo prazo. Apesar de não descartar o corte dessa taxa, ela mostrou cautela.

“Não há razão técnica para que não possa ser reduzida”, disse. “A questão é se isso é considerado apropriado.”

Schnabel, de 49 anos, é ex-economista da Universidade de Bonn e entrou no BCE neste ano, após a renúncia de Sabine Lautenschlaeger. A postura de Schnabel é vista como menos inclinada ao aperto monetário que a de seus predecessores alemães.

Como faz parte do conselho de seis membros do BCE, Schnabel ajudará a elaborar a proposta de política monetária da próxima semana. Alguns de seus colegas no Conselho do BCE podem pressionar por um programa maior de compra de títulos.

Na segunda-feira, o Fundo Monetário Internacional disse que o banco central deveria considerar todas as opções, incluindo o corte das taxas de juros novamente.

Embora Schnabel não tenha experiência anterior em bancos centrais, foi conselheira da chanceler alemã Angela Merkel e tem um longo histórico de pesquisas sobre como os sistemas financeiros lidam com grandes choques.

O avanço das vacinas tem sido mais rápido do que o esperado e aumentado o otimismo, mas Schnabel disse que os bancos centrais e governos terão de lidar com as cicatrizes econômicas por algum tempo.

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